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Tattoo

por chogiyeol_

Chanyeol tentava, falhando miseravelmente, segurar a risada que insistia em escapar dos seus lábios. Estava dividido entre achar a cena à sua frente adorável e/ou engraçada. Baekhyun, seu namorado, havia ido lhe buscar como o combinado, já que havia acabado de fazer — mais — uma tatuagem nova, desta vez na panturrilha. 

O “problema” não era o fato do ômega ter ido lhe buscar, jamais. E sim seu novo vício, motos. Desde que o Park ensinou-o a pilotar sua Kawasaki Vulcan S, no caso de emergências, o Byun ficou louco para ter sua habilitação, conseguindo facilmente — afinal, já sabia como pilotar o veículo. A partir daí, o casal sempre revezava o uso da mesma, como agora, que Baekhyun saía do mercado e buscava o alfa por ser caminho.

O fato era que: Baekhyun tinha uma estatura pequena, em outras palavras, pequenino, baixinho, pitico. Isso em comparação à grande estrutura da moto fazia Chanyeol segurar a vontade de gritar para os quatros ventos o quão fodidamente fofo seu ômega conseguia ser. Os pezinhos — que tinham as unhas coloridas de um amarelo bem suave — mal alcançavam os pedais e o mais velho queria chorar!

Se cumprimentaram com palavras curtas e beijos longos. Posteriormente, o menor subiu no veículo, sendo imitado pelo Park, e deu partida, tendo como destino o apê deles. 

Ao chegarem, tiraram os sapatos e trocaram de roupa, colocando outras mais confortáveis. Baekhyun usava somente um moletom lilás do alfa, que o cobria até a altura das coxas roliças e escondia as mãozinhas bem cuidadas. Já Chanyeol optou apenas por um short gasto qualquer, dizendo estar com calor. Era tarde, o sol em começava a se pôr, prestes a dar lugar para a lua; seus raios estavam mornos, aquecendo Seul vagarosamente, e alguns destes entravam pelas janelas do apartamento, deixando-o com uma coloração alaranjada, que, quando refletida na pele bronzeada do ômega, novamente fazia o mais alto querer chorar por estar diante tanta beleza. E mais, ele era o ser mais sortudo — arriscava dizer do mundo — possível por ter Baekhyun ao seu lado.

— Doeu, Channie? — mudando do assunto anterior, que era sobre a possível adoção de um pet, viu a expressão confusa do namorado e continuou: — A tatuagem, amor. O que foi dessa vez?

— Ah… talvez seja porque já estou acostumado, mas não doeu. Claro que existe um incômodo, algo como picadas, porém suportáveis — virou de frente para o parceiro no sofá, colocando a perna esquerda sobre as coxas desnudas. — É uma bússola.

Dedilhando lentamente, como se tivesse medo de machucar o maior, o que realmente tinha, contornou as linhas da pele sobressaltada, prestando atenção e visualizando melhor o desenho. No centro de tudo, havia a bússola, dentro da mesma continha uma rosa dos ventos muito bem desenhada, com um sombreamento profissional que dava a impressão de algo 3D. Mais em cima, montanhas se espalhavam pela pele, enquanto nos lados esquerdo e direito pinheiros faziam par com pequenos rochedos e pássaros, mais embaixo possuía um rio, e todo aquele conjunto passava um ar de bosque, uma floresta. Tudo sem cores, como Chanyeol preferia.

— Eu queria ter essa coragem… — fez um beicinho manhoso ao que brincava de contornar a tatuagem.

— Se quiser fazer uma, sabe que eu te apoio, bebê — bagunçou os fios rosados do mais novo. — Mas você não notou nada de diferente?

Tombando a cabeça para o lado, consequentemente fazendo a franjinha cobrir os olhos castanhos em um ato adorável, se perguntou o que lhe tinha passado despercebido. Olhou novamente e riu emocionado ao finalmente entender.

