Se existia alguém a quem Tiago respeitava nesse mundo, essas pessoas eram seus pais, e apesar de amar a mãe, a relação com o pai sempre foi mais leve. Eram pai e filho, mas sempre foram amigos, e se tinha algo que ele tinha daquele homem que estava sentado ao seu lado, era orgulho.

Seu Tadeu, como era conhecido por todos da pequena cidade, nunca teve a oportunidade de estudar, mas nem por isso deixava de ser um homem inteligente. Sempre teve facilidade em consertar coisas, desde pequeno, e essa habilidade foi se desenvolvendo ao longo dos anos, mais ainda quando Tiago o apresentou ao YouTube, onde muitas coisas eram ensinadas de forma gratuita.

Esse homem, que naquele momento o olhava com olhos especulativos, trabalhou por anos a fio para que ele pudesse concluir seus estudos, e ao contrário dele, ter um futuro mais fácil.

— Não deu para fazer o conserto, porque ia precisar de uma torneira nova — explicou —, mas coloquei um plug rosca no cano e disse que eu ou o senhor voltávamos para completar o serviço depois.

— Ótimo! — exclamou, orgulhoso.

— Como está a coluna? — perguntou, preocupado, uma vez que só por isso o pai o deixou ir em seu lugar.

— Está doendo um pouco ainda, mas amanhã já vou estar novinho em folha — garantiu e viu o filho sorrir, aliviado. — Mas, mudando o foco do assunto, qual o motivo de você estar nas nuvens desde cedo?

— O senhor não perde uma, hein, seu Tadeu? — comentou e o pai deu de ombros. — Conheci uma pessoa interessante hoje.

— Se ela é o motivo de você estar com essa cara de bobo, feliz o dia todo, aposto que é uma pessoa legal.

— É. Legal, interessante, linda, mas apesar de estar a fim, não quer nada comigo.

— Já gostei dela — zombou Tadeu.

— Qual é, coroa, você tinha me ajudar aqui! — Tiago entrou na brincadeira.

— Tudo o que vem fácil, vai fácil, filho. Você é um rapaz bonito, que é só estalar os dedos que cai uma penca de mulheres aos seus pés, um pouco de trabalho de vez em quando cai bem — afirmou.

— Pode ser, mas já estou trabalhando nisso. Consegui um jantar. — Empurrou o ombro do pai, se gabando.

— De maneira respeitosa, não é? — Dessa vez, Tiago sentiu a seriedade nas palavras do pai.

— Claro que sim, pai! Respeito acima de tudo.

— Isso aí — concordou. — Como foi que você conseguiu esse feito?

— Ela perdeu uma aposta.

— Meu Deus, Tiago! — Tadeu bate a mão na testa. — Não quero saber, mas preciso. Que tipo de aposta foi essa?

— Calma, pai, não foi nada demais! — o tranquilizou rapidamente. — Na verdade, é algo bem bobo na minha opinião, mas que parece ter muita importância para ela.

— Não entendi nada, mas como estou percebendo que você não quer me contar, só te dou aviso: seja o homem que te ensinei a ser.

— Pode deixar, pai.

— Minha única dúvida é: por que tanto esforço, quando você pode ter a garota que quiser? — perguntou Tadeu, atento à resposta do filho.

— Não sei, pai, é bem estranho, para falar a verdade, porque eu nunca olhei para mulher nenhuma da forma que olho para ela, como se já a conhecesse há muito tempo — tentou explicar. — Quando a vi pela primeira vez na praia, foi como se a conhecesse há muito tempo, e quando nos falamos, velho, meu estômago revirou! Minhas mãos suaram e meu coração acelerou de um jeito que pensei que fosse enfartar, juro. — Encarou o pai. — Tô ficando doido, não é, coroa?

— Claro que não, menino, isso é mais normal do que você pode imaginar.

— Se o senhor está dizendo, eu acredito, mas que é esquisito, ah, isso é.

— Eu sei, já passei por isso. — Sorriu ao se lembrar do que sentiu quando conheceu sua mãe. — Mas escute um conselho do seu velho pai — introduziu o assunto, recebendo um olhar atento do filho. — O único que pode te ajudar a desvendar os mistérios de todas essas sensações, é seu coração. Se você o seguir e confiar nele, tudo ficará bem. Pode confiar em mim.

— Confio cegamente, pai.

Os dois trocaram um aperto de mãos forte e um "abraço de macho". Tadeu entrou e encontrou a esposa na cozinha, enquanto Tiago permaneceu do lado de fora.

— O que vocês tanto conversavam? — Cecília perguntou ao marido, depois de receber um beijo na bochecha.

— Acho que nosso menino pode estar apaixonado — comentou, encaixando a esposa em seu abraço.

— Mesmo? Ai, espero que seja uma menina boa! Será que é a filha do prefeito? Ela é louca por ele, desde que tinha uns quinze anos — falou, animada.

— Seja quem for, querida, o importante é que ela o faça feliz — disse Tadeu.

— Sim, claro. Isso que importa.

Ver o filho sossegar era osonho de sua vida. Vivia dizendo que ele já estava com vinte e cinco, agoravinte e seis anos, e estava na hora de sossegar, constituir família e focar emtrabalhar no que estudou. Mas o que o filho tinha de bom, tinha de teimoso, contudo, alguma coisa dentro dela dizia: agora vai.
E ela estava muito animada com essa possibilidade.

(***)
Eu conto ou vocês contam o babado para dona Cecília, gente? 🤔

Ai ai, falo nada 🤐

Até o próximo capítulo ❤️


Sobre A-Mar Você - Degustação Where stories live. Discover now