Gotas de Ayil

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Gael olhou assustado para o frágil corpo, seus olhos brilhavam com ódio, aquela flecha...
- Brock... O que você fez homem tolo?
Vucan não pode deixar de ouvir as palavras aflitas do amado.
- O que está dizendo Gael?
Perguntou ele assustado, relutante com as atenções voltadas pra ele Gael revelou.
- A muitas primaveras, antes mesmo de minha mãe voltar para sua tribo, um homem de Haydar apareceu, ele queria terras para plantar madeira, um tipo específico, invencíveis, para guerra... Minha mãe era contra, entretanto Brock, movido pelo ouro do estranho homem, cedeu uma parte das terras para o cultivo... Essas flechas são feitas em segredo, em cavernas dentro de montanhas, armazenadas como recursos de guerra e usadas em grandes batalhas... Todo macho da tribo é obrigado a trabalhar no plantio ou fabricação, por uma ou duas estações todo ano...

Os olhos do pequeno deus estavam gélidos.

- Essa flecha foi feita por alguém nobre da tribo, alguém da minha família... - a voz dele tremeu - eu posso ter feito essa fecha... 

Vucan segurava a filha mole em seus braços, o ferimento, estancado com a lava mais forte que ele possuía, a chama do ódio por quem feriu sua doce garotinha.

- Ela vai viver? - perguntou Millael assustado

- Ela vai sofrer,  porém ela vai sobreviver - respondeu Gael - Temos pouco tempo até o efeito do veneno ser irreversível...

Os deuses olharam incrédulos para o pequeno, aquela flecha era uma sentença de morte.

- Não me de esperanças... - Suplicou Vucan

- Eu sei quem pode salvar Nemessis - Gael afirmou - existe uma flor, que o orvalho dela pode curar qualquer coisa, as gotas de Ayil...

- Essa flor não passa de um mito - Exclamou alguém.

- Os deuses também - respondeu Gael insolentemente - Para um tolo a verdade é sempre uma mentira, um mito ou uma opinião.

- Sabe onde achar essa flor? - perguntou Nakimmin preocupada

- Minha mãe sabe - respondeu Gael hesitante - eu preciso encontra-la, ela me levara até a flor... 

- Quanto tempo? - perguntou Vucan 

- Um humano teria menos de um dia - o silencio era pesado, doloroso - ela é uma deusa e tem a ajuda de um deus... Três luas, eu acho... Porém não posso dar certeza disso...

- Eu vou buscar essa maldita planta - Bradou Vucan, a dor em sua voz fez a terra tremer

- Não - disse Gael com os olhos molhados - sua chama mantem ela viva... Se você for, ela não vai sobreviver tanto tempo... Eu vou, vou até minha mãe e voltarei com as gotas de Ayil - o olhar de Vucan suplicava para que Gael ficasse - É o único jeito... Eu voltarei em segurança...

Mesmo com as palavras do pequeno, Vucan ainda estava hesitante, Millael olhando a deusa desfalecida rosnou de ódio.

- Eu vou com você se meu lord permitir - Zaifrem acentiu com a cabeça

- Eu gostaria de ir... - Thesteree ponderou - porém meus talentos sobre o tempo, assim como o de minhas irmãs será mais bem aproveitado ao lado de Nemessis... Ela não tem muito tempo...

Os olhos de Vucan queimaram, Lhuikke olhou para sua amada, que tremia, o medo de perder a preciosa filha tomou conta de Nakimmin.

- Iremos os três então - afirmou o homem ruivo - Voltarei no tempo certo dessa vez meu amor...

Lunnea olhou para o pequeno grupo, três definitivamente era um numero de sorte.

- Use os tuneis para chegar sem magia - informou Zaifrem a Millael - ou toda a aldeia saberá da chegada de vocês, os lobos sempre voltam para casa... E sua casa já não é na alcateia meu amigo...

O jovem metamorfo concordou, seu sangue corria igual prata liquida, queimando a pele e fazendo sua alma doer, porém essa dor era o que mantinha sua cabeça no lugar, o sofrimento compartilhado.


Vucan estendeu a espada para Gael, a espada que Nemessis usou, um passado recente, porém parecia tão distante agora... Palavras de despedida não foram trocadas, olhares tinham muito mais a dizer, Zaifrem abriu um túnel, os três olharam para trás uma ultima vez, antes de desaparecerem na nevoa densa...

Millael se transformou em uma fração de segundo, seu uivo ecoou pelas paredes do túnel, um lobo marrom de aparência selvagem apareceu das sombras, Millael olhou para Gael, como se esperasse que o jovem deus se movesse, Gael compreendeu e montou no grande animal, Millael parecia confortável com o peso extra em suas costas, Lhuikke se aproximou do lobo marrom e abaixou a cabeça, cumprimentando o nobre animal, o lobo bateu as patas no chão em resposta, e logo o homem seguiu o exemplo do pequeno deus e montou o lobo marrom, com um olhar para cima, Millael esperou, Gael fechou os olhos e sorriu.

- Eu consigo senti-la - sussurrou ele - é tão frágil que tenho medo de se partir...

Lhuikke olhou para o jovem deus sem entender suas palavras, metade do que o rapaz falava e fazia, não fazia sentido para o ruivo, porém nesse momento, nada disso importava.

- As cachoeiras de Radder, Murã, a cachoeira da memória, vamos para lá.

Millael assentiu e começou a correr, o lobo marrom o seguia de perto, a cada curva, a cada subida, Gael arfava, ele podia senti-la se aproximando, sua essência, seu cheiro, sua presença embalando os pensamentos do jovem deus, ele se sentia cada vez mais perto de si mesmo, porém seu coração estava pesado, a cada passo longe de seu amado, um peço se assentava em seu coração, como uma pedra, colocada em seu peito, a culpa, de estar feliz por finalmente poder ver sua mãe, as circunstâncias desse reencontro, o medo dela ter esquecido de seu "precioso menino", o medo de falhar, os sentimentos conflitantes formaram um nó tão grande no menor, que ele nem mesmo se deu conta que já estavam chegando, somente quando a escuridão fria dos tuneis foi substituída pelo calor da luz do sol, que ele percebeu onde estavam, finalmente, depois de tanto tempo apenas ouvindo histórias, lá estava elas, as cachoeiras de Radder, Murã, Jhapper e Layahi, três cachoeiras para três deusas do tempo...

Gael desmontou, seus olhos se focaram em uma mulher, cercada de crianças na cachoeira, a mulher sorria, porém, ao encontrar os olhos dele, o sorriso morreu, ela levou a mão aos lábios assustada, uma outra mulher que estava por perto, sem saber quem eram os forasteiros, afastou as crianças, Gael caminhou calmamente, sem deixar transparecer medo, alegria, ou qualquer outro sentimento que ousasse passar por sua mente imortal.

Seus passos eram firmes e calmos, tais como do deus que ele jurara amar apenas poucas luas atrás, seu corpo irradiava uma confiança e seus olhos brilhavam, ele parou, a uma distancia respeitável da mulher, seus lábios grossos se moveram devagar.

- Olá mamãe - ele disse serio - Preciso da sua ajuda.


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⏰ Última actualización: Jul 07, 2023 ⏰

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Vucan - Romance GayDonde viven las historias. Descúbrelo ahora