EM PERIGO

7 1 0
                                    

IN PERICULUM

CAPÍTULO DEZESSETE

  As gotas frias da chuva que se iniciara minutos atrás me causavam arrepios, diante da multidão vestida de preto tinha meu corpo sustentado pelos braços avantajados de Dimitri Schubert. Seis meses haviam se passado desde a última vez em que eu estivera em um funeral, tempo o suficiente para superar o trauma causado por ter sido o único sobrevivente de um acidente que desencadeou uma série de crises existenciais e dificuldade respiratória, mas agora eu tinha o sangue de um time de futebol em minhas mãos e cabia a mim decidir quando as mortes iriam parar.

  O gramado úmido me traziam lembranças vagas da noite em que virei cinzas, cobicei que pudesse ter sido eu no lugar daqueles jovens eufóricos que em algum momento me acolheram e me mostraram que eu não estava sozinho. O loiro segurava um guarda-chuva que pouco nos protegia da água gélida, Agnes e Mary estavam acompanhadas dos Walker e de vislumbre pude notar o olhar tristonho de Trevor me cortando a alma, a aparência do garoto era desesperadora, com as olheiras aparentes e a boca ressecada, seus fios escuros bagunçados e uma pele pálida, não sabia se sua situação também me envolvia ou se tinha haver com o fato da perda de seus amigos. Desviei o olhar e voltei a prestar atenção no discurso do padre que naquele meio tempo havia passado a fala para as famílias dos falecidos atletas do Arcádia High School.

  Arcádia era tomada outra vez por uma nuvem escura de tristeza e dor. Quando tudo acabou, caminhamos até o carro de Agnes.

—Tudo bem? —ele perguntou enquanto abria a porta para mim.

  Concordei com um balançar de cabeça.

—Não vai entrar? —indaguei.

—Preciso voltar para casa.

  Não pude negar o desapontamento, queria o garoto próximo a mim. Saí do automóvel e tomei lugar abaixo do guarda-chuva.

—Obrigado. —meu olhar estava fixo em meus sapatos brilhosos, pois o Sr. Grayson havia certificado-se de tirar o elevado dinheiro das pobres família desoladas pela perda —Obrigado por se preocupar comigo e não desistir de mim quando eu mesmo já não tenho forças para acreditar, acho que nunca o agradeci formalmente, mas depois de ver nove corpos conhecidos serem enterrados sinto a necessidade de ser sincero com meus sentimentos, porque possa ser que amanhã eu também esteja sendo sepultado ou queimando em algum lugar do inferno, então por favor —finalmente tive coragem para encarar as orbes esmeraldas—fica comigo, não irei mais fugir—peguei a mão coberta por veias estufadas—não quero mais continuar fugindo. Eu não compreendo no que estou envolvido e acho que nunca terei o entendimento necessário para não me sentir vulnerável, mas tenho certeza do que quero e é exatamente isso que eu necessito, você Dimitri.

  Ele sorriu.

—Sei que disse que nunca precisaria se sentir culpado novamente, mas eu não posso mais negar o efeito que você tem sobre mim. —me aproximei perto o suficiente para ouvir a respiração ofegante do loiro—Eu te amo Dimi, eu sempre te amei, desde quando te vi pela primeira vez na sala do Sr. Cooper, sempre foi você. —coloquei as mãos no rosto coberto por uma barba já aparente—Lá no fundo eu sempre soube que era você, mentir me pareceu o certo a se fazer, negar que estava perdidamente apaixonado por você doeu, mas eu não queria machucar o Trevor. —passei os dedos pelos lábios do anjo—Mas agora tudo já está perdido, eu estou perdido, só não posso perdê-lo outra vez, não quero te perder novamente.

  A chuva se intensificou e os vestidos e ternos pretos correram desesperados para seus respectivos carros, Agnes e Mary logo chegaram encharcadas. Me afastei do loiro.

THE IMMORTAL |Até a Morte-Livro 1Where stories live. Discover now