Vinho, dança e provocações

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— Você mora sozinha?

Perguntei enquanto olhava as diversas fotos penduradas na parede e ela apenas assentiu. Sua casa era pequena, mas bastante bonita e acolhedora; as paredes eram pintadas em tom de verde com detalhes brancos em gesso; tinha vários livros na estante da sala e algumas pinturas feitas por ela na parede. Ela sorriu enquanto me observava e por fim comentou:

— Me mudei para Seul para fazer enfermagem. No início era só porque queria estudar longe. Ter algum tipo de independência, sabe? Mas depois, me apaixonei pela Coréia. Um país tão lindo e uma cultura tão bonita, mas confesso que as vezes sinto falta de casa. — Sorri ao ver sua expressão animada e seus olhos castanhos se iluminam — Sinto falta da minha familia. Mas também sinto falta da comida. A comida brasileira é muito boa. Eu amo meu país, o Brasil é lindo. Mas eu gosto mais daqui. Acho que sou uma brasileira com coração coreano!

— Então vai morar aqui? — Ela diminuiu seu sorriso e seu olhar ficou distante por alguns segundos.

— Não. Não vou. Infelizmente as coisas nem sempre saem como queremos, meu sonho sempre foi vir para a Coréia e quem sabe até morar aqui — Ela me lança um sorriso amarelo e desvia o olhar — Mas como te disse eu sempre acordo na melhor parte dos meus sonhos.

— Então, quando você vai voltar?

— Quando terminar o estágio. Dentro de duas semanas — Ela diz por fim e eu sinto meu estômago revirar.

Paola iria embora.

— E pretende voltar?

— Quem sabe dentro de dois anos — Ela sorri. E eu não consigo conter o sorriso também ao perceber sua pequena indireta. Ficamos conversando por algum tempo, ela me contou sobre seu amor pela arte e pela enfermagem; contou sobre seus planos pós estágio e principalmente sobre a ideia de criar o mangá que havia me dado. E eu lhe contei sobre meus problemas de insônia, minhas inseguranças e a minha ida até Daegu.

— Então, a viagem não foi boa? Pensei que seus pais fossem orgulhosos por você ser um Idol. Você é incrível!

— Eles têm orgulho. Para ser sincero, eles sentem muito orgulho de mim. O problema é que eles sabem o quanto é difícil ser um Idol, regras, fãs, haters, horas de ensaios, noites mal dormidas, cansaço e o medo constante de nunca ser bom o suficiente. Porque um passo em falso e tudo que você construiu se desmorona. Aqui e lá fora eu sei que sou bastante conhecido, muitos acham que essa vida é maravilhosa.

— E não é?

— É doloroso ser um Idol, Paola — Senti meu corpo ficar tenso — Para a empresa eu não sou um ser humano, sou apenas um objeto que traz lucro. Para algumas armys eu não sou um homem, eu sou um menino inocente. E para mim … no momento eu nem sei o que sou. Eu não me reconheço mais, por isso quando li seu mangá e li sua carta fiquei instigado a te conhecer, você viu um lado meu que eu não consigo mais enxergar em mim. Eu sinceramente me sinto tão esgotado, tão cansado de me sentir sozinho … — A olhei surpreso ao sentir a mesma passar os braços em torno de mim me abraçando forte.

— Você é um homem incrivelmente talentoso, Min Yoongi. Nunca duvide disso, nunca! — Ela me envolve no abraço me apertando ainda mais me confortando. Apenas retribuo — Caso duvide, lembre que você tem as armys. Todas te amam muito, aliás, amam tanto que sempre tem uma que te pede em casamento. "Yoongi, marry me!" – Ela diz com uma voz fina rindo e fazendo aspas com os dedos.

— Se for a mesma quem sabe um dia eu aceito e me caso com ela.

— Vai me trair? Eu não namoro por sua causa. Cadê a responsabilidade afetiva? Vou querer uma indenização.

— Minha culpa?

— Quem vive dizendo para as armys não se casarem? Hum?

— Isso não quer dizer nada.

— Aigoo! — Ela murmura indignada e cruza os braços.

— Hm? Você foi pedida em namoro ou casamento? — Pergunto baixo e ela me olha dando um sorriso constrangido.

— Não, ninguém me quer. Fora que sou estudante de enfermagem. — A olho confuso e a mesma rola os olhos como se o que havia dito já fosse óbvio — Estudantes da área da saúde não tem vida. Eu mal tenho tempo de dormir, imagina ter um relacionamento?

— Justo — Ri baixo e olhei para ela — Então ser estudante de enfermagem e ser um Idol é quase igual? — Ela assentiu.

— A única diferença é só na conta bancária — Ela ri.

Que sorriso lindo.

Paola se levanta do sofá e vai até a cozinha, voltando minutos depois  segurando duas taças com vinho e me oferece uma. Ela caminha até um pequeno aparelho de som e coloca uma música lenta para tocar, bebemos vinho enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias até que ela resolve me chamar para dançar.

— Vamos iniciar seu segundo sonho? — Brinquei com a voz em tom baixo próximo ao seu ouvido assim que a puxei pela mão a aproximando mais perto de mim e ela sorriu.

— Não seria uma má ideia.

Ficamos dançando abraçados em silêncio. E pela primeira vez em meio ao silêncio minha mente ficou tranquila e meus pensamentos cessaram me deixando aproveitar aquele momento e a companhia de Paola.

Aperto seu corpo contra o meu ao sentir sua respiração quente batendo contra meu pescoço e sinto meu corpo inteiro se arrepiar, dou um sorriso ao sentir seus lábios carnudos depositarem leves beijos por minha pele entre o meu pescoço e meu ombro.

Senti minha respiração ficando tensa e alterada, soltei um gemido baixo ao senti-la beijando e mordendo levemente o lóbulo da minha orelha. Ela sorriu e segurou meus cabelos e em seguida minha nuca me puxando devagar para me fazer olha-lá.

Minha pele estava ficando cada vez mais quente. E meus pensamentos mais obscuros e maliciosos estavam invadindo minha mente, ela se aproximou tocando seus lábios nos meus e se afastou.

Ficamos nos olhando fixamente, seus olhos castanhos encarando fundo nos meus, senti sua mão deslizando por meu abdômen enquanto meu polegar passeava brincando com seus lábios, sorri e ela me retribuiu o sorriso.

Me aproximei de seu rosto e a beijei agarrando-a pela cintura a tomando para mim em um abraço. A guiei até o sofá e a deitei ali devagar, olhei fundo em seus olhos pois se ela não me parasse ou dissesse não, eu sabia o que iria acontecer.

You And Me | MYGWhere stories live. Discover now