004 | titi

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DÉBORA

    As coisas não mudaram como eu pensava. Ainda éramos as mesmas crianças da COHAB, brincando de implicar um com o outro.

  Ver ele no palco, com todas aquela pessoas gritando as músicas dele me fez ficar orgulhosa. Eu sempre soube que ele tinha se profissionalizado nisso, mas eu sempre, em qualquer lugar evitei ouvir as músicas dele por ressentimento. Mas hoje ele realmente me apresentou o Veigh.

  Luiza ficou o tempo inteiro de papo com um dos caras da equipe do Thiago. Não  perde uma!

  Assim que o show acabou – não tão tarde como eu pensei – fomos todos pra van.

— Amiga, vou sentar aqui na frente. — Luiza me avisou sentando do lado do Rafinha.

  Semicerrei os olhos como se dissesse pra ela que tinha entendido tudo, a safada piscou pra mim como se confirmasse.

— Deb, você vai sentar no fundo? — O pet, um dos seguranças do Thiago perguntou vendo pra onde eu tava indo.

  O pouco tempo que eu passei com eles, tanto no palco quanto no camarim me fez criar uma certa amizade com a equipe. Tomar uma dose me deixa sempre amigável.

— Tem gente já, Pet? — Perguntei vendo um motivo.

— Não, é que no fundo balança, né?! — Me explicou.

  Ri fraco negando.

— Pra quem pega um Itaquera, isso aqui é moleza. — Não menti.

  Nunca tive frescura desses negócios. Sou mil vezes ir no fundo do ônibus quicando, na minha paz, do que ficar no corredor.

  Segui meu caminho para o fundo da van, como eu tinha desejado. Sentei no último banco e suspirei deslizando por ele. Eu tava morta.

— Oxi, vai sentar aí? — Thiago perguntou da porta.

— Ixe gente, aqui balança tanto assim é?

  Thiago assentiu rindo. Dei de ombros. Ali era bem mais confortável e se Deus permitisse eu ia até tirar um cochilo de leve.

  Mas eu não sei como eu me iludi tanto, era óbvio que o Thiago sentaria ali do meu lado.

— Ê laia. — Falei bocejando encarando a janela da van.

  Fiquei ali observando, até o motorista arrancar. Por uma vontade maior dentro de mim, eu olhei pro meu lado e ele já tava me encarando.

— Ih, pousou? — Perguntei ignorando o quanto aquilo me deu um frio na barriga.

  Ele continuou sem dizer nada.

— Oxi, Thiago. Vou te estranhar. — Falei num tom mais sério. — Tá me olhando por quê?

— É da hora ter você aqui. Ainda mais que você continua a mesma.

  É, amoleci. Esse moleque fica olhando assim, falando essas coisas, me faz lembrar o porque eu me apaixonei lá atrás. Ele era assim comigo o tempo inteiro.

— Quem tem dupla personalidade aqui é você. — Tentei disfarçar, e acho que consegui me sair bem.

— Dupla não! Quadrupla. Pra alguns Veigh, para poucos Thiago, pra minha mãe Neném e pra você Titi. — Fez voz de bebê.

  Isso me deu um gatilho fodido pra gargalhar. Tinha esquecido completamente que sempre que eu ficava bêbada nas festinhas que a gente ia, eu chamava ele de Titi.

— Para de expor. Vou jogar na roda aqui suas coisas. — Ameacei.

— Você não é louca. — Me desafiou. Só precisei erguer uma sobrancelha pra ele voltar atrás. — Tudo bem, você é sim.

  Ri voltando a prestar atenção na janela.

  Eu tava leve, e provavelmente foi por ter tirado o peso de um rancor de tanto tempo. E eu vou confessar que era bom estar ali com ele de novo.

[...]

  Quando chegou na frente dos prédios eu dei um "tchau" geral para a equipe. E quando eu fui levantar pra sair, o Thiago também levantou. Esperei que ele mudasse de lugar, mas me puxou pra ele em um outro abraço.

— Eu amei te ver, Debinha. — Sussurrou no meu ouvido. — Você é muito importante na minha história.

  Mais uma vez meu coração deu mole. Que ódio.

— Apesar de tudo a gente sempre teve junto, parça. — Disse simples antes de descer da van com a Luiza sonolenta.

VEIGH

   Assim que os moleques fecharam a porta começaram a falar das meninas.

— Não perde tempo, Rafael! — Pet bateu no ombro do meu produtor visual.

— A Luiza é da hora, mas a Deb....

  Assisti o Jota dizer. E era normal que a gente comentasse sobre as mina, mas a Débora não era como as outras.

— Aí rapaziadinha?! Mais respeito ai. — Chamei atenção de todos.

— Cê já não tem a Dib, viado? — Jota perguntou estranhando minha postura.

  E eu entendo ele. Ninguém ali sabia da minha história com a Débora, o que sabiam é que eu levei duas mina pro meu show. Provavelmente pegou meio errado as ideia, mas eu não preciso me justificar pra ninguém.

— O papo é que a Débora é como se fosse irmã pra mim, tá ligado?! — Resumi. — Então cês toma cuidado.

  Eu não podia proibir ninguém ali de ficar com ela.  Até porquê já arrastei vários amigos meus antigamente pra Debinha ficar, mas esses aqui já eram outra fita. Tem casado ali que adora jogar uma lorota pra cima das mina, aí eu já não acho da hora.

— Ih, brecou.

— Brequei nada, só tô dizendo pra tomar cuidado que ela não é qualquer uma não.

— Vou ficar bem quieto aqui. — Jota virou pra frente e eu achei bom.

  O caminho pra casa foi tranquilo. Muito tranquilo na verdade. Eu quase não prestava atenção no que os caras diziam, eu só pensava na sensação boa de ter minha irmãzinha voltando pra minha vida.

  Eu nunca encontrei em ninguém a conexão que eu tenho com a Débora. Coisa de n precisar falar nada pra entender tudo. Nem com a minha irmã eu sou tão ligado quanto com ela.

  Bom de mais ver que a gente ainda tá intacto depois de todas essas cotinha.

$.$

Comentem muitoooo. Tô adorando ver vcs hablando sobre eles

MANDRAKA - VeighWhere stories live. Discover now