- Certo - a ruiva concordou e entrou na sala dando início as avaliações

Maria finalmente saiu deixando Natasha a sós com os jovens recrutas ansiosos. A ruiva não escolheu e nem seguiu a ordem alfabética da chamada, apenas deixou que eles escolhessem entre si para saber quem iria primeiro. E um a um ela acabou com todos eles. Uns três ou quatro até conseguiram lhe dar um certo trabalho mas nada tão extremo.

- Entra - Hill disse ao escutar alguém bater na porta de seu escritório

- Oi - Natasha saudou sem um pingo de animação na voz e então se sentou na cadeira a frente da mesa da mulher - Eu tô morta - disse e Hill mordeu o lábio inferior segurando o riso

- Avaliou todos?

- Sim, aqui está a lista - lhe entregou as duas folhas com os nomes para a mulher a sua frente - Se eu soubesse que teria que lutar com vinte e oito jovens chatos e inexperientes eu não teria me oferecido pra te ajudar - disse de cara fechada e dessa vez Maria não se aguentou - Não ri, eu tô morta - suspirou emburrada - Eles realmente conseguiram me cansar

- Já que está tão cansada, acho melhor deixarmos nosso almoço pra outro dia - Maria disse brincando mas com um tom de voz sério e se divertiu ao ver os olhos arregalados e a expressão negativa no rosto de Romanoff

- Eu tô ótima, ó - se levantou rápido da cadeira - Novinha em folha - disse com seu sorriso presunçoso - Vou só tomar um banho e passo aqui pra te buscar

Maria assentiu e viu Romanoff sair apressada pela porta

***

- Tira os pés daí - Maria disse quando Natasha escorregou no banco e esticou as pernas apoiando os pés sobre o painel do carro

- Chata - a ruiva resmungou, mais para si própria do que para a morena ouvir, tirando os pés e se sentando corretamente no banco - Você ainda não me disse a onde vamos

- Eu disse que era surpresa, lembra? - a morena questionou olhando para Natasha enquanto paravam em um sinal vermelho

Natasha suspirou e começou a mexer no rádio, parecia uma criança impaciente. Depois de mais uns dez ou doze minutos na estrada, Maria estacionou o carro em frente a um restaurante italiano simples mas aconchegante no centro da cidade.

- Chegamos - disse tirando o cinto e desligando o carro

Elas desceram do carro e entraram no estabelecimento, que não estava muito cheio, escolheram uma mesa no canto perto da enorme janela e fizeram seus pedidos. E entre algumas conversas casuais, Hill lembrou da promessa que Natasha havia lhe feito na noite anterior.

- Mas mudando de assunto, você ainda não me contou o que Barton anda falando de mim por aí - falou enquanto bebia um pouco do vinho em sua taça

- Hum, por onde devo começar? - Natasha questionou com um sorriso travesso nos lábios e Maria revirou os olhos - Na verdade ele não disse muita coisa, apenas me contou uma lenda sobre você que os recrutas contam entre si

- Que lenda? - perguntou desconfiada

- Eles dizem que você guarda os corpos dos agentes que te perturbam sob o assoalho do seu escritório - contou rindo e Maria não sabia se ria ou ficava ofendida

- Eu vou esganar aquele passarinho - disse se rendendo ao riso - E você, acreditou?

- Talvez - deu de ombros e Maria fingiu estar ofendida - O que? Eu não duvidaria se fosse verdade, você coloca medo em todo mundo quando assume a sua postura de vice diretora do mal quando chega na agência

- E o que seria a minha "postura de vice diretora do mal" exatamente? - perguntou fazendo aspas com os dedos

- Tudo o que você não está sendo aqui - disse e Hill se manteve em silêncio prestando a atenção na explicação de Romanoff - Quando você entra na agência assume uma postura militar impecável, enrijece o corpo e mantém a expressão fria e fechada, e bom, só fala o necessário com as pessoas. Não é de muitos amigos e papinhos furados - finalizou sua explicação

Maria tinha que concordar, ela era realmente tudo isso quando estava na agência e na maioria das vezes fora dela também. Mas por um momento ela não ligou para a explicação de Romanoff, sua atenção se prendeu mesmo ao fato de que Natasha a observava, pois só assim para descreve-la tão bem.

- Não gosto de admitir, mas até que tem razão - disse e viu a ruiva assentir com um sorriso convencido

- Eu sempre tenho

Maria Hill sempre foi uma pessoa fechada e de uma postura fria e impecável quando estava em ambiente de trabalho, mas ela também sabia ser alguém amigável quando estava fora dele, mesmo que já não fizesse isso a um bom tempo.

Provavelmente, aquele momento era o primeiro em muito tempo em que ela realmente estava se divertindo. Natasha era irritante, convencida, tinha um ego alto assim como o de Tony Stark - a quem Hill detestava diga-se de passagem. Mas ela também sabia ser gentil, engraçada e uma ótima companhia para um almoço.

Sem perceber, Natasha Romanoff estava trazendo o lado humano de Maria Hill de volta.

Depois de terminarem a refeição e a discussão boba sobre quem pagaria a conta, elas pegaram suas coisas e saíram do restaurante.

- Quer saber porque tenho sido sua sombra nas últimas semanas? - Maria perguntou de repente deixando Natasha surpresa, ela apenas assentiu e entrou no carro junto com a morena - O conselho pediu ao Nick uma avaliação antes de você subir oficialmente para o nível dez na agência, e ele então me pediu para fazer isso no lugar dele - disse e Natasha não parecia mais estar surpresa

- Eu imaginei que fossem fazer isso - deu de ombros, Maria suspirou aliviada, ela não sabe quando ou porque mas se pegou com medo da reação da ruiva quando ela lhe contasse a verdade - Mas porque me subir direto para o nível dez e pular etapas?

- Você é a Viúva Negra, não precisa de mais treinamentos - Maria disse como se fosse óbvio e deu partida no carro

- E então, eu passei na sua avaliação? - Natasha perguntou ligando o rádio novamente

- Não fica se achando, mas você já tinha passado antes mesmo de eu começar a te avaliar - Maria disse e viu um sorriso presunçoso brotar nos lábios de Natasha, naquele momento ela se xingou mentalmente por ter aberto a boca - Eu sempre achei isso uma perda de tempo - disse antes que a ruiva pudesse fazer um de seus comentários engraçadinhos - Mas eu tive que fazer para preencher os relatórios, ainda bem que já acabou

- Não vou ter mais você na minha cola? Fiquei triste agora - comentou fingindo desapontamento e a morena riu

- Mas antes de receber as novas credenciais, você tem uma missão com o Barton nos próximos dias

- Finalmente, tava entediada já. A onde vai ser dessa vez?

- Budapeste

- Budapest - Natasha repetiu mudando um pouco a pronúncia

- O que? - Maria perguntou confusa, sem tirar os olhos da estrada

- Budapest - repetiu - É assim que se pronuncia - disse e viu a morena revirar os olhos

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Me deixem saber o que estão achando!

Até o próximo capítulo!

Segunda Chance | BlackHillWhere stories live. Discover now