A seguir: um texto diferente (mas nem tanto)

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Vivi o suficiente. Mais que o próprio e desprezível Freud, que dizia um monte de baboseira, tipo "a mulher não tem pipi e é triste, pois nunca terá", vivi demais, acho. Não é que considero terminar com minha vida, só que de fato poucas cosias dão tanta sensação que já chega de mundo quanto a volta requentada dos piores males já produzidos pela história da humanidade.

Eu acho que vivi demais, pois, vivi para ver um grupo de pessoas realizarem um Sieg Heil e punir quem denunciou a saudação racista. Vivi demais por que vi uma pessoa (branca claro) eleita subir numa tribuna para cometer xenofobia para defender trabalho análogo a escravidão. Vivi o suficiente por que vi o herdeiro da família escravocrata real brasileira começar uma petição para por fim ao Ministério do Trabalho, e, por consequência, exterminar os órgãos de controle, combate e punição ao trabalhador submetido ao trabalho análogo a escravidão.

Sinto demais que já chega, mas não vai parar.

Não era desse mal-estar existencial profundo que se referia nosso odioso amigo Freud no Mal Estar na Civilização, era outro tipo de mal-estar muito menos pernicioso. Um até bem menos nojento e virulento. O mal-estar freudiano me parece resultado de um certo tipo de censo que Luis Felipe de Orleans e Bragança não tem, passa longe. Um mal-estar fruto de interditos inerentes a adequação social necessária a vida complexa da contemporaneidade, julgava o autor. O ignorante nomeado, com sangue de pessoas escravizadas nas botas, no sobrenome e na herança, que recebe dinheiro de impostos como no bom e velho antigo regime imperial de 2023, não sente mal-estar civilizatório. Não sente, talvez, nada. Pois se tivesse condições para tal, estaria muito mal. Sinto eu o mal que ele não sente.

Sinto, pois, essa imundície bípede e de longo sobrenome que anda e fala como pessoa, representa e ecoa algo num grupo igualmente perverso. Ele, como seu antepassado, é marionete encarnada de algo virulento, inominável. Um trauma civilizatório, vivido e experimentado todo dia em nosso país. Que avança e deixa a impressão que vivemos muito e que não vai parar. 

Freud Já DiziaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora