Capítulo 30

244 58 61
                                    

Anely James Barkoff
Condomínio Richards, Los Angeles
22 de dezembro de 2007, 07:03

 Sentada à mesa da cozinha, tomando meu café da manhã, saboreio lentamente as panquecas de banana que fiz. Estou usando meu robe de seda rosé, que é bem curto e quase mostra tudo. O decote aberto deixa minha pele à mostra e a fita na cintura destaca minha cintura. Amo esse robe, é tão confortável e elegante ao mesmo tempo.

 Estou aqui refletindo em silêncio sobre meu relacionamento com Michael. Terminamos ontem à noite e estou me sentindo triste e sozinha. Eu me pergunto se eu deveria tentar consertar as coisas com ele ou seguir em frente.

 A minha mãe ligou mais cedo para avisar que depositou mais dinheiro em minha conta bancária, não contei sobre meu término, mas, o dinheiro chegou na hora certa. É um pouco mais do que ela me deu da última vez. Com isso a ideia que Daniel deu de viajar se clareou muito em minha mente. Acho que nesse momento é o melhor que posso fazer.

 Enfio o resto da panqueca na boca e olho para a enorme janela logo acima da pia da cozinha. O jardim lá fora está tão lindo, com minhas lindas rosas de várias cores e a sombra da grande árvore que fica no meio do quintal. Talvez uma caminhada lá fora me faça bem. Me levanto, coloco a louça na pia e caminho até a porta de vidro que dá acesso ao jardim.

 Abro a porta e o ar fresco da manhã entra na casa. O cheiro das flores misturado com o frescor da grama recém-cortada faz com que eu me sinta revigorada. Ando até o pé de rosas que está ao lado da janela e pego uma rosa flor. Levo a rosa até meu nariz e fecho os olhos por um momento, sentindo a doçura e a suavidade da flor.

 Começo a caminhar pelo jardim, apreciando cada flor e planta que eu cuidadosamente cultivo aqui. Passo pela árvore que domina o quintal e olho para cima, vendo as folhas verdes e as flores que ainda restaram de sua última floração. Como sou grata por ter esse pequeno pedaço de natureza em minha casa. Um lugar onde posso me sentir em paz e me conectar com a beleza do mundo.

 Enquanto caminho pelo jardim, penso um pouco sobre minha vida e meus sonhos que acabei deixando adormecido. Me lembro do dinheiro que minha mãe depositou na minha conta e começo a pensar melhor em onde eu gostaria de viajar. Abro um enorme sorriso para mim mesma. Há um mundo inteiro lá fora esperando para ser explorado, e eu tenho a liberdade e a capacidade de fazê-lo.

 Estou solteira e posso conhecer outras pessoas. Talvez eu encontre alguém que seja mais compatível comigo, alguém que me trate com o respeito e carinho que mereço. Não quero me apressar e nem forçar as coisas. Seguirei meu coração e aproveitar minha liberdade. Quem sabe eu encontre alguém especial no momento certo, ou talvez eu queira me concentrar em mim mesma e nas coisas que amo fazer. O importante é que estou no controle da minha vida e posso fazer minhas próprias escolhas. O futuro é incerto, mas estou animada para ver o que ele me reserva.

16 de janeiro de 2008, 09:19

 Após horas conversando com a agência de viagens, passei no supermercado e comprei algumas coisas para fazer um almoço delicioso para mim. Agora estou na porta de casa lutando para abrir a porta com apenas uma mão, depois de um certo esforço eu consigo. Finalmente dentro de casa vou direto para a cozinha. Deixo as sacolas em cima da mesa e por fim, respiro profundamente.

 — Anely! — escuto Adam me chamando na porta que deixei aberta. Ele estava logo atrás de mim e não pensou em correr para tentar me ajudar? Ainda bem que dentro de mim nunca entrou, eu jamais me perdoaria.

 Ando em direção a sala de estar e lá está ele parado no meio da porta com aquele olhar de cachorro pidão.

 — Corri atrás de você para tentar ajudar, mas, você anda muito rápido! — ele fala comum sorriso sem graça no rosto. 

 — Obrigada por ter pelo menos pensado sobre isso querido — digo em um tom doce e carregado de açúcar para ele que se derrete em questão de segundos. Ele agora está me olhando com uma feição abobada. Deus como é fácil.

