O marceneiro Geppetto vê uma estrela cadente e deseja que o boneco que acabou de criar, Pinóquio, torne-se um menino de verdade. A Fada Azul concede o seu desejo e pede a Jiminy Cricket (o grilo) para servir como a consciência do menino de madeira.
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Pinóquio e Grilo correram por entre rochas pontiagudas. Ouviam os gritos do cocheiro logo atrás deles, assim como o estalo do chicote. Olhando por cima do ombro, Pinóquio viu que as criaturas lamacentas corriam de quatro enquanto o cocheiro se equilibrava nas costas delas, um pé sobre cada um.
— Não deixem que cheguem no mar! — berrou, a voz viajando pela noite.
Pinóquio engoliu em seco e acelerou. Ao lado dele, Grilo o incentivava:
— O mar está bem ali adiante! Corre mais rápido!
Grilo não precisou falar outra vez. Os pés de Pinóquio quase voavam pelo terreno irregular. Grilo pegava carona no rabo de burro de Pinóquio. O som das ondas na praia ficava mais alto. Pinóquio deu um grito e parou de repente na beira de um penhasco. Girou os braços feito um moinho para não cair.
— Estamos sem saída — disse Grilo.
Pinóquio olhou o mar abaixo, depois para o cocheiro que se aproximava. Balançou a cabeça.
— Não estamos, não! — falou. — Podemos pular!
— Pular? — choramingou Grilo.
Pinóquio assentiu. Então, mesmo diante dos protestos de Grilo, saltou da beirada. Despencavam pelo ar enquanto o cocheiro gritava, furioso por perder os lucros que um burro de madeira lhe daria. Um momento depois, atingiram a água. Pinóquio afundou por apenas um segundo antes de retornar à superfície. Grilo, que havia se soltado da cauda durante a queda, flutuou com ajuda de seu fiel guarda-chuva, e pousou na cabeça de Pinóquio.
— Alguém deixou um barril de sal cair nesta água — disse Pinóquio, cuspindo.
— É o mar, Pinoquito! — explicou Grilo. — A água do mar é salgada… Sempre foi.
— Sério? — Pinóquio estava assombrado. — Por quê? Grilo deu de ombros. Para essa pergunta, não tinha resposta. E tinham coisas mais importantes a fazer: como nadar para o mais longe possível da Ilha dos Prazeres. Rapidamente, Grilo ensinou a Pinóquio os fundamentos básicos da natação. Quando tinha certeza de que o menino daria conta, assentiu.
— Vamos sair daqui. — Já tinham escapado de um perigo ao fugir da ilha, mas isso não significava que não haveria outros. — Não queremos encontrar o Monstro.
— Quem é Monstro? — Pinóquio perguntou enquanto batia os pés como duas hélices.
— Uma fera do mar — respondeu Grilo. — Ela dorme na superfície da água… É tão grande que parece uma ilha. E pode engolir uma fragata de três mastros numa bocada só.
