Hazel

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Aquela ultima mensagem de Savannah havia mexido comigo e agora eu me sentia completamente perdido. Eu queria recusar aquele sentimento de que gostava dela, que era apenas sexo e o desejo de ter um filho, alguém para cuidar, amar sem ter que passar pelo amor de uma mulher.

Cheguei no hotel passando as pressas pelo saguão e fui direto para o quarto, estava angustiado e buscando um modo na minha cabeça em parar de sentir essa dependência de querer Savannah perto de mim, não tinha tempo para isso e para esse sentimento que só machucava.

Me sentei na poltrona próximo a cama e meu celular tocou, olhei para ele e era a ligação do meu terapeuta, ele passou a semana ligando e eu o ignorando completamente.

- Merda! - fechei os olhos e atendi.

- Por vídeo... Precisamos conversa. - disse ele bravo.

Respirei fundo e acionei a câmera do celular e encare-o.

 - Você tem consciência que me paga uma fortuna para te ajudar... Mas você não faz a sua parte de vir as sessões para que a sua melhora aconteça. Eu até poderia continuar recebendo sem fazer o meu trabalho, ignorar de que precisa de ajuda... Mas eu sou um cara que não consegue achar que é mais um cliente que me paga bem e ignorar. Então... - ele apanhou o jornal e me mostrou minha foto com Savannah. - Quando iria me contar que estava num novo relacionamento?

- Não sei porque devo contar isso a você. - dei de ombros.

- Hazel... - ele respirou fundo colocando o jornal de lado e me olhou sério. - Você não consegue segurar um relacionamento... Contou que as magoas porque não consegue levar o sentimento a diante e... Evita me contar porque isso acontece. E eu estou começando a achar que você não quer ajuda. Porque não me conta a verdade.

Encarei o meu psicanalista e aquele bolo na garganta se fechou novamente e comecei a tossir descontroladamente.

- Respira... Tome um copo de água e tente relaxar. - Pediu ele com calma.

Vinte minutos depois eu me sentia melhor, relaxei na cadeira e o encarei me sentindo tremulo, exausto.

- Meu relacionamento com Savannah é um acordo que fizemos. Vamos ter um filho juntos, mas cada um terá sua participação na vida desta criança.

O homem me encarou completamente chocado com o que ouvia.

- E o que você quer com isso? Acha que essa criança vai apagar todas as suas dores? Você sabe o que significa uma criança? Acha mesmo que ela ficará feliz em saber que foi feita por um acordo? - Eu não vou falar mais com você. - Quero que esteja no meu consultório...

- Só estarei em Nova York na Sexta-feira... - Avisei.

- Muito bem! Sexta quero você no meu consultório ou vou dispensa-lo como meu cliente... Terei que comunicar o seu psiquiatra sobre isso, entendeu?

- Estarei aí. - disse a contra gosto.

- Perfeito! Até lá quero que pense sobre essa história de acordo envolvendo uma criança.

Concordei com a cabeça respirando fundo e ele encerrou a conversa sem se despedir. Agora eu tinha mais um problema para resolver.

A noite foi um completo desastre, pois acabei passando a noite acordado, tendo pensamentos horripilantes para a minha vida, tudo que vivi no passado veio a tona.

No dia seguinte acordei com Brooke sentada ao meu lado na cama sorriu para mim acariciando o meu rosto.

- O que aconteceu? - a olhei preocupado, mas meu corpo parecia ter lavado uma surra.

- Você misturou uísque com seus remédios... Me ligou dizendo que iria se jogar da sacada... Praticamente se despedindo. - ela segurou a minha mão e vi lágrimas escorrerem. - Eu liguei para o hotel e pedi para mandarem seguranças para cá...

Fechei os olhos pesadamente tendo flex's do ocorrido, agora eu estava morrendo de vergonha e aquela onda de depressão vinha com força.

- Me perdoa! Eu não queria te assustar. - pedi em voz baixa.

- Está tudo bem! O importante é que você está bem. - ela se deitou do meu lado e me abraçou. - Vamos para casa, está bem?

- Não dá... Eu tenho muito o que fazer aqui. - a abracei.

- O papai já está resolvendo. - Brooke me olhou. - Ele não suporta te ver assim, Hazel! Ele não consegue se perdoar...

- Você contou para ela, não foi? - aquilo me deixava apavorado.

- Savannah é uma mulher incrível... Não a deixe escapar meu irmão! tente ama-la! Por favor! - ela pediu puxando o meu rosto para eu olhar para ela. - Ela te faz bem! Você é feliz ao lado dela. Não deixe isso escapar por medo. Quero te ver feliz!

Era difícil para mim confiar novamente numa mulher. Respirei fundo e me calei fechando os olhos. Estava cansado e dormi novamente.

Algumas horas depois acordei com o chorinho de Eva que estava ao meu lado na cama. Olhei para aquela coisinha miudinha e delicada. Eu tinha certeza sobre a minha decisão em ter um filho. Não deixaria essa vontade de lado. A peguei no colo assim que me sentei. Ela me olhou e sorriu.

- Eu vou te dar um priminho ou priminha para você ter alguém para brincar e crescerem juntos. - Disse baixinho só para Eva escutar.

- Já falei com o Hangar e o Jato está pronto. - Brooke entrou no quarto para avisar. - Tome um banho e partimos.

- Obrigado, Brooke! - sorri para minha irmã. - Você se deslocou por minha causa. Eu não mereço todo esse amor.

- Eu quero ver você bem. Feliz! - ela pegou Eva do meu colo. - Eu vou te ver muito feliz, com uma família linda, mas antes precisa fazer as pazes com o seu passado.

- Contou para Savannah? - eu precisava saber.

- Contei... Ela precisava saber onde estava pisando. E contei porque eu confio nela.

- Não devia ter feito isso.

- Ela não está com você por pensa se é isso que está pensando. Ela te ama de verdade... E devia aproveitar essa oportunidade. - ela foi até a porta. - Pense nisso... Agora vá tomar um banho.

Brooke deixou o quarto e eu fiquei pensando sobre o assunto. Levantei e fui tomar um banho.

Uma hora depois estava voando com minha família de volta a Nova York.

HAZELWhere stories live. Discover now