Ao invés dos pontos cardeais, N(orth), E(ast), S(outh) e W(est), as letras — na mesma ordem citada — haviam sido substituídas por, B, B, H e um coração. Era óbvio que BBH era um acrônimo para seu nome. Com sua curiosidade característica, perguntou:

— Qual é o significado, alfa? — gentilmente retirou a perna de seu colo, pondo-a para baixo e indo até o colo do maior, que prontamente o envolveu em seus braços largos.

— Bom, é óbvio que a função da bússola é guiar, ela sempre irá te dar um Norte — Baekhyun assentiu, era algo básico. — E eu com toda a convicção do mundo posso dizer que você é a minha bússola, Bae. Quem me guia. A floresta representa a minha própria mente, onde eu adentrava sem rumo até me perder e me afundar cada vez mais. Isso até um certo ômega baixinho aparecer e me guiar para fora, me mostrar o Norte — passou os dedos calejados pelas bochechas gordinhas do Byun em um carinho suave antes de aproximar os lábios e selar a boca com gosto de morango. — Você é a minha direção, só preciso te seguir para alcançar qualquer coisa que quiser.

Mordendo o lábio inferior, que estava  trêmulo e indicava um possível choro, respirou fundo.

— Alfa bobo, quer me fazer chorar? — foi uma pergunta retórica, e quando menos percebeu, já derrubava algumas poucas lágrimas que eram enxugadas pelo Park.

— Shh, amor. Gostou da surpresa? — riu fracamente antes de espalhar vários beijinhos pela face do menor, em um tentativa de escapar dos tapas que ele queria lhe dar por ser tão cara de pau.

— Seu… seu! Quem te deu o direito de ser tão perfeito assim, Park Chanyeol?

— Talvez a convivência com o serzinho mais lindo, gentil, chorão e fofo tenha me feito assim — deu de ombros, apertando a ponta do nariz vermelhinho pelo choro.

— Essa é a minha mais nova tatuagem favorita! — bateu palmas animados, como uma criança que ganhava um doce. — Muito especial.

— É? Não importa quantas eu faça, a minha favorita ainda será essa — levou a mão direita para próxima do rosto do ômega, abaixando todos os dedos com exceção do médio, mostrando o desenho que havia ali.

Uma borboleta simetricamente pela metade, a asa com uma coloração preta; esta fazia par com a outra metade, uma asa branca. A marca de soulmates. Juntas, formavam uma borboleta completa com asas de cores diferentes, algo como um ying e yang só deles. Porque assim como a marca se completamente perfeitamente, o mesmo acontecia com Chanyeol e Baekhyun, duas pessoas totalmente diferentes (como o preto e o branco) que se encaixam impecavelmente.

— Sua lábia é algo admirável, Chanyeol — o abraçou, amando a sensação de segurança que apenas sentia nos braços do Park, que o seguravam por inteiro e transmitiam um calor indescritível. Levou o rosto até o pescoço do namorado e descansou a cabeça perto da glândula aromática do mesmo, inalando seu cheiro amadeirado, que tinha notas como eucalipto e sândalo, quente e intenso como o próprio dono.

— Certo, certo. O que acha de vermos um filme enquanto comemos aquela pipoca gordurosa que só você sabe fazer? — pegou uma almofada para se defender do pequeno ômega raivoso, aproveitando quando ele foi em direção à cozinha e deu um tapa nas nádegas cobertas. 

— Ei!

— Ei! — afinou a voz e imitou o mais novo, antes de dar a língua e ligar a TV, buscando algo interessante.

Olhou mais uma vez a tatuagem em seu dedo e discretamente a beijou, sorrindo ao sentir a formigação típica da área. No final de tudo não importava que seu corpo fosse coberto de desenhos permanentes, pois a tattoo que realmente importava para si era aquela que comprovava que sua alma era ligada eternamente à de Baekhyun.


TattooWhere stories live. Discover now