Vendetta

XLIV

Horas depois......

- Como ele está ? - Verônica questiona a Said

- Foi levado para a sala de cirurgias  Dona Verônica, após isto ainda não tenho notícias - Said estava cabisbaixo o olhar abatido e a expressão preocupada entregavam o estado crítico de Gregório.

- Said eu quero estar preparada para ouvir o que os médicos vão dizer ao sair daquela sala - Verônica o olha interrogativa - não me esconda nada sobre o meu filho

- Ele perdeu muito sangue senhora, os médicos não disseram muita coisa, apenas que era um quadro complicado - ele não consegue manter o olhar em Verônica

- Said consigo ler em sua expressão facial que meu filho talvez não saia daquela sala de cirurgias com vida. - ela fecha os olhos e suas lágrimas descem de sua face - Deus meu não permita que  Antenor tenha conseguido o que queria,  levar mais um de meus filhos para o túmulo.

Said não consegue responder, apenas abraça Verônica de uma forma acolhedora, mesmo sendo uma pessoa forte, perder os dois filhos em tão pouco tempo seria um golpe muito duro até para ela.

- Said como estão meu neto e a mãe dele ? Eles sobreviveram ? - Verônica limpa as lágrimas e desfaz o abraço

- A senhora Luna estava machucada e muito  nervosa, foi medicada e está sedada em um dos quartos.

- Está tudo bem com o bebê? - ela questiona aflita

- Sim senhora, eu a acompanhei durante os exames, ela e o bebê seguem bem

Verônica chora silenciosamente se Gregorio a deixasse haveria um pedaço seu para sempre ao seu lado, assim como Fred era a herança de Demétrio.

- Me leve até ela - ela diz a Said

Luna abriu os olhos e observou a sala do hospital, havia uma mulher a sua frente que ela logo identificou como sendo a sogra

- Luna como se sente ? - Verônica caminha até ela

- Verônica, neste momento não importa como eu me sinto - ela faz um pequeno esforço para se sentar - como está Gregório ? - ela pensa no marido ferido e teme por sua vida

- Ele segue em cirurgia, ainda não sabemos o seu estado

- Eu queria poder voltar no tempo e ter impedido tudo isto de acontecer - ela fecha os olhos - Se eu não tivesse vindo para a vida de vocês nada disto estaria acontecendo - o olhar dela e triste e distante

- Você não seria capaz de impedir isto  Luna, o destino estava traçado.  Você foi enviada parava vida de Gregório, estava escrito. Agora resta saber se  foi enviada para ser a morte ou a salvação do meu filho. - ela segura a mão de Luna com força

- Eu nunca...

- Shiiii, me deixe concluir - Verônica a acaricia os dedos-  Você é só uma menina terrivelmente amedrontada pelas circunstâncias e os rumos que sua vida levou. Você não estava preparada para um casamento, muito menos em uma família como a nossa. Eu errei com você, fui rude demais para entender que só queria ter o seu filho em paz, longe de toda a podridão que nos assola.

Luna percebe as lágrimas caindo dos olhos de Verônica, ela mostrava uma fragilidade que até então nunca havia visto

- Eu não poderia ter sido tão cruel com uma menina tão jovem, logo eu que sofri todos os presságios do diabo quando tinha a sua idade- Verônica limpa mais uma lágrima - eu que já perdi um filho para esta maldita mafia, como fui capaz de condenar uma mãe por não querer sofrer a mesma perda ? 

- Verônica, eu sinto muito por tudo isto - Luna a abraça e as duas choram juntas.

- Você é apenas uma menina Luna, indefesa e inexperiente lutando para sobreviver entre os leões, são tantas emoções misturadas que se tornaram uma bomba relógio quando foram  acionadas da maneira errada.

- Eu não queria que nada disto estivesse acontecendo - Luna se derrama em lágrimas - Eu só queria um lugar tranquilo onde meu bebê não estivesse sobre constante ameças, eu tive tanto medo de perder meu filho

- Eu sei, eu também não queria que nenhuma de nós duas estivesse aqui neste hospital agora, mas aqui nos estamos  - Verônica se afasta um pouco de Luna - Eu queria que seja forte, não importa o que aconteça, você precisa estar bem para receber o seu filho que em breve irá chegar.

Ela caminhou até a porta e deixou o quarto

Uma enfermeira adentrou o ambiente e aferiu a pressão de Luna

- como se sente ? -

- estou bem, só um pouco preocupada com meu marido, você consegue me dizer se a cirurgia já se encerrou ou  como ele está ?

- Infelizmente não tenho nenhuma notícia, tente descansar um pouco, logo ele estará bem.

- Eu já estou liberada ? Posso ir ?

- O Dr. Precisava vir ver como você está, ele não demora a passar, por enquanto só tente descansar

- Tem um rapaz no setor onde meu marido está sendo operado, o nome dele é Said. Você pode pedir a ele para vir até aqui? - Luna segura o braço da enfermeira

- Claro, não se preocupe  pedirei a ele.

Luna estava angustiada seus pensamentos estavam todos voltados para Gregório, se sentiu perdida como se nada que tivesse vivido até naquele momento fosse o suficiente para a manter viva sem Gregório.

Se arrependeu de cada segundo que passou longe dele, quando tudo que queria era sentir o abraço daquele homem naquele instante

Ela fechou os olhos se recordando de todos os momentos vividos e apreciados pelos dois

- Eu te amo Gregorio, amo tanto que chega a doer  - ela deixa suas lágrimas caírem

Verônica caminhou pelo corredor do hospital, se lembrou da morte do marido, o corpo de Demétrio sendo enterrado e a última vez que tinha estado com Gregorio.

"Este era o preço"

As palavras de seu falecido e odiado avó bailavam em sua mente que voltou para anos atrás ....

Os pais de Verônica haviam falecido em um ataque da máfia Russa e ela e a irmã menor foram criadas pelos avos paternos.

- Eu vos declaro marido e mulher ! - o padre sela a união do homem  quarenta anos mais velho que a menina de quinze anos

Na noite de núpcias Verônica encolheu o corpo quase infantil e chorou desesperada  ao ter as roupas retiradas pelo um aliado de seu avô na máfia, que agora era o seu marido.

Sua virgindade e um casamento arranjado era o que selava o acordo entre os dois homens,

Ela se lembrou da cara de satisfação do marido ao ver a mancha de sangue sobre o lençol branco.

- Sua pureza me pertence, e de agora em diante seu corpo também - ele a beijou os lábios com gana

Após anos, chegou um momento em que ela se apaixonou por ele, talvez por carência ou medo.
Com o tempo aprendeu a lidar com os desejos dele e o dominar, foi quando se tornou a mulher forte e temida que era agora.

Ela vai em Luna a mesma menina acuada que ela havia sido a pouco mais de trinta anos atrás.