Capítulo 1 : Sinais Vitais

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Era para eu ter postado mais cedo, mas a luz acabou e também não estava em casa

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Era para eu ter postado mais cedo, mas a luz acabou e também não estava em casa. No entanto, fiquem agora com essa nova fanfic que veio para aquecer o coração de vocês aos sábados 🫶🏻

※ ※ ※

Escutar o barulho da máquina de sinais vitais não era tão fácil assim, se isso não fosse frequentemente, a Doutora Park não estaria reclamando. A mulher não sabia se devia se culpar pela cirurgia ter dado errado com ela no comando, ou não tem um culpado?.

Porque o paciente sabia de todos os riscos, e preferiu arriscar sua vida tentando… Ele morreu tentando.

— Marquem o horário do óbito, meia-noite e dez. — Declara e a equipe assentem e começam a anotar, logo após cobrindo o corpo.

Saindo da sala de cirurgia, a cirurgiã joga o gorro no chão, sentando-se em um banco, cobrindo as mãos com o rosto, não deixando evidente que chorava. O que era impossível, já que as lágrimas molhavam a palma das mãos, os olhos dela já estavam vermelhos e soluçava baixinho, na intenção que ninguém escutasse.

Quando escolheu ser cirurgiã cardíaca, já imaginava passar por todo esse processo, ela só não sabia que entre imaginar e viver a realidade, são coisas bem diferentes.

Alguns minutos se passam, e a cirurgiã cardíaca já não poderia ficar mais sentada, depois de uma reflexão era hora de trocar-se e avisar a família.

Avisar a família.

A parte que mais doía, ter que ver pessoas desesperadas a frente dela, pedindo que salve a vida do seu tio, pai, mãe, filha, etc. E depois de tudo, ter que voltar em meio a situação e falar que não conseguiu, é frustrante, principalmente a uma profissional renomada como ela.

Entrando no banheiro, Park tira o avental cirúrgico, a luva cirúrgica, o propé e por último o sapato privativo. Agarra na bancada do banheiro, olhando-se no espelho grande, e pergunta: “Como pude fracassar? “

A Doutora Park, aperta bem os punhos, querendo quebrar aquele vidro no banheiro, porém contém a raiva quando uma enfermeira entra. Então ela apenas passa uma água no rosto, deixando que seque ao vento. Desfaz o coque do cabelo de longos fios ruivos, e deixa solto até embaixo dos ombros.

Park anda pelos corredores gelados e frios, devido à temperatura dos ar-condicionados, checa se está tudo em perfeito estado na roupa que veste, passando a mão pelo tecido branco da blusa até a calça. Virando à direita na sala de espera, ela logo dá de cara com a família do paciente, que assim que a vêm, buscam qualquer resquício nos olhos dela de que tenha ocorrido tudo bem, mas não tinha.

— Doutora, por favor nos diga, a cirurgia ocorreu bem? — Nos olhos em um dos familiares, continham um fulgor de esperança, e como líder cirurgiã, a cirurgiã teria que expôr as cartas na mesa.

A postura da doutora ainda continuava reta, esse era um momento que ela própria tinha que passar um conforto a família, através do olhar e das palavras de conforto.

— Sinto muito — Com apenas essas palavras a família toda já entendeu, eles se confortaram em um grande abraço enquanto choravam, a família sabia dos riscos e quis impedi-lo, só que eles não controlavam a vida do paciente, todos temos livre-arbítrio.

Park presta as condolências que achou necessária e sai de cena, andando até o elevador, o momento vaga na cabeça da cirurgiã e demorará pelo menos 24 horas para esquecer.

— PORRA! — Esbraveja, socando a porta de aço inox do elevador, deixando um amassado na parte do canto, isso seria algo que o zelador averiguaria.

Assim que o elevador se abre, todos no corredor param os passos encarando-a, os pulsos da mulher estavam fechados e vermelhos, os dentes cerrados e alguns fios do cabelo bagunçados.

Ela somente desvia os olhos de quem a olhava e pisa firme até a sala dela, esse é um momento que não precisa da pena de ninguém e muito menos conforto, morrer é uma coisa natural que causa choque.

Já havia passado muitas noites incansáveis, operando, chorando, se frustrando, já devia estar acostumada, pelo menos hoje não passaria a noite em plantões, isso sim é esgotante tanto mentalmente, como fisicamente.

A cirurgiã cardíaca pega a bolsa preta prada, pendurando no braço direito, saindo sem ao menos olhar para trás, e todos já estavam acostumados com o jeito dela “fechado”, apesar de Lisa sempre dizer que ela tinha que sorrir mais.

Do lado de fora, um frio a pegou, levantando os cabelos dela em uma forma brutal, fazendo até mesmo os pequenos pelos dos braços se arrepiarem, a doutora havia sido pega desprevenida.

A mulher ainda sentia o ar fresco da noite, e um cheiro úmido também, olhando para o carro dela, viu pequenas gotas descendo pelo retrovisor e a cobertura vermelha de tinta do carro, ficou tanto tempo trancafiada naquela sala de cirurgia que nem mesmo escutou o barulho da chuva.

O asfalto continuava molhado, indicando que o temporal havia parado há pouco tempo. Park entrou no carro e confortou-se no banco, abrindo a janela somente na metade e dando partida.

Dirigia com cuidado para que o pneu não derrapasse na estrada molhada, passando pelo Rio Han, a ponte estava bem iluminada, e somente na metade do caminho percebeu um grande fluxo de carro.

As lojas todas abertas, e as pessoas todas nas ruas, sendo iluminadas pelas luzes amarelas, não deixando nem que a chuva as trancafiassem dentro de suas casas.

A cirurgiã desvirou a chave para desligar o motor e puxou o freio de mão, batendo a porta do carro e pegando o elevador para subir até o décimo quinto andar, a vista continua sendo a mesma de sempre, desde quando se mudou…

Abriu a porta do apartamento, sendo recebida por Hank abanando o rabo para ela, o cachorro nunca perdia essa mania, e ficava cada vez animado todos os dias que via sua dona.

— Oi, Hank — Park fala, passando a mão pelo macio do animal, e em resposta ele lambe o rosto da cirurgiã, fazendo-a sorrir pela primeira vez naquele dia.

A doutora joga a bolsa no estofado cor de vinho que dava um contrate, as paredes pintadas de branco e as grandes janelas de vidro, tornando a sala mais escura.

Acendendo a luz e olhando a mesa da porta, a mulher parada encarando o retrato, moldurado por uma moldura velha, que já estava na hora de trocar. Abrindo a gaveta logo abaixo, ela pega um, porta retrato de vidro, tirando a foto da criança sorridente e colocando na outra moldura.

— Você faz falta — Sussurra, e Hank se deita aos pés dela, colocando a cabeça sobre a pata, soltando um gemido agudo. — Ela ainda está entre nós — Park, declara, e o cachorro solta um latido a afirmação.

A cirurgiã abre uma garrafa de Soju, e tira os sapatos Adidas branco jogando no tapete cinza da sala. Essa seria mais uma noite que ela dormiria no sofá, pois provavelmente ficaria bêbada demais para chegar a cama.

Coração Batendo - ChaennieWhere stories live. Discover now