 — Estou aqui para te entregar isso! — ele me estende o cordão que é da minha mãe, eu estava usando no pulso no dia que terminei com Michael. Devo ter deixado cair "acidentalmente" por lá quando fui com Daniel no Donuts Anely.

 — Muito obrigada Adam! — digo muito entusiasmada como se essa fosse a coisa mais incrível que ele já fez em toda a vida — Não sei como agradecer — olho para o cordão de ouro puro com um pingente delicado de diamante em formato de coração — Significa tanto para mim — falo entre suspiros e olho para ele que ainda está com cara de idiota.

 — Eu sei e o reconheci na hora! — eu mostrei esse cordão a ele um milhão de vezes enquanto trabalhava com ele. Eu queria que ele o gravasse na memória. Se algum dia eu precisasse dele, bem, eu usaria o cordão ao meu favor. Por acaso naquela noite eu estava o usando. A minha intenção usando o cordão naquele dia era celebrar a força das Barkoff. Eu finalmente seria apresentada como namorada de Michael Jackson, o homem da minha vida, uma pena que não tenha dado certo. Nada dá certo para as Barkoff, deve ser uma praga.

 — Posso fazer algo para o recompensar? — faço um biquinho. Adam suspira pesadamente e morde o lábio fortemente ao olhar diretamente para a minha boca. Ele de repente dá um passo atrás e respira fundo.

 — Me entregaram isso assim que cheguei na cerquinha! — ele me estende um envelope branco com a letra de Michael do lado de fora. É uma carta. Depois de semanas, ele decide escrever uma carta? Bem, só assim para conseguir se comunicar comigo sem levar uma facada. Não respondo suas infinitas mensagens, suas várias ligações de segundos em segundos. Carta sem dúvida é a melhor maneira para se comunicar comigo nesse momento. Pego a carta de Michael com as duas mãos e a encaro por alguns longos segundos.

 — Obrigada, Adam! — em um tom calmo e baixo digo a ele que se aproxima e coloca uma das mãos em meu ombro.

 — Você está bem? Está pálida! — ele fala preocupado — Vem! Se sente! — me guia até a poltrona perto da porta. Me sento e volto a encarar o envelope por vários segundos fixamente — Aqui, tome um pouco de água! — ele me entrega um copo de água. Pego e o viro sem tirar meus olhos do bendito envelope.

 — Terminamos — falo repentinamente e pela primeira vez digo sem tentar causar nada. Apenas, digo. É a primeira vez que digo em voz alta — Posso ficar sozinha? — pergunto em tom neutro.

 — Claro, volto mais tarde. Não quero que fique sozinha! — ele fala todo preocupado — Tem certeza que quer ficar sozinha? — aceno positivamente. Olho para ele e abro um enorme sorriso. Ele respira fundo e também abre um sorriso — Volto depois, eu preparo o jantar, tudo bem? — aceno positivamente ainda com o sorriso em meu rosto. Adam sai fechando a porta delicadamente.

 Continuo encarando o vazio com o mesmo sorriso congelado em meu rosto. Sinto lágrimas quentes cair como uma corredeira do meu rosto. Meu sorriso vai desaparecendo pouco a pouco. Não chorava desde a minha conversa com Daniel. Que erro terrível é amar.

 Volto a olhar para o envelope. Ver a letra de Michael me causa uma dor insuportável. Tentei sufocar essa tristeza, fingindo que tudo estava bem. Mas, não consigo mais resistir. As lágrimas caem copiosamente pelo meu rosto, enquanto soluços convulsivos saem do fundo da minha garganta. Eu me sinto perdida e sozinha, como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado. O peso da tristeza é avassalador e parece que nunca vou conseguir me recuperar.

 Mas sei que preciso continuar. Preciso lembrar que sou forte o suficiente para superar essa situação. Então, eu respiro fundo e limpo as lágrimas do meu rosto. É hora de começar a me reconstruir. Sei que não será fácil, mas estou pronta para enfrentar o desafio. Abro o envelope e me deparo com um "Querida Rosquinha", isso faz meu coração balançar.

Anely | Michael JacksonOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz