Após o banho, fiz uma make básica de "cara limpa", entrei numa live contando da novidade da minissérie e do "laboratório". Vários comentários e curtidas em poucos segundos. Terminei e devidamente maquiada entrei na sala para enfrentar a fera. Dona Marta, minha mãe e agente, estava agora na fase do choro. Era sempre assim ela brigava, esperneava e logo depois chorava.

— Tudo o que eu fiz para você, Lizandra... Quando você era pequena e tinha que ir aos testes eu largava tudo... Saía de Niterói e te levava aonde quer que fosse. Perdi meu emprego por causa disso, e nunca, nunca te deixei faltar nada... – "Claro né, eu que trabalhava." – Aula de canto, de atuação, de dança... e lá ia a estúpida aqui te levar em tudo. Você acha que era por mim? Não, era por você, pela sua carreira, seu sonho... – Sempre as mesmas coisas. Sempre o mesmo roteiro. Sendo que agora eu via que em grande parte o sonho era dela. Não que não fosse o que eu queria. Mas quando eu era criança ficava com a cabeça nas nuvens e não sabia a grande responsabilidade que tinha. Na verdade, com 10 anos de idade eu já sustentava a casa. Lógico que não era ingrata e sabia que muito do que tinha hoje fora pelas escolhas bem feitas da minha mãe, mas estava tão cansada em não poder ser eu mesma em público... estava, na realidade, exausta.

— Desculpa, mãe... eu vou ter mais cuidado. – Sentei-me ao seu lado e ela me agarrou chorando. Fase dois concluída. Agora vai falar que está tudo bem, que quer só o meu bem...

— Liz, eu só quero o seu bem. Olha, não pode ficar com essas vagabundas na rua. Usa o apartamento de Niterói, como combinamos. – "Você combinou, né, mãe?" E eu sou assim, sempre tive várias conversas com ela na minha mente, mas não conseguia emitir uma palavra.

— Ok, mãe. Vou pedir pra faxineira ir até lá e deixar tudo limpo. Prometo que não vai acontecer de novo.

— Filha, é para o seu bem! Pode ter suas namoradas... claro que se me perguntassem se eu queria ter uma filha sapatão diria que não. Quem quer ter uma aberração dessa na família? Mas isso é culpa do seu pai, se ele fosse presente... – Fase três concluída "Culpa do meu pai".

— Dona Penélope, sua vitamina... a senhora vai comer aqui? – Shirley, minha funcionária mais antiga, que trabalhava comigo desde que eu era pequena, entrou e perguntou.

— Pode deixar na cozinha, Shirley, já tô indo.

— Liz, você sabe que você precisa se comportar. O contrato com a novela bíblica depende disso...

— Mas, mãe, eu vou ser uma prostituta na minissérie do streaming, acho que esse contrato com a novela já azedou. – Falei me dirigindo para a porta.

— Que nada! Essa gente vive traindo a mulher, não vai ser problema. O pastor tá até alvoroçado com isso. – "Nojo." – O que não pode é essas coisas de gay e sapatão, que aí as portas se fecham...

Ouvi ela falando pela porta aberta. Abracei a Shirley suspirando fundo.

— Fica assim não, menina... dá tempo ao tempo. Daqui a pouco você vai poder ter a sua vida como quiser.

— Quando, Shirley? Até quando eu vou suportar? Primeiro era quando eu fizesse 18 anos, depois 21... tô com 23 e ainda vivo desse jeito.

— Tenho certeza de que quando você encontrar uma moça que faça teu coração bater diferente vai ter essa sua resposta...

— Será? – pensei nas conversas que havia no meu computador. Será?

No Recreio, já estava derretendo como manteiga em chapa quente, com um biquíni minúsculo enfiado no cu, em pé na frente do mar, com o Cauê abraçado nas minhas costas e sua ereção me cutucando a bunda. "Nojo! Nojo!"

Entre Fakes e LikesWhere stories live. Discover now