— Sou um livro aberto, Tiago, só pergunte o que quer saber e eu te direi.

— Simples assim?

— Simples assim.

— Ok, então...

Logo a comida foi servida e Tiago foi impedido de iniciar seu interrogatório quando percebeu que Bartô não brincou quando disse que ia caprichar na quantidade. A porção era de quatro siris para cada um, mas ele mandou oito, e dos grandes, assim como o dobro de pirão. A única coisa que se manteve a quantidade, foi o arroz.

— Nossa! Será que daremos conta disso tudo? — questionou, espantado.

— Vamos começar e aí veremos. — Um sorriso matreiro tomou conta dos lábios de Marissa.

— Então, vamos lá — concordou, aguardando ela se servir para fazer o mesmo.

Os dois comeram, conversaram, riram e se divertiram enquanto devoravam a refeição. Tudo à volta foi esquecido e algumas pessoas admiraram a interação do casal, que nem perceberam que existiam mais pessoas ao redor.

— Olá, Tiago, que legal de sua parte trazer a forasteira para conhecer o restaurante do seu Bartô, mas quem deveria fazer essa cortesia era eu ou minha mãe. — A bela jovem se dirigiu diretamente a Tiago, claramente ignorando a presença de Marissa.

Já dizia o ditado: quem vive de passado é museu, porém, ao ver Amanda à sua frente, Tiago lembrou o quanto ele pensava diferente disso. Amanda era linda, corpo curvilíneo, quadris largos, seios fartos, arredondados e empinados; tudo isso agregado aos seus olhos azuis, cabelos loiros e filha do prefeito, a tornavam o melhor partido da cidade, porém, não era esse último atributo que o atraía.

Os dois já tinham ficado várias vezes, e apesar de ele deixar bem claro que um envolvimento mais sério entre os dois, ou dele com outra pessoa, não era o que ele queria no momento, ela insistia que ambos deveriam namorar.

— Oi, Amanda! E não, isso não é um jantar de cortesia. Nós estamos apenas jantando!

— O que ele quer dizer, querida, é que não ele não está sendo obrigado a estar aqui, para ser bem sincera, eu que estou — Marissa disse, séria, fazendo Tiago arregalar os olhos.

— O-obrigada? Co-como assim?

— Sente-se conosco que vou te explicar. — Indicou a cadeira. — E, a propósito, meu nome é Marissa, e não forasteira — corrigiu a jovem com um sorriso polido. — E você, como se chama? — interrogou depois que a jovem se sentou no lugar vago na lateral da mesa.

— Ah, eu sou Amanda, a filha do prefeito — respondeu com orgulho.

Tiago conseguia compreender o fato de que Marissa não queria se envolver com ele, no fundo, até admirava tamanha força de vontade de resistir ao desejo que sentia, porque ele mesmo não conseguia e nem fazia a menor questão de disfarçar. Agora, convidar uma mulher que deixou claramente explícito seu sentimento de posse sobre ele, para se sentar com eles? Era golpe baixo demais!

— Que sobrenome diferente, Amanda filha do prefeito — repetiu, testando a sonoridade da frase, fazendo Tiago rir enquanto tentava engolir, com dificuldade, a água de sua taça.

— O quê? Não! Meu nome é Amanda Pedrosa, e eu sou a filha de Armando Pedrosa, prefeito de Lamar.

— Ah, entendi! Muito prazer, Amanda Pedrosa. — Ela ofereceu a mão para a jovem. — Eu sou Marissa De La Mancha!

— Prazer. — Amanda aceitou a mão estendida da mulher num estado meio catatônico, até que depois do cumprimento pareceu voltar a si e se aproximou de Marissa. — Você disse que está aqui obrigada, isso quer dizer que precisa de ajuda?

Sobre A-Mar Você - Degustação Where stories live. Discover now