3 - Medo da solidão

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Teaser da fic:


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SORAYA:

Pensamentos.
Pensamentos.
Pensamentos, o que nos leva a pensar tanto?

A ansiedade por algo? O temor por algo? A esperança por algum acontecimento que parece impossível? Eu realmente gostaria de saber a resposta.

Estou a uns 40 minutos, com meu corpo imerso na água morna da banheira pensando.

Pensamentos sobre uma reflexão em como todos os acontecimentos da minha vida vinheram a acontecer.

Em meio a isso chego a parte em que conheci o César. Bem, conheci ele logo em que cheguei na cidade, eu me mudei por planos de uma vida melhor comparado a qual eu tinha.

Nos conhecemos no departamento em que trabalho até os dias atuais. No começo foi muito bom, ele foi um amigo incrível. Me ajudou em minha adaptação na cidade, foi um colega de trabalho bem gentil, e naturalmente tudo for se desenvolvendo. Virando o famoso amor. Mas eu tenho muitas dúvidas se posso nomear assim, lógico que sinto algo por ele um enorme carinho, até porque foi e ainda é um ótimo amigo, mas eu acho que nunca foi amor da minha parte.

Acho que essa minha união com César se resultou  a partir de um sentimento meu, o medo. O medo da solidão, eu tenho muito medo de terminar sozinha e sem ninguém nessa vida, e como sabia que se César não me tivesse como namorada ele iriase afastar, eu resolvi aceitar nossa união. No começo eu pensei que tudo isso que sinto por ele iria virar amor, iria se desenvolver e eu iria ama-lo loucamente, como os amores de novela, mas não ocorreu isso.

Eu também não quero um término agora, mas um desejo muito profundo meu, era que eu encontrasse alguém que eu realmente amasse. Que me desse aquele frio na barriga de ansiedade, mas logo após me desse paz e tranquilidade porque também seria meu calmante. Não sei se é pedir muito ou sonhar demais, mas uma coisa eu tenho certeza, Carlos César não é essa pessoa. E agora acho que nem me resta mas esperanças que ele possa se tornar essa pessoa.

E uma coisa em que eu acredito e que também eu acho que foi o motivo para eu chegar a todos esses pensamentos é que devemos ouvir nosso coração e o que ele tem a dizer. Mesmo que eu não faça isso, eu acredito nisso, e acredito também nas palavras de Wand Luz:

"Um pouco de silêncio e solitude as vezes cai bem. Afastar-se de tudo que nos afasta de nós. Vez ou outra é preciso silenciar o barulho ensurdecedor que o mundo e a nossa ansiedade faz para poder ouvir o que nosso coração tem a dizer".

Problema é que eu nunca ouvia meu coração, então ele se cansou de falar. Agora sigo desamparada pelas minhas emoções, eu deveria ter seguido meu desejos, agora me encontro aqui, nessa corda bamba do amor sem poder me salvar e me libertar, e sem poder retroceder meus passos, minha esperança de um verdadeiro amor é o que me impede de não olhar para baixo e me desequilibrar, caindo em algum sentimento desconhecido que me levaria a tristeza sem fim.

Não que eu também ache que tudo se resolve se arrumarmos um par romântico ou que eu preciso muito disso para ser feliz. Mas a verdade que esse é meu sonho, e também é algo que me libertaria de Carlos e dessa vida monótona.

Resolvo então finalmente por um ponto final nesses pensamentos, já estou a bastante tempo nessa água que agora a temperatura não está mais tão quente. Saindo da banheira e indo de encontro com meu roupão vermelho, eu me lembro que eu me comprometi a ir em um encontro de amigos em um bar que estamos acostumados a ir.

Após aquela mulher sair da loja deixando suas luvas no balcão eu fui até meu armário guarda-las, porque depois eu vou mandar entregar junto a pista de trem. No caminho de volta esbarro com César e nossos amigos, eles estavam assistindo um filme por uma mini tela aonde mostrava o que era reproduzido na parte de cinema do departamento que tem em um dos corredores. A partir daí engatamos em uma conversa, onde marcamos o encontro de hoje. Então o que me resta agora é me arrumar.

Acabo que decido ir com um vestido verde musgo de mangas que vão até meus cotovelos e um colete preto por cima, o vestido era colado mas discreto, acentuando muito bem as minhas curvas, como minha cintura ampulheta, nádegas fartas e braços definidos, finalizando com meu perfume com uma leve fragrância de baunilha com menta, um cheiro doce e marcante, mas não exagerado, era tudo na medida certa.

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Ao chegarmos notamos que estava bem cheio o local, o que já estamos acostumados, então entramos e nos acomodamos em uma mesa.

- Só gosto de cerveja. O resto me dá ânsia. Comenta Pacheco em meio a nossa conversa.

- Vinho me faz bem, me deixa meio indecente. 
Respondo dando um gole na minha cerveja.

- Bebo para esquecer que preciso acordar cedo.
Comenta César.

- Esse é o seu problema. - Começa Luiz Inácio retrucando césar. - O ruim não é acordar, é acordar para trabalhar. Trabalhar é uma maldição.

- Você tem emprego Luiz.

- Você chama de emprego? Eu, de ilusão.

- Você recebe. Dinheiro é ilusão? - Fala Pacheco.

- Meu irmão caçula, o filósofo mané. - Luiz se refere ao dinheiro ser uma ilusão.

- Onde você trabalha? - Pergunto para Pacheco

- Não sabe Soraya? - César começa. - Pacheco trabalha no New York Times.

- Não brinca. - falo totalmente surpresa com a notícia.

- É só um emprego. O que eu quero é ser escritor. Por isso vejo filmes.

- Todo mundo é escritor. - fala Luiz meio tonto.

Eu acho que ele já está levemente alterado pela bebida.

- Soraya, antes que eu fique bêbado - Luiz começou a falar, eu sabia que ele já estava meio altaredo - ou que eu esqueça. - foi retirando algo de sua bolsa.

Não posso nem acreditar no que ele me mostrou. Não acredito que ele conseguiu.

- Você conseguiu? - Pergunto com um sorriso aberto no rosto, minha felicidade ficou explícita agora.

Eu me referia a uma câmera minha que tinha estragado, eu realmente não achei que teria mais conserto, mas assim que eu mostrei para Luiz a uns dias atrás ele disse que seria possível arrumar, não acreditei muito mas resolvi deixar nas mãos dele e hoje ele me devolve meu "bebê". Uma de minhas paixões (que essa eu tenho certeza ser uma paixão)  é fotografar, eu amo tirar fotos, acho mágico registrar momentos, coisas, pessoas.

E agora Luiz acaba de devolver algo com muito valor para mim.

- Você gosta de tirar fotos? - pergunta Pacheco, que era o único ali presente que não sabia da minha paixão por fotografia.

- Bom...

- Ela se interessa mais pela câmera do que ir viajar comigo. - César interrompe minha resposta.

- Mulheres - comenta Luiz - Falou e disse - completa César.









Mein Schatz - Simoraya Where stories live. Discover now