Capítulo 6: Reconciliação e Segredos

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Perspectiva de
First Kanaphan

- Um convite? - First conversava com um de seus amigos ao telefone. Estava rente a janela, apesar de ser tarde da noite e estar cansado por ter acabado de sair de um longo dia de trabalho. Observava a rua deserta, iluminada por poucos postes de luz.

"Sim! Um amigo meu me disse que faríamos uma pequena confraternização com nossos ex-colegas da faculdade. Você sabe, um reencontro após 10 anos." do outro lado do telefone ecoava despreocupado, no entanto First soube bem quem era esse amigo.

- Ah, Dunk, não se engane. Não irei a festa nenhuma, preciso trabalhar, esqueceu? Também tenho Liza, não teria com quem deixa-la nem mesmo que quisesse. Fora gastos com transporte... Sequer tenho algum par para ir! - se lamentava, ou pelo menos fingia o fazer. Não estava mesmo afim de encarar aquelas pessoas prepotentes novamente.

Aos 18 anos, após estudar muito, o Kanaphan conseguiu uma bolsa em uma das universidades particulares e consequentemente de alto custo na cidade vizinha. Na época, já trabalhava como caixa em um supermercado e pela idade da sua irmã, conseguia a deixar na creche somente durante as primeiras horas do dia.

Cursar aquele curso de gastronomia de fato foi eficiente, a faculdade era muito boa. Porém, como tudo nem sempre é flores, é claro que teve um lado negativo.

Seus colegas. Os riquinhos, ou pessoas que achavam que eram superiores apenas por ter melhores condições financeiras do que os outros. Estes, que colocavam para baixo pessoas de baixa renda, bolsistas como o próprio First.

Era por isso. Por isso que não gostaria de ver aquelas pessoas que o odiavam, que humilharam-no.

Agora, 10 anos depois, não é como se estivessem errados a todo custo. Afinal, não havia se tornado muita coisa ao longo dos anos, um zé ninguém, era como o descreveriam.

Por mais que discordasse.

"Então não vai mesmo? Olha, se a questão for Liza, peço para minha madrinha ficar com ela, você sabe, Jennie adora crianças. Já o transporte, essa é a parte mais fácil. Posso pedir para Gawin nos levar no carro dele. Joong também vai, assim como Ohm, este não era aquele gatinho que você ficou uma vez no nosso último ano?"

Ah, nem me lembre.

- Não mesmo! Não vou passar uma hora e meia em um carro informado com meus ex's! - exclamava contrariado, lembrava-se claramente do pequeno período que ficou sério com o Caskey, os dois não terminaram da melhor forma.

"Vamos! Por favor! Está agindo como um adolescente dramático. Não quero ir sozinho. Além do mais, você não guarda rancor de mais ninguém mais não é? Crescemos. Pessoas mudam, pensei que acreditasse que todos merecem uma segunda chance. Essa é uma das frases do altruísta First Kanaphan, certo? Além do mais..." mil e um argumentos, estava pronto para interrompe-lo, discutir e argumentar. No entanto, pela janela, observou a silhueta de alguém familiar passando pela rua.

Estava escuro, mas de longe podia ver uma figura de estatura baixa andar distraidamente, parecia distante. Perdido.

- Espere. Tenho que desligar. - e assim o fez.

Não pensou duas vezes antes de sair pela porta, ainda com a mesma roupa do trabalho, estava frio então pegou dois casacos, abrindo a passagem apressadamente com a chave de casa.

Não muito longe, alcançou o rapaz perdido.

- Sr. Thanawat? - o Baixinho levou um pequeno susto ao sentir as mãos quentes e grandes de First tocarem seu ombro, se virou bruscamente, assustado. Kanaphan concluiu então que nunca havia o visto assim, ainda nas poucas vezes que o encontrou, a postura séria e cabal, seguro de si, além do sorriso galanteador que fazia seu coração errar as batidas, que o deixava nervoso. A insatisfação e raiva estampadas em seu rosto a menos de 24 horas já não existiam mais.

Seu coração não somente batia descontroladamente, mas ficou dolorido quando viu pequenas lágrimas caírem por sua bochecha delicada.

Perguntou-se o que teria acontecido com ele; a razão de estar assim e principalmente o responsável por tal. Questionou-se se não era um sonho ou mais uma simples projeção de seu cérebro perdido em teorias do porquê tamanho ódio.

Mas não era.

Comprovou esse fato quando sentiu-o.

Sentiu suas pequenas mãos e braços rodearem sua cintura, sua cabeça repousar em seu peito enquanto ofegava, respiração descontrolada e barulhos abafados. Sentiu suas lágrimas molharem sua camisa um pouco suada, mas não o suficiente para o rapaz parecer se importar.

Estava quente, aquecido, no entanto ele estava frio como gelo.

Não soube como reagir muito bem, mas não hesitou em colocar o casaco que trouxera sobre seus ombros encolhidos. Agindo por impulso, depositou uma das mãos em seus quadris em um abraço confortável. Achou que talvez um afago nos cabelos macios, que já se encontravam bagunçados por causa de seu estado caótico, fossem ajudar, portanto o fez. Alisando-os devagar enquanto deixava que se acalmasse, parasse de chorar.

First apenas desejava ver seu sorriso novamente.

Não importava o lugar que estavam ambos, não importava quem visse aquela cena, tudo o que importava era o bem-estar do homem que já não era mais tão desconhecido para si, mas que transmitia um misto de sensações que já havia conhecido antes, porém nunca desta forma.

Nunca daquele jeito.

Do jeito especial que apenas o filho de sua chefe o fazia ficar. Céus, fazia questão de relembrar esse detalhe todas as vezes que pensava nele. Não poderia. Como pôde estar interessado justo nele?

Ele o deixava transtornado. Preocupado. Feliz. Com raiva. Curioso. Tudo.

Era um completo mistério que estranhamente estava disposto a desvendar.

Aflito, encarou o estado que Khaotung se encontrava assim que este se afastou, se desculpando pelo abraço repentino.

Mas não é como se isso realmente valesse de muito no momento.

Precisava de explicações.


🍞

Este foi o capítulo.

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Até a próxima.

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