Unwanted

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Havia uma invasão.

Lan Wangji só conseguia pensar nisso, enquanto ouvia música tocando em bom som no andar mais sigiloso da corporação. Com os olhos vidrados na porta do escritório do irmão no fim do corredor, ele apertou a arma em mãos com força, dando os próximos passos com ela abaixada.

Seu irmão estava em perigo? Quantas pessoas haviam no andar? Eles estavam armados? Ele se condenava com todas as forças em seu corpo por não estar fardado.
Então uma figura minúscula alcançou seus olhos, passando por ele como se sua postura cuidadosa e o fato de ele estar armado não significasse absolutamente nada, o garoto de aproximadamente 6 anos de idade portava um suco de caixinha em uma das mãos e uma sacola com cervejas na outra.

Wangji estava perplexo.
Antes que o garoto pudesse finalizar o processo de abrir a porta que antecedia a última do corredor, o Lan o agarrou pelo braço, ocasionando a queda da sacola que a criança segurava.
Ela não parecia nada satisfeita.

— Fale baixo e me responda direito, eu não vou machucar você — Wangji falava tão baixo que temia não ser ouvido. — Quem invadiu esse lugar? Onde está meu irmão?

— Do que você está falando, você usou drogas? Como se supõe que eu saiba quem é seu irmão? — O garoto tentava arduamente se livrar do aperto doloroso em seu braço, ainda assim não parecia ter efeito algum sobre o homem armado.

Toda aquela situação parecia confusa demais para ser digerida por ele naquele momento, então ele olhou para ambos os tornozelos de Lan Wangji, calculando quais as chances de um chute bem sucedido o atirar para a liberdade.

— Como você entrou aqui? Com quem você está?

— Filho da puta, eu trabalho aqui!  Eu quem deveria perguntar quem é você. Solta o meu braço — a criança levantou a voz, Wangji começava a entrar em pânico com a ideia de ser ouvido.

— A-Zhan. — Então Lan Wangji levantou os olhos, a voz suave e gentil que conhecia bem não parecia nada diferente de seu normal, entretanto, a expressão de Lan Xichen assistindo seu irmão com uma arma em uma das mãos e o braço do garoto na outra deixava explícita a estranheza que ele via na situação.

A criança finalmente se agarrou em todas as forças que podia usar naquele momento, acertando um chute — digno de um gol na copa do mundo, no tornozelo do homem distraído.
Ele não ficou para esperar uma reação, ao ter o braço solto ele correu para trás do homem recém chegado, que parecia não ter problema algum com a presença dele lá.

— Que porra é essa, Lan Huan? — o garotinho prosseguiu em levantar a voz e Wangji ainda não conseguia acreditar em seus olhos, mesmo que a dor em sua perna fosse bem real, ele cogitava estar sonhando.
Uma porta se abriu, outras duas crianças pausaram com a visão do vidro no chão e se jogaram para fora, ajoelhando em frente às cervejas quebradas com posturas semelhantes a alguém que via um ente querido morto, com direito a braços sendo movidos em questionamento e expressões chorosas.
Wangji estava prestes a desmaiar.

Quando a única menina do grupo saiu no corredor, ela parecia tão confusa quanto o Lan recém chegado, ainda assim, ela tomou lugar junto ao primeiro garoto atrás de Lan Xichen.

— Bem, eu não pretendia apresentar vocês assim. — Huan parecia estar lutando com todas as forças que possuía para não rir. — Irmão, conheça a razão pela qual eu te chamei de volta, esses são os mais novos integrantes do seu time.
Wangji estava tão incrédulo que nem mesmo suas expressões, geralmente neutras, conseguiram esconder o choque que ele estava experienciando naquele momento.

O que era suposto de ele fazer com um grupo de crianças de seis anos, composto por dois alcoólatras, um rebelde e uma garota perdida?

— Isso é uma piada? — Ele poderia explodir a qualquer momento, as pontas das orelhas vermelhas enquanto ele guardava a arma no coldre deixavam isso explícito. Lan Xichen havia enlouquecido? — Desde quando trabalhamos com crianças, irmão?

The H SquadWhere stories live. Discover now