Capítulo 13

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Minha barriga roncou e olhei para meu celular vendo que já era meio-dia. Eu estava com fome, minha última refeição tinha sido o jantar de ontem à noite. Levantei-me, voltando para a cabana. Eu tinha que limpar os arranhões de minha mão, caso contrário poderia infeccionar. Ao chegar na porta, vi Dylan ajeitar o fogo da lareira. Senti o cheiro da sopa que fiz e constatei que ele havia esquentado novamente.

— Achei que tivesse ido embora. – O tom baixo e tímido de sua voz me tocou.

— Pra quem se diz preocupado, você nem sequer foi atrás de mim – retruquei magoada e suspirei. – Eu só preciso cuidar de minha mão antes de ir.

— O que aconteceu? – ele perguntou dando um passo em minha direção.

— Nada.

Abri algumas gavetas da estante na cozinha procurando pelo kit de primeiros socorros.

— Lisa, eu...

— Se vai brigar de novo...

— Não vou brigar. – Ele me interrompeu e me virei olhando-o. Ele parecia arrependido, mas eu não iria ceder tão fácil. – Você se feriu? – perguntou e olhei para minha mão vendo o sangue que já estava seco.

— Não foi nada.

— Me deixe ver – ele pediu se aproximando e me afastei.

— Eu também posso me cuidar sozinha – afirmei lembrando de suas palavras.

— Desculpa – ele pediu. Fitei seus olhos castanhos vendo sinceridade neles. – Eu sei que fui idiota e se não quiser me desculpar, eu vou entender, mas me deixe pelo menos cuidar da sua mão.

Senti meu coração amolecer. A mágoa ficando para trás diante do Dylan tímido, acanhado e cuidadoso, que estava à minha frente.

— Por favor – pediu e suspirei indo sentar-me no sofá.

Ele buscou uma bacia com água, o kit de primeiros socorros que estava no guarda-roupa e se ajoelhou à minha frente. Dylan colocou minha mão na água morna e suavemente passou seus dedos nos pequenos arranhões da minha mão. Meu coração acelerou instantaneamente, assim como minha respiração.

Eu não conseguia ficar com raiva dele. Não depois de vê-lo na situação que estava ontem. Tão perdido... Tão sozinho. Ele levantou o rosto para me olhar e desviei meus olhos, olhando para a janela.

— Vou passar um remédio, pode arder um pouco.

Ele avisou e não esbocei reação. Devagar ele secou minha mão e fechei meus olhos quando ele pressionou de leve o algodão em meu ferimento e sentindo logo depois um ventinho no local. Ele estava assoprando para que eu não sentisse nada. Mordi meu lábio inferior segurando meu sorriso. Em seguida, pôs o band-aid logo depois se levantou indo até à cozinha.

— Eu esquentei a sopa que fez mais cedo, se quiser comer...

— Você já comeu? – perguntei quando o vi seguir para a porta.

— Já. Pode ficar à vontade, eu vou ficar um tempo aqui fora – falou meio sem jeito e saiu.

Fui até à cozinha colocando a sopa no prato e comendo em seguida. A sopa que eu havia feito estava realmente muito boa. Depois fui ao banheiro, vendo duas escovas de dentes. Sorri sem acreditar. Ele sabia que eu não havia ido embora.

Eu me olhei no espelho ajeitando meu cabelo em um coque frouxo e segui para fora. Dylan estava sentado em um banco de madeira que havia na frente da cabana. Aproximei-me sentando ao seu lado.

Ficamos ali em silêncio por alguns minutos. Minha cabeça estava a mil e meu coração insistia para que eu falasse alguma coisa.

— Sei que talvez não queira falar sobre um determinado assunto, mas... – comecei enquanto olhava a vista a minha frente. – Eu confessei meus sentimentos e sinto que você tem me evitado. Sinto não, você tem me evitado. – Corrigi e respirei fundo. – Eu queria ter dado mais tempo para você pensar, ter lhe dado mais espaço, mas, quando descobri que estava doente e que havia vindo para a montanha, meu coração falou mais alto.

Até Que O Inverno AcabeWhere stories live. Discover now