Catarine,acorde!

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Andrew
Fiquei nervoso quando levantei e não vi mais Catarine ao meu lado. Talvez ela tivesse suas razões mas, eu sou muito mais importante do que todas elas. Me levantei e fui em direção a sua casa, subi pela árvore até chegar a janela, entretanto, minha frustração apenas aumentou.
Ela não estava lá.
Mas agora estou desesperado, ela não acorda. Tento a sacudir mas, nada adianta.
Começo a ficar com medo de perde-la.
-Catarine, Catarine, por favor, acorde! Eu te amo, me desculpa! Eu te perdoo! Acorde. CATARINE!- começo a gritar por seu nome.
-Catarine! Catarine!.- as vezes até me enrolo com meu próprio choro.
Enquanto me desespero, a porta do seu quarto abre e vejo seu padrasto com uma arma na mão e sua mãe logo atrás. Os dois observam a cena e vejo como ficam assustados com ela.
-Eu posso explicar...-digo me levantando com as mãos erguidas para que ele não atire.
-O que você fez com ela ? - a mãe dela grita.
-Eu juro, não fiz nada!
-Não minta garoto, posso atirar em você. Agora, saia de perto do corpo dela.
Assim que eu me afasto, sua mãe se aproxima e analisa seu rosto e corpo.
- Robert, meu Deus! Ele bateu muito nela. Chame a polícia e uma ambulância!
O padrasto dela pega o celular, mas sem tirar os olhos e a mira da arma de mim. Entretanto, quando ele vai digitar, eu aproveito a oportunidade e pulo pela janela.
Consigo me agarrar em um galho e desço por ele, me viro por alguns segundos e percebo que ele olha pela janela e mira em mim. Antes de esperar por algo, eu corro sem direção, apenas querendo fugir.

Narrador.
A noite já se ia quando o delegado entrou no hospital. Uma jovem de 16 anos chamada Catarine fora violentada pelo próprio namorado, o que resultou em sérias contusões e um pequeno traumautismo. Ele não havia se importado com esse caso, era da responsabilidade do departamento de defesa à mulher. Mas então, descobriu que Andrew Collin estava no meio.
Estava investigando-o a um tempo, pois pela filmagem de uma câmera de segurança, foi descoberto que o Collin foi quem matou os dois ladrões. Era óbvio que havia intenção de matar, pois na filmagem não havia nenhuma demonstração de legítima defesa.
Entrou na sala de espera aonde encontrou Robert, visivelmente abalado. Respirou fundo preparando-se para o ritual ao qual estava acostumado e sentou-se ao lado dele:
-Boa noite, Sr.Miller. Sou o delegado Michael. - Disse estendendo-lhe a mão, que logo foi retribuida com um aperto.
-Que bom que o Senhor veio, ele ainda está solto por aí. -Respondeu-o
-O Collin?
-Sim, ele mesmo.
-Será que posso lhe fazer algumas perguntas?
Robert acenou que sim com a cabeça, gostava de Catarine como filha e faria de tudo para ajudá-la.
-O que exatamente aconteceu?
Robert passou a mão nos cabelos negros e respirou profundamente para conseguir falar.
-Eu havia chegado do trabalho um poucou mais tarde aquela noite. Quando avistei minha mulher, quis fazer algo com ela. Como Catarine não estava em casa, supomos que estava na biblioteca, como sempre, e prefirimos não ligar para evitar incomodos.
Fomos a um restaurante perto de casa, não demoramos muito. Quando voltamos, ouvimos a voz de Andrew.
"Ele gritava por Catarine. Peguei minha arma de caça e invadimos o seu quarto. Foi aí que vimos a cena.
Ele estava em cima dela. Chorando e dizendo que poderia explicar. Mandei que saísse de perto dela e o mantive sob minha mira, mas quando fui ligar para a polícia, ele pulou pela janela e conseguiu fugir. "
-Entendo... Sr. Miller, o senhor sabia que Andrew Collin é procurado pela polícia?
-Como assim ?
-Suspeito de matar dois homens. Posso lhe garantir que sentiram muita dor. Principalmente um deles, que morreu no meio de uma cirurgia.
-Porque uma cirurgia?
-O sr. Collin enfiou um pé-de-cabra em suas costelas. Não era muito agradável de se ver.
Robert não sabia o que pensar, queria saber porque Catarine andava com um garoto desses, se é que ela sabia disso.
-Sr.Miller...? - disse o delegado despertando-o
-Sim ?
- Andei tendo alguns estudos sobre o Collin e me preocupa um psicótico estar a solta e...
-Psicótico? - interrompeu Robert
-Ãh, achei que soube-se. Ele tem psicose, pelo menos é o que nos disse um psicólogo da região que o atendia, apesar de ele só ter comparecido uma vez.
-Meu Deus, parece que só fica pior.
"O Senhor nem imagina o quanto." Pensou o delegado.
-Sr. Miller, preciso muito falar com Catarine.
Robert refletiu se deixaria ou não.
-Sabe delegado... Acho melhor não ser agora. Ela passou por um momento difícil e deve estar muito mal.
-Entendo... Me ligue se alguma coisa acontecer, ou se ela for liberada.
-Eu agradeço.
O delegado se retirou, depois de entregar seu cartão a Robert, e o deixou sozinho.
O homem achou melhor ir ver como Catarine estava. A havia deixado um tempo com a mãe mas, de certo modo, ele era seu pai.
Deveria estar com ela. Resolveu se levantar e seguiu em direção a sala dela.

Catarine
Abro meus olhos lentamente e vejo duas mulheres. Uma está analisando meus batimentos cardíacos enquanto a outra aplica algo na minha veia.
Tudo escurece de novo.
Vou despertando com o barulho de uma máquina
- Pi, pi, pi. -Ela fazia esse som a cada 2 segundos.
Abro meus olhos um pouco e um clarão os atinge.
Algo que me faz por a mão no rosto para amenizar o impacto causado pela luz.
Vou conseguindo me adaptar e aos poucos, percebo que estou em uma ala hospitalar. Minha mãe está dormindo em uma cadeira e a máquina, que fazia o barulho, estava monitorando os meus batimentos.
Tento me levantar mas, a dor que sinto é tão profunda que grito e desperto minha mãe.
Ela logo se levanta e pede para que eu me deite de novo.
-Querida, não faça esforço...
-O que houve, mamãe?
-Eu é que devia lhe perguntar isso. Porque não nos contou que Andrew te batia?
Fico calada.
-Catarine, eu sou sua mãe! Quero que confie em mim!
-Me desculpa.
É apenas o que consigo dizer. Ela olha no fundo dos meus olhos e então, percebo que posso chorar.
A primeira lágrima desce e vejo sua mão acariciando meus cabelos. Ela fez algo que ninguém fazia a muito tempo, me refugiou.
Desabei tudo que podia, e ela não me fez mais nenhuma pergunta.
Ficamos abraçadas até que meu padrasto entra em meu quarto.
-Amor, como você está? - me pergunta
-Acho que já estive melhor - respondo. Ele me lança um sorriso triste e depois olha para minha mãe com um rosto preocupado.
Então, vejo que estão escondendo algo de mim.
-O que houve? -Pergunto.
-Nada para se preocupar agora, querida. Apenas descanse...-fala mamãe.
Logo depois, a enfermeira entra e me enche de remédios que me fazem entrar em sono profundo.

Ciúme psicóticoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora