Encontros Sobrenaturais

Criaturas Bestiais

Qual é a vantagem de se viver como um parasita? As histórias de vampiros quase todas se assemelham, são muitas as lendas que nos envolvem, cheias de glamour e benefícios, mas pensem por um instante. Qual é a serventia de uma vida sem sentido?

Porque para sobrevivermos precisamos da preciosa seiva vital que corre na veia dos humanos, seu precioso sangue. Superforça, beleza, vida-longa, riqueza. Será que tudo isso faz compensar a vida miserável que vivemos?

Bem vamos lá, resolvi roteirizar o início de minha vida e aqui está o resultado, começo me apresentando e dizendo que esta não é mais uma lenda vampira, essa é a única história verdadeirade vampiro que conheço.

Me chamo Simon e sou um sobrevivente, se é que se pode chamar assim, da peste bubônica no século XV na Europa. Um período triste e desarmônico, talvez a forma pela qual eu tenha morrido explica um pouco do meu pessimismo em relação a minha sobrevida.

Eu era um criado no castelo de Chenonceau, na França, naquele período o príncipe Francisco II havia acabado de se casar com a belíssima rainha Mary da Escócia, uma bruxa sensual e simpática. Eu era jovem e bonito, trabalhava servindo a família real. Em uma das muitas ausências do príncipe, fui chamado para atender um desejo urgente da rainha Mary, jamais em minha vida eu poderia imaginar qual era o desejo daquela bela mulher.

Assim que cheguei até o quarto, percebi a porta entreaberta e uma voz doce que dizia, entre e feche a porta. Atrás de cortinas transparentes, vislumbrei um corpo de mulher, ela logo apareceu nua e pediu que eu a acompanhasse em seu leito naquela noite. Imaginei que era o homem, mas sortudo do mundo, que delicia de tarefa e proposta, mas aquele foi o estopim para o fim de minha vida humana.

Quando estava me preparando para deixar os aposentos de Mary fui surpreendido pelo jovem príncipe Francisco II, que voltara de sua incursão fora do castelo.

Ele sacou uma espada e perguntou o que eu fazia ali, inventei uma desculpa qualquer de que viera socorrer a rainha que gritava, eu estava vestido e imaginei que poderia sair vivo da situação. Mary da Escócia foi uma atriz e tanto, entre soluços e histeria, disse que havia tido um pesadelo que confundiu com a realidade e gritou por ajuda. Assim quem eu entrara no quarto o príncipe também entrou, para ajudá-la. O futuro rei Francisco II desconfiou, mas como era um adolescente covarde e apaixonado, aceitou a desculpa e me olhando com rancor mandou que eu saísse de sua frente.

Assustado, porém feliz retornei à minha vida de criado da corte, então surgiram notícias e rumores de uma terrível doença que assolava a Europa, pessoas estavam se contaminando e morrendo aos montes, uma morte terrível. Terminavam a vida se esvaindo em sangue e sem chances de cura, após uma dolorosa, gradual e iminente morte.

O castelo se fechou, com medo do vírus se espalhar, não adiantou, um soldado voltou doente de uma das muitas frentes de batalha e espalhou o vírus. O príncipe mandou que todos os que tiveram contato com o soldado, com sintomas ou não fossem enterrados vivos nas masmorras do castelo, eu não tinha tido contato com o soldado contaminado, mas o príncipe ordenou que eu também fosse sepultado para morrer aquela morte dolorosa naquela cela imunda.

E lá eu vi, um por um, homens, mulheres, idosos e até crianças, sem chances de sobrevivência, morrendo, se esvaindo em sangue. Eu por algum motivo inexplicável não morri pelo vírus e sim de inanição e quando estava nos meus últimos segundos de vida, vislumbrei uma criatura híbrida de mulher e demônio, que me fez uma proposta.

Eu sairia dali vivo e poderia me vingar de todos que me fizeram sofrer injustamente, mas em troca eu lhe daria minha alma e dividiria o sangue de um nobre, escolhido por ela, que morreria como e quando ela desejasse, pelas minhas mãos, visto que haviam barreiras celestiais protegendo o palácio Francês de bestas como ela. Nessas horas, a gente nem pensa, faz qualquer coisa para sobreviver então aceitei.