Hanma olhou para os cinco homens parados lado a lado, todos com posturas altivas e ai mesmo tempo desinteressadas. O que mais chamava atenção, no entanto, era Imperador. Parado com os braços cruzados atrás do comandante da Black Dragons, evidenciand...
— Cabelos claros ou escuros? — Takemichi prosseguiu após anotar a resposta. Shinihciro apontando para o seu próprio em resposta — Pessoas mais delicadas ou brutas?
— Brutas. Nós dois — Shinichiro não deu chance de Takemichi retrucar, o que ele faria — Próxima.
— Anjinhas ou fora da lei? — Takemichi já havia respondido antes de ler. Fora da lei para os dois. Logo folheou o caderno e o abaixou mirando Shinichiro — Shiro, por que as perguntas são sobre coisas que você gosta em alguém como namorada?
— Como assim? Claro que não deve ser — O Sano parou por uns momentos, pensando sobre, mas logo concluiu que devia estar certo.
— Motos ou carros? Gosta de tatuagem ou cicatriz? Qual tipo de corpo te atrai? Beijo lento ou rápido? Piquenique ou restaurante?
— Ok, eu entendi Genko! — Shinichiro colocou a mão na boca de Takemichi, a sujando de preto. Ele suspirou antes de se voltar as peças. Já havia começado a responder e devia terminar — Obviamente motos. Sim, tanto de tatuagem quanto de cicatriz. Mais músculos que eu, alguém precisa ser forte no relacionamento. Beijo rápido e piquenique.
— Eu acho que prefiro beijo lento e um corpo definido, e restaurante — Takemichi murmurou enquanto escrevia as respostas do outro, mas Shinichiro não o escutou, se fez não deu atenção.
[...]
Yokohama, Japão - 04 de setembro de 1996.
— Shiro? — Takemichi chamou quando estavam quase dormindo.
Havia adquirido o hábito de visitar a praia no mesmo mês que conheceram Wamai no ano anterior. Ambos iam até a costa um pouco distante, atravessando todo o trânsito até Yokohama e vendo as ondas quebrarem na areia e rochas dispostas por toda a extensão que enxergavam. Encarar a vastidão azul escuro da noite e do oceano se encontrando e se unindo por horas - até mesmo adormecer por ali algumas vezes, era calmante aos corpos e mentes.
— O que foi Genko? — Shinichiro não abriu os olhos, deitado na areia e tendo seu braço usado de travesseiro pelo mais novo.
Não falavam quando estava ali, já que vinham quando precisavam pensar. Tanto Shinichiro quanto Takemichi geralmente estavam nublados em seus próprios pensamentos e sentimentos ao estar com os pés enterrados na areia. A conversa quase sempre se tornando inútil, desnecessária. Sendo confinados ali pelo som da natureza.
— Quando você respondeu aquelas perguntas mais cedo, estava pensando em alguém?
Shinichiro apertou ainda mais as pálpebras. Caralho, como Genko podia ser tão assertivo as vezes? O motivo dele querer vir ao mar hoje era justamente essas perguntas e as respostas que saíram tão natural e automaticamente de sua boca. Não havia pensado em ninguém, não. Mas sendo específico não havia sequer pensado. Então o que falou ficou passando em looping por sua mente o tirando a concentração da moto que montava para Takemichi, um peso estranho em seu estômago ao lembrar das garotas que havia tentado algo - e levado um fora épico.
Cinco mulheres, de sua idade ou do ano abaixo que o seu. Todas com olhos azuis, alguma cicatriz visível, cabelos escuros e com uma personalidade forte e agir bruto. Três delas lésbicas - o que Takeomi disse estar óbvio e nem saber por que ele tentou. Outras duas que havia conseguido passar cantadas tão horríveis que serviram apenas para Takeomi rir de sua cara. Shinichiro não sabia o que acontecia, pensava em como chegar na garota de modo bom, leve. Mas era apenas se aproximar e seu cérebro parecia lhe trair e estragar tudo.
— Eu não tinha ninguém em mente — Disse por fim — Você tinha?
— Não. Mas sei o que acho bonito mesmo assim. E imagino que vá querer saborear muito a pessoa com quem estiver futuramente — Takemichi se virou, passando braço sobre seu tronco e jogando a perna em sua coxa — Mas você já imaginou? Qual o sabor que a boca de alguém específico teria? Eu fico pensando as vezes se os romances que mamãe lê são reais e eu vou gostar tanto de alguém que vou o deixar livre para o ver feliz. E se alguém faria o mesmo por mim.
— Acho que sim Genko. Esses romances não devem ter sido tirados do nada. Além disso, seus pais e avôs têm uma história desse tipo, não é? — Shinichiro abraçou Takemichi — Espero que eu não siga os dramas que eu gosto. Onde os sentimentos estão óbvios mais nenhum dos dois consegue notar, aí algo trágico tem que acontecer para eles pensarem sobre se amarem e ainda assim não ficam juntos até uma segunda quase morte.
— Se for assim, espero que eu também não participe de um clichê onde o casal só precisa se sentar e conversar sobre seus sentimentos para tudo dar certo, mas não fazem — Takemichi riu.
Eles adormeceram poucos minutos depois.
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