𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐁𝐄𝐁𝐄 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋 (𝐏𝐀𝐔𝐒𝐀)

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Virei de volta e encarei a moça.

Agora, prestando um pouco mais de atenção, ela parece bem mais nervosa do que sem paciência. E a sensação que tenho é que vai começar a chorar a qualquer minuto. Se de desespero ou de ódio ainda não descobri.

—Garota eu realmente não lembro de você — Pisquei algumas vezes.

Caralho eu acabei de acordar. Puta que pariu. Botei a porra do pé esquerdo no chão primeiro na hora de descer da cama? Deus pensou que todos os títulos que perdemos não foi castigo o suficiente e decidiu mandar a secretária do diabo pra me atentar em casa?

Vou até pedir pra minha mãe aumentar um pouco as orações porque não é possível uma pessoa ser tão perseguida desse jeito.

—Como você dorme com alguém e não lembra? Você não tava bêbado a esse ponto — Revirou os olhos e passou a mão no rosto — Olha só... Eu tenho certeza que o filho é seu, beleza? Minha mãe não quer me ver nem pintada de ouro e tudo que eu trouxe da minha casa foi essa mochila que eu tô carregando pra cima e pra baixo. Pra completar eu ainda tive que mentir pra conseguir entrar aqui e não faço ideia de pra onde eu poderia ir. Então dá pra você recapitular sua noite aquele dia, por favor?

—Hum-hum — Balancei a cabeça negativamente — Eu com certeza não dormi com você.

—A gente não dormiu! — Me desceu maior tapão — Quer que eu te dê detalhes, hein? Você tava usando uma blusa laranja horrorosa aquele dia.

—Grande coisa. Todo mundo que tava na festa me viu com aquela blusa — Lhe mostrei os dentes.

—Claro que viu. Tava parecendo um daqueles marcadores de texto néon, brilhando mais do que aqueles guardas de trânsito de noite — Ela cruzou os braços em frente ao corpo — Mas eu te vi sem ela também. E sem aquele short muito feio que você apareceu usando.

—Moça... Sinceramente. Perdeu a graça, beleza? Não dormi com ninguém nessa festa aí. Fiquei louco e vim embora cedo, então fazendo o favor — Apontei para o portão. Ela piscou algumas vezes e se remexou de um lado para o outro, sem saber o que fazer.

—Meu nome é Pilar. Eu tava falando sério quando disse que não tinha pra onde ir. Olha só, moço... Eu nem queria ser mãe ainda, mas eu fiz a porcaria do teste e deu positivo — Me encarou — E se você soubesse o quanto eu detesto pedir e ter que implorar ajuda de alguém não tava duvidando de mim.

—E você quer que eu faça o que? Hein? — Soltei uma risada — Tô falando que não te conheço, garota. Não lembro nem de ter te visto, imagina de ter transado com você sem proteção.

—Você tava usando uma cueca que não cabia metade dessa sua bunda grande aquele dia — Apontou pras minhas partes baixas. Meu primeiro reflexo é colocar a mão na frente do saco, do mesmo jeito que costumamos fazer quando vamos parar na barreira de defesa nos jogos — E eu até lembro de pensar que você com certeza usa a mesma técnica que a Pablo Vittar pra esconder o “você sabe o que” dentro da cueca quando vai jogar.

Soltei uma risada, mas não tava achando engraçado.

—E você quer que eu acredite que você tá grávida de mim porque viu meu pau? — Pisquei, desacreditado no rumo que essa conversa tá levando.

—Eu precisaria ver pra ficar grávida, né? Quer que eu mostre o tamanho que é também?

—E como você sabe? Mediu com uma régua? — Cruzei os braços em frente ao corpo.

—Que? Claro que não, mas eu me lembro bem o suficiente da noite que acabou de estragar a minha vida que já era uma merda, tá? — Soltou um suspiro.