Capítulo 29

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Anely James Barkoff
Condomínio Richards, Los Angeles
21 de dezembro de 2007, 22:04

 Eu estou sentada no banco da frente do carro de Daniel Hichello, com um delicioso hambúrguer em mãos, acompanhado por garrafas de água e diversos lanches no banco de trás. O carro está estacionado perto do portão do meu condomínio. Desde o momento em que entrei no carro, Daniel tem sido extremamente gentil e atencioso comigo, e agora ele está emprestando seus ouvidos para que eu possa falar o que quiser. Mesmo após ter falado muito, continuo a falar, e Daniel permanece focado e interessado em me ouvir.

 É reconfortante ter alguém que está disposto a ouvir e se importar com o que eu tenho a dizer. Além disso, sua presença tranquilizadora faz com que eu me sinta à vontade em compartilhar minhas ideias e sentimentos com ele. Sua paciência e empatia são atributos admiráveis, e é fácil entender por que ele é um modelo para muitos. Eu tenho a sorte de estar na companhia de alguém tão especial. É como se ele tivesse nascido para ser pai de menina, tão gentil e compassivo.

 — Deixa eu entender — Daniel segura um sorrisinho — Adam coloca seu nome na empresa dele e você não dá uma chance a esse cara? Anely, ele te ama, dá pra vê!

 — Não consigo enxergar dessa forma sábia? — cruzo meus braços e olho para frente — Ele parecia querer me impressionar e não conseguiu! — olho para Daniel — Eu gosto de ser mimada e apreciada de todas as formas, e Adam é bem lerdinho. Nunca tentou nada!

 — E como é a sua relação com seu pai? Dizem que mulheres que não gostam de homens como Adam, é porque não tiveram uma boa relação com o pai. Adam não toma a iniciativa e o controle e você precisa soltar o volante de vez em quando, não é? — EXATAMENTE.

 — Meu pai, como diria a comediante Marjorie, foi de Jackson Five. Morreu, bateu as botas e foi de cachinhos do Michael Jackson! — ele quase se engasga e então começa a rir muito alto.

 — Marjorie é maravilhosa! — ele diz entre risos. Aceno positivamente para ele. Ela realmente é uma deusa. Sempre que vejo algum show dela, me sinto renovada.

 — Quando ele morreu a minha mãe entrou em depressão profunda. Ainda tenho dúvidas se ele é mesmo meu pai. Uns dias antes de eu fugir de casa eu tinha visto algumas fotos dele e não encontrei muita semelhança entre mim e ele. Também não me lembro de algum dia a minha mãe reclamar "nossa, você é igual ao seu pai"! — pego minha garrafinha de água e tomo um gole.

 — Sinto muito por isso — ele diz baixinho — Eu já passei por isso e no fim, o cara realmente não era meu pai!

 — Se eu descobrisse hoje que ele não é meu pai, não faria diferença pra mim porque ele nunca esteve presente. Ele nunca foi carinhoso, quase não tenho muitas lembranças dele. Me fala do seu pai! — Dan faz uma careta engraçada.

 — Ele era um babaca, me amava, mas, era um babaca! Ele me criou como filho mesmo após saber que eu não era seu filho. Meu pai biológico nunca quis saber de mim, me procurou anos depois, quando eu já era um juiz, dono de um dos maiores restaurantes do país, um enólogo de sucesso e tudo mais! — nossa, que sacanagem — Quando ele morreu, eu fui lá fingir que me importava e no fim, me importei! — ele abre um sorrisinho assim que termina de falar.

 — Pelo menos você foi lá, você viu o corpo dele e tem certeza de que ele está morto. Eu fico pensando o tempo todo, será mesmo que ele está morto ou a minha mãe mentiu pra mim? — arqueio uma das sobrancelhas para Daniel — Às vezes acho que ele foi embora e nos abandonou, por isso foi tão difícil pra ela. Minha mãe se tornou horrível após a partida dele!

 — Sinto muito Anely — eu também sinto — Depois, podíamos tentar saber mais sobre isso! — aceno positivamente para ele — Vamos voltar para nossa recente crise! — ele se endireita no banco do motorista — Michael dançou com outra mulher e isso te deixou chateada!

Anely | Michael JacksonWhere stories live. Discover now