Impulse

125 16 11
                                    

Jiang Cheng não sabia que era capaz de lidar com tantas pessoas o dirigindo à palavra, mas mesmo que não fosse, estar ao lado de Lan Xichen em um evento direcionado a ele significava estar no centro o tempo inteiro, com um holofote diretamente em sua cabeça.

— Você só precisa dizer e eu te tiro daqui em um segundo. — Jiang Cheng sussurrou depois de se aproximar levemente e recebeu um sorriso, definitivamente bem longe do que era um sorriso real e Xichen balançou a cabeça levemente. — Lan Huan...

— Eu acho que é o meu karma a lidar, no fim das contas. Ninguém olhou na direção de vocês...— O Lan deixou a frase morrer, mas Jiang Cheng já conhecia o discurso como a palma de sua mão. Culpa, culpa e mais culpa, Lan Xichen sempre oferecia o rosto mesmo que ninguém quisesse estapeá-lo.

Jiang Cheng nunca foi bom em seguir normas sociais, especialmente quando se tratava de namorar alguém que mais vezes que não, ultrapassava os próprios limites para conseguir manter boas relações com os outros. Enquanto arrastava Lan Xichen para o elevador e ignorava pessoas, o Jiang percebeu que talvez jamais fosse capaz de se encaixar nas expectativas humanas do que uma interação social deveria ser.

— Qual pedido nosso você já ignorou? — Wanyin questionou com um estalar no céu da boca assim que as portas do elevador se fecharam e Xichen balançou a cabeça levemente. — Você se lembra da última vez que me disse não? Você lembra da última vez que disse não a qualquer pedido que fizemos?

Nada foi dito, Xichen sabia que era uma luta perdida, absolutamente nada escapava do pensamento ágil e a língua afiada do ser que mais amava no mundo.

— Você não pode seguir se crucificando pelo resto das nossas vidas!  Se não fosse você, seria outra pessoa! — Jiang Cheng fechou os olhos e respirou fundo. — Não é melhor que seja você e nós possamos ao menos ter direitos? Não é melhor que possamos ao menos escolher nas mãos de quem vamos sofrer? Em quem confiar?  Eu te entreguei muito mais que a minha confiança, Lan Huan... E agora é tarde demais pra tirar isso de mim.

Wanyin deslizou o indicador sobre a marca de promessa no pulso do namorado e levou o local até a boca, depositando um selar suave sobre a pequena tatuagem que imitava a cicatriz que tinha em seu próprio corpo. Lan Xichen não ousou abrir a boca, se o preço de manter Jiang Cheng era a culpa esmagadora que sentía toda vez que recebia mérito por ações que não pertenciam

Lan Xichen passaria o resto da vida carregando esse fardo com um sorriso no rosto.

                                —X—

Estar na presença de Xiao Xingchen parecía muito com um passeio em um museu em um dia de outono. Song Lan apostaría dinheiro em sua ideia de que não havia uma maneira melhor de descrever.

Toda a existência do demônio exalava conforto, o que parecia absurdamente irônico quando dito na mesma frase.

— Você já pensou no que estaria fazendo se não tivesse vindo pra cá?— Xingchen parou de balançar a cabeça no ritmo da música e abriu os olhos bem devagar para levá-los ao agente e sorrir, existia algo levemente desconfortável em ver íris castanhas e caninos arredondados naquele rosto. Ainda assim, qualquer pessoa com olhos caminharia voluntariamente para o inferno se confrontada com um pedido de alguém tão sobrenaturalmente belo.

Xingchen balançou a cabeça negativamente.

— Não existe ponto em fazer isso. A vida que eu levava agora está no meu passado... Eu gosto de estar aqui! — Xingchen brincou com o tecido da camisa que usava e Zichen arrastou a cadeira para mais perto do demônio, apoiando os cotovelos sobre as coxas.

The H Squadحيث تعيش القصص. اكتشف الآن