28| por favor, não me machuca

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VEIGH

Eu não tinha ideia nenhuma do que eu iria escutar da Débora, mas queria ouvir.

A mensagem que ela mandou mais cedo me fez ficar em choque pra caralho. Foi a coisa mais inesperada da minha vida. Eu precisava que ela me falasse tudo aquilo olhando nos meus olhos pra eu conseguir acreditar.

Se tem uma coisa que eu sei é ler a Débora, então eu vou saber se ela tá metendo o louco ou não.

[...]

Estacionei na minha garagem e preferi não falar mais nada com ela, só fiz com que me seguisse até o elevador.

Coloquei no último andar e subimos, no mais desconfortável silêncio, mas subimos.

Como eu lá só buscar ela rapidão, deixei a porta aberta, não acho que daria nada.

— Quer comer ou tomar alguma coisa? — Perguntei quebrando o silêncio.

— Não, valeu!

— Senta aqui!? — Eu pedi sentando no meu sofá.

Débora obedeceu calada, nem parecia a mesma.

— Parça, me fala o que tá acontecendo!? — Pedi mais uma vez e vi ela ficar tensa.

— Não é tão simples pra mim falar assim.

Dei um riso fraco, mas não pelo que ela disse e sim por um pensamento rápido que eu tive.

— Qual a graça? — Ela perguntou com as sobrancelhas erguidas.

— Nada demais, só que se você tivesse tomando uma dose você conseguiria falar tranquilamente.

Vi a expressão dela variar muitas vezes. Ela sabe que eu tinha razão.

— Não tem nada a ver,Thiago. O problema é que eu nunca sei me expressar totalmente.

Suspirei.

— Não tô aqui pra te julgar, pelo contrário. Tô aqui pra te ouvir e te entender. Então respira e me fala.

  Ela precisou de bons segundos respirando, mas pelo o menos parecia mais calma.

— Eu sinto alguma coisa por você, e não é de hoje. Não foi depois que a gente ficou que eu comecei sentir. — Ela jogou tudo como se sentisse um pouco de dor.

  Eu vi verdade nos olhos dela, isso me deixava num misto muito louco de sentimento.

— O que é exatamente que você sente?

  Agora quem tava começando a ficar nervoso era eu.

  Tudo bem que ela é minha melhor amiga, por muito tempo foi uma irmã pra mim. Mas quando passamos a ficar muita coisa mudou pra mim.

— Ah Thiago. — Ela voltou pra uma zona de timidez que pra mim era nova.

  Fiquei com vontade de rir.

— Mano, não precisava ter guardado isso. E muito menos ter me destratado pra fingir que não sentia.

  Ela suspirou se esparramando no meu sofá.

— Eu sei, parça. — Ela quase choramingou. — Mas eu me sinto, sei lá. Não sei como eu me sinto em relação a toda essa parada.

— Como você quer levar isso?

— Como assim?

— Debinha, eu não vou dizer que eu não sinto sua falta, porque seria uma puta de uma mentira. Mas eu não vou forçar nada. Se você dizer agora pra mim que quer esquecer isso, seguir sua vida, eu não vou atrás. Nossa história vai acabar aqui. Mas se você olhar no meu olho e dizer que quer tentar, eu entro nessa.

  Fui bem sincero. Eu não quero mais entrar dentro de meios entendimentos. Se ela disser que não quer, não vou forçar, mas eu não vou mentir que eu gostaria de tentar algo com ela.

  Porra, a Debinha é maravilhosa apesar de tudo. Nossos momentos são únicos e me faz me sentir único também. Temos uma conexão inegável também. De alguma forma nós combina pra caralho.

— Tá falando sério? — Ela perguntou se endireitando no sofá.

— E porque eu não estaria?

— Eu não quero que você esteja comigo só porque EU gosto de você, Thi.

— Para de se fazer, Debinha. Você sabe que eu sou amarradão em você.

  Ela deu um mínimo sorriso.

— Eu não sei de nada não, parça — Brincou.

  Me arrastei no sofá pra mais perto dela. E os olhos dela estavam brilhando. Isso que é da hora.

  Dei um selinho demorado nela e ela me roubou outro.

— Não sei porque você nunca me contou nada.

— Porque você me olhava como sua irmã. — Deu de ombros. — E eu sempre soube conviver com esse sentimento, até começar a ficar com você. Meu medo foi crescendo cada vez mais, misturando com outros tipos de coisas.

— Isso era verdade. Mas eu já ressignifiquei o que você é pra mim. — Alisei o rosto dela.

— Posso saber o que eu sou agora? — Ela perguntou com mó sorrisão bonito.

— Você continua sendo minha melhor amiga, mas também a única mulher que me faz sentir assim. — Falei baixinho como se tivesse outras pessoas na minha sala.

  A debinha ficou séria mas com os olhos brilhando ainda.

— Assim como? — Ela perguntou no mesmo tom baixo que eu.

  Peguei a mão dela e coloquei em cima do meu peito. Meus batimentos estavam disparados.

— Caralho, Thiago... Por favor, não me machuca. — Ela pediu antes de me puxar pra um beijão que me fez ter a sensação de pisar no céu e voltar.

  Acho que aquilo era um: Sim, vamos tentar.

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😵‍💫

MANDRAKA - VeighOnde histórias criam vida. Descubra agora