INFERNO NA TERRA

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INFERNUM IN TERRA

CAPÍTULO DOZE

A Lua já estava no seu ponto mais alto e o brilho emitido pelo astro facilitava a nossa visão. Os gritos ficaram cada vez mais fortes e aterrorizantes, era como se estivessem sendo rasgados ao meio, sons de tortura e desespero. Hardin e eu corremos em meio ao matagal e só conseguimos nos acalmar quando finalmente avistamos a camionete de um dos rapazes, ao contrário de mim que tive que parar para conseguir recuperar o fôlego, Hardin continuou sua maratona até o local que antes era palco de rebeldia. Tive de agachar e buscar pelo oxigênio ralo que minhas narinas lutavam para extrair, definitivamente eu não tinha um porte atlético para suprir atividades físicas.

—MERDA! MERDA! MERDA, QUE PORRA É ESSA? —o asiático tinha sua voz alterada devido a aflição—KAL TEMOS QUE SAIR DAQUI! —ele correu em minha direção com uma expressão pávida.

—IR? NÃO, O QUE ACONTECEU LÁ ATRÁS? —antes que eu pudesse ser impedido passei pelo garoto e adentrei na trilha já aberta pelo automóvel horas atrás.

Tive vontade de vomitar, uma angústia fez com que meu coração errasse as batidas e meus pulmões finalmente parassem de trabalhar. A falta de ar que antes podia ser controlada agora já não era uma escolha. Meus membros lentamente perderam as forças e o desespero corrompeu até o último fio do meu cabelo, meu interior chorava e quando finalmente não conseguiu guardar o medo para si, fez com que lágrimas escorressem dos meus olhos já sem vida. Tapei minha boca com as palmas das mãos e busquei pelo garoto de fios arroxeados. Aquela cena me amedrontava, me trazia uma pontada de dor.

Certamente não haviam comparações, mas ao ver aqueles corpos sem vida me recorreram memórias do dia do acidente. Eu sentia exatamente o mesmo vazio de quando presenciei os últimos suspiros dos meus pais.

—KAL, OLHA PRA MIM! —ele segurou meu rosto e me forçou a encará-lo—Temos que sair daqui, quem quer que seja que fez isso com certeza ainda está por aí. —os braços avantajados me tomaram para si—Precisamos avisar as autoridades.

Apertei o corpo bem estruturado.

—Eles estão mortos Hardin. —tão pouco podia ser entendido, minhas falas estavam falhas e tomadas por soluços—Estão todos mortos.

Me trouxe para mais perto. Obviamente ele tentou parecer forte.

Novamente aquele clima de funeral se instalou em Arcádia e dessa vez todos realmente estavam de luto. Nove dos onze jogadores do time do colégio estavam mortos, totalmente irreconhecíveis, só pude recobrar minha consciência quando os corpos foram cobertos pelo plástico preto e levados pelo carro do IML. Me peguei em um transe de realidade, traumas que antes haviam sidos superados agora me perseguiam novamente.

A delegacia encontrava-se cheia devido a tais acontecimentos, todos esperando por qualquer explicação, as famílias das vítimas emanavam os mais tristes sentimentos e o frio da madrugada deixava todo o ocorrido ainda mais tenebroso. Eu queria ligar para o garoto de olhos escuros e buscar conforto em sua voz rouca, queria poder abraçá-lo e chorar em seus braços. Por algum motivo eu estava exasperado, me sentido culpado, afinal, as últimas pessoas que tiveram suas vidas interrompidas estavam em minha presença. O tempo naquela noite parecia ter parado, a cidade tinha uma nuvem escura de tristeza e medo, as poucas forças que meu corpo havia armazenado já estavam esgotadas. Eu me encolhi na cadeira azulada daquele edifício gélido e fedendo à algum café barato na esperança de ser liberado dos diversos interrogatórios, o delegado me enchia de perguntas que já totalizavam centenas de respostas exatamente iguais, razas e vazias.

THE IMMORTAL |Até a Morte-Livro 1Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora