Hazel

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Na manhã do dia seguinte acordei me sentindo feliz, amado, cuidado e de uma certa forma protegido. Savannah havia alcançado todas as minhas espectativas e um pouco mais, seria uma ótima mãe para o nosso filho, tinha certeza de que cresceria muito feliz e amado. Isso era muito importante dizer ao meu psicanalista.

Romanos o café da manhã próximo do edifício onde ficava o consultório, e estava com coragem de contar a ele minha maior dor e meu segredo. Era hora de quebrar isso. Assim que entramos no elevador eu segurei firme a mão de Savannah, ela me olhou com seu sorriso complacente e me deu um beijo no rosto.

- Obrigado por ter vindo comigo.

- Obrigada por ter me convidado!

Sorri para ela e as portas se abriram assim que parou no andar desejado.

Assim que passei pelas portas a secretária abriu a porta do consultório e eu e Savannah e tiramos pegando o psicanalista de surpresa.

- Jurava que iria dar uma desculpa para não vir. - Apertamos as mãos.

- depois daquele ultimato tinha que vir. - Me voltei para ela. - Está é Savannah, minha namorada e futura mãe do meu filho.

Savannah me encarou com um sorriso e estendeu a mão para o doutor.

- É um prazer conhecê-lo.

- Muito prazer, Senhorita! - Ele ofereceu o sofá para sentarmos e se sentou a nossa frente.

Apanhou o tablet e me olhou esperando que eu começasse a falar.

- Bem, Hazel! Você passou quase dois meses sem vir aqui... E entendo porque é um homem ocupado, trabalha muito e agora está com novos projetos. - Ele olhou para Savannah e sorriu. - E da ultima vez que conversamos você me disse que estava inclinado a ter um filho e eu contestei sobre isso, porque você não é claro comigo... Se esquivando das minhas perguntas. - ele se calou por um instante, respirou fundo antes de continuar. - Tem algo a dizer?

- Savannah e eu estamos planejando um filho sim, e, não é para acabar com a minha dor ou... - dei de ombros, pois aquele homem me fazia sentir vulnerável.

- Ou? - ele forçou. - Hazel! Entenda que minha preocupação é que você use essa criança para mascarar essa dor que sente dentro de você. Que prometeu em não contar a ninguém para que as pessoas conhecessem a verdade. Vou reforçar aqui novamente que, eu como seu psicanalista tenho o dever de manter as nossas sessões em sigilo, compreende?

- Claro. - disse sentindo minhas mãos suarem.

- Uma criança precisa de pais equilibrados. porque vão precisar de disciplina, educação, carinho, limites e... Amor.

- Olha, eu sei que Hazel tem seus fantasmas e luta contra eles todos os dias, mas eu realmente acredito que nós podemos fazer dar certo e não vai faltar amor pra o nosso bebê.

- Ele é um candidato a suicídio... - ele jogou isso no colo dela me fazendo ficar furioso, meu rosto pegou fogo e tive que conter para não explodir. - Hazel é teimoso e não toma o remédio indicado pelo psiquiatra... Ele guarda emoções, raiva, tristeza. Esse homem pode explodir a qualquer momento. Ele não deixa essa couraça se desmanchar para que possa ajuda-lo, entende?

- Entendo! - ela me encarou. - Mas, eu acho que podemos resolver isso. Eu quero ajudar! O que eu posso fazer?

- Não é você... É ele. Precisa encarar os medos e os segredos e deixa-los ir. Quanto mais segura é pior. - Os dois agora me encaravam esperando que eu tomasse uma atitude.

- Eu registrei a filha do meu pai como minha filha... Mas ele me proibiu de trazer a menina para o seio da família. Meu pai me fez jurar que Nathália não existe. - Olhei para o teto não querendo encarar nenhum dos dois, minha vós ficou embargada. - Ele e minha noiva tiveram um romance... Eu os peguei na cama, fazendo planos. Ele prometeu em deixar todos nós e se casar com ela. Ela... Ela estava... Sobre ele... - relembrar a sena era muito difícil. - Eu tinha uma paixão tão grande. - As lágrimas rolaram sem esforço. - Ele era o meu pai, entende? Ele devia me amar, me proteger, cuidar dos meus interesses e me respeitar... Mas... Ele me traiu da pior forma. Se envolvendo com Olga... Depois a abandonou grávida, sobre ameaça.

