Destinos Ligados

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A graça no destino...

É que ele é inevitável...

Nemessis

Aquilo podia ser um sonho, ou quem sabe um pesadelo, os olhos da deusa estavam nublados, como se uma nevoa os cobrisse, o deus imponente, sentado de forma magnânima em seu trono obscuro, sorriu.

Sua mente tentava lembrar-se de todos os rostos que viu procurar alguma semelhança entre ela e algum dos homens presos, ou quem sabe ele podia estar em outro lugar?

-Sabe criança, eu até poderia lhe contar mais, porém, acho que seu pequeno amigo humano precisa de você, teremos essa conversa outra hora, eu tenho um mundo para governar e uma busca para concluir, quem sabe se as coisas forem melhores nessa caçada, não te chamo de volta...

Nemessis se sentiu aflita, ao pensar em Gael, algo em seu peito doía, como um aviso silencioso de que o mal estava à espreita, sua magia aflorou, seu corpo parecia em chamas e seus instintos, gritavam perigo.

-Millael te levará até seu amigo, espero que ele encontre o que procura e que os fantasmas do tempo não o devorem.

Dizendo isso ele desapareceu como uma sombra, o lobo, olhava para a deusa, seus pensamentos conturbados e indefinidos, não estavam ajudando em nada naquele momento, Nemessis respirou fundo, se concentrou em sentir ele, focou toda sua consciência em buscar o poder magico dele, uma mistura do poder das bênçãos de Vucan, e algo mais antigo e profundo, então Nemessis pode ver, olhos fechados, corpo suado, em um transe alucinógeno, pelo menos ele não estava ferido, seu corpo estava fisicamente bem, sua mente que era perturbada por algo antigo, perigoso e desconhecido.

A deusa olhou nos olhos do lobo e assentiu, logo, uma passagem apareceu, uma descida íngreme e escura, porém, a luz da espada não se fez necessária, pois o lobo e ela se moviam em perfeita sincronia nos tuneis, porém, aos poucos, quanto mais eles avançavam no caminho, mais lobos apareciam, era como se a alcateia inteira vivesse naquele lugar, e por onde o lobo negro passava, os outros se curvavam, em um claro sinal de respeito e devoção.

Ao chegarem a uma clareira, Nemessis reconheceu Naikara, sentada em uma pedra, com vários lobos aos seus pés, e outras várias moças, conversando pelas redondezas, a deusa sorriu pelo menos a outra humana estava bem, quando ela se virou para agradecer, o lobo que guiara já havia sumido Millael, ela se lembraria desse nome, a jovem deusa andou até Naikara, que brincava calmamente com os lobos, porém, antes de chegar nela, escutou um grito de dor, Gael, ela pensou, seu corpo gelou como nunca antes, Nemessis correu como nunca havia feito antes.

Deitado em uma cama, estava Gael, que suava e tremia, ao pegar sua mão, Nemessis notou o corpo frio e pálido, sem saber o que fazer, ela pediu, clamou ao seu pai, para que suas chamas pudessem aquecer o pequeno humano e confortar seus pensamentos.

Porém a calma de Naikara não lhe passou despercebida, Nemessis sentiu sua fúria se acender, como alguém poderia manter a calma com Gael naquele estado? Trazer a humana havia sido um erro?

Gael

O frio e o tomento cercavam o corpo magro, na sua frente, em pedaços, os tronos dos deuses, uma pilha de corpos cravados com uma única lança, entre os corpos, o seu amado, Vucan, despido da própria imortalidade, jazia morto, com o corpo transpassado e o sangue, que antes corria como magma fervente, agora era pedra endurecida sobre os outros cadáveres, um grito mudo saiu dos lábios gélidos e trêmulos do pequeno humano.

Então, um vulto de coloração azulada, o envolveu, esfriando mais ainda seu corpo, e seu coração, sua voz saia em sussurros e suas noticias não eram nada agradáveis.

Vucan - Romance GayDove le storie prendono vita. Scoprilo ora