- O que aconteceu com você assim que os viu na cama?

- Eu não sei... Eu me lembro que fui parar num monastério. Fiquei por lá por três meses. Depois fui pro Tibet. Rasparam minha cabeça... E meditei por dois meses...

- Depois foi internado numa casa psiquiatra, correto? - concordei. - Quem o colocou lá?

- Meu pai... Ele... Me encontrou e me levou para Inglaterra e fiquei internado. Por um tempo ele achou que eu ficaria calado, sofrendo... Achou que tinha se livrado do escândalo e do problema.

[08:57, 04/08/2022] Heloisa Benini: - O que aconteceu?

- Eu resolvi ser mais forte do que a dor. Pedi alta e voltei para Nova York e enfrentei meu pai e minha mãe... Eu o destitui do posto de CEO e tomei seu lugar ou jogaria tudo no ventilador sem medo de perder tudo. Mamãe ficou apavorada e o fez entregar o cargo. Para a imprensa alegou que estava cansado.

-Sua mãe não o defendeu?

- Ela sabia o que papai fazia... Tempos depois descobri que ela também tem um caso extra conjugal.

O psicanalista respirou fundo e anotou no tablet parecendo perplexo.

- Como chegou a garotinha?

- Olga enviou um e-mail... Com nome de outra pessoa. Relatou a gravidez e tentou jogar para mim como o pai, mas... Existia DNA e quando a menina nasceu eu fiz papai ir a Porto Príncipe e fazer o exame... Também fiz e a menina é realmente filha dele. Papai odiou, queria dar um submisso nela então eu entrei no meio. Jurei que ele carregaria para o resto da vida essa culpa. A registrei como minha filha. Tiro uma grana mensal dos lucros de meu pai para custear a vida de Nathália.

- Eu estou sem palavras... - Disse ele refletindo tudo o que disse. - E... Natália sabe que não é o pai biológico?

- não Sabe...

- E sua irmã, Brooke?

- Brooke finge não saber... Não consegue aceitar o fato de ter uma meia irmã e por eu aceitar representar o pai de uma criança cujo os pais causaram tanto sofrimento...

- Savannah! Como se sente ao escutar tudo isso?

Eu não conseguia olhar para ela com medo de ser recriminado por ter contado uma parte da verdade.

- Eu não sei... - ela deu de ombros. - Revolta, tristeza! Eu...sinto tanto! - ela buscou minha mão

Olhei para ela e segurei sua mão com firmeza.

- Sinto que vocês estão ligados não só com a intenção de gerarem um filho mas... Com sentimento. Sente que pode confiar em Savannah depois de tudo que aconteceu com você? Porque ouve uma quebra de confiança muito grande no passado.

- Eu sinto que Savannah é confiável. Gosto demais da sua companhia. Desejo ficar sempre com ela. Diferente das outras mulheres que pareciam fúteis...

Savannah apenas sorriu e apertou minha mão.

-Eu sinto que podemos ser felizes juntos.

- Hum! - Ele sorriu e eu também. - Eu acho que você deu um grande passo hoje. Conseguiu falar tendo apenas emoções fortes, mas que não atrapalharam o desabafar. Mesmo assim vou manter as sessões de sextas... Veja um horário melhor e venha sem faltar, Hazel! Temos um longo caminho para que possa confiar verdadeiramente nas pessoas, isso é uma jornada.

- Estou orgulhosa de você

- Obrigado... É bom ter alguém que se importa do meu lado. Nunca pensei que teria isso um dia. - Confessei.

- Eu não vou a lugar nenhum! - ela sorriu

Demos a sessão por encerrada e seguimos pra massagem, pois era hora de relaxar.

HAZELHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin