Capítulo 3 - Loja.

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Sentada no chão da sala enquanto vasculha arquivos antigos me deparei com o caso que arruinou não só a minha carreira mais a minha vida inteira. Em uma grande letra estava destacado.

- "Caso Antonelli e Stevens"

- "Assassinato em primeiro grau, e violência sexual."

- "Culpado não encontrado."

- "Duas vítimas e um ferido."

- "Arma encontrada no local do crime."

Toda vez que lia aquele arquivo meu corpo se enchia de irá e angústia, quanto mais o tempo passava, mas me sentia frustrada e mais queria vingança. A imagem dos seus corpos sem vida estirados no chão violados, apenas porque disse não, a dois caras a quatro dias antes, sabia quem era, elas me contaram tudo, no dia seguinte, enquanto voltavam da faculdade no final da tarde após incontestáveis aulas, dois homens naquele dia a abordaram a um quarteirão da instituição, os vermes tentaram de tudo para fazê-las ir até uma balada, naquele dia estava trabalhando até tarde na patrulha da primeira rua comercial do centro da cidade, após a ocorrência de uma loja saqueada. Mas as mesmas foram salvas por um homem que passava na hora, os dois vermes ainda tentaram resistir, as meninas me falaram que o homem torceu o braço do primeiro quando o mesmo tentou desferir um soco nele, ainda estou a procura desse homem, um dia vou encontrá-lo e um dia expressarei a gratidão que elas sentiram naquele momento.

Quando cheguei em casa na manhã do dia seguinte as mesmas já estavam se preparando para tomar café, era sábado, então estariam seguras em casa, quando me contaram pedi que me falassem tudo que podiam lembrar sobre os rostos e alguma coisa que pudesse ser destaca como uma tatuagem ou cicatriz. E um dos malditos ostentava uma cicatriz em seu pescoço e o segundo homem uma tatuagem de orquídea em seu braço esquerdo na parte de dentro. Era algo a se considerar um pouco incomum, já que poucos homens fariam o tipo de tatuagem que representa uma mulher pura e outros significados. Era algo a se considerar uma boa forma de encontrá-los.

Enquanto estava concentrada no único relatório verdadeiro que consegui guardar antes que todos os outros fossem adulterados meu telefone começou a vibrar na mesa de madeira, segurei o mesmo na mão e antes de atender olhei o visor onde mostrava o nome de James um dos poucos policiais que ainda se importavam com o meu estado e ainda acreditava em mim em toda corporação, ponderei e não queria atender já que o mesmo me obrigaria a sair de cada para socializar, no fim atendi, pois o mesmo irá voltar a me ligar até perder a paciência e desligar o celular, mas no fim das contas o mesmo apareceria em frente a minha porta.

"Que saco! Era irritante atender ligações, principalmente as de James."

- Alô! - A irritação em minha voz foi inevitável.

- TIA ABA-A VEM PA MINHA FESTA HOJI! - O grito de Sara, uma garotinha de cinco anos na qual tinha um profundo carinho e na qual era constantemente usada para chantagens emocionais por seu pai, me pegou completamente desprevenida, me deixando envergonhada pela forma em que atendi.

- Oi, meu amor! Daqui a pouco estarei aí! Me espera okay? - Esse era o meu fim, teria que aparecer de qualquer forma naquela festa maldito seja James, sabia que não poderia recusar vindo dela.

- Papai dixe-e que voxe vai tazer plesente! - Continuou toda empolgada.

"Meu Deus vou à falência. Pensei com desgosto, amava a menina, mas dinheiro era algo que não jorrava como água em minha vida."

- Sim, querida, vou levar um presente para você, agora deixa a tia falar com o papai. - Do outro lado da linha podia se ouvir alguma agitação, mas não parecia que a festa havia começado, pude ouvir também Sara gritando o pai, assim que o mesmo pegou o telefone não pude segurar.

- Sério James, seu desgraçado de onde vou tirar um presente agora? Devo vender um órgão? - Falei o mais calmamente possível, meu colega de profissão sabia como me irritar quando não estava em um bom dia.

- Foi mal, mas você sabe como que Sara é ela quer ver você a todo custo, todo dia ela pede para ir até você, inventei que você estava ocupada procurando um presente para ela. - Por um momento tive que concordar que a garotinha sabia como ser persistente no que fosse.

- Okay, você escapou dessa. - Desliguei antes que o mesmo pudesse falar mais alguma coisa.

- Porcaria, aonde que vou arrumar um brinquedo agora? - Levantei do chão e caminhei até o quarto, abri o guarda-roupa e procurando alguma roupa festiva foi que notei que meu estilo era uma espécie de bad boy motoqueiro, mesmo sendo uma mulher não tinha muito senso de moda feminina, então quando entrei para academia da polícia meu guarda-roupa se resumiu em algo básico e fácil de trocar.

Após olhar por alguns minutos optei por uma blusa branca de gola alta, jeans preto e uma jaqueta de couro alongada que ia abaixo da minha bunda, amarrei o cabelo em um rabo de cavalo, coloquei meu coturno, peguei minha carteira e saí de casa.

Tudo bem que havia esquecido que justo hoje era o aniversário de seis anos de Sara, mas não que isso significasse que esquecia essa data com frequência, só aconteceu nesse meio tempo que minha vida virou de cabeça para baixo.

Novamente naquele mesmo dia peguei o ônibus que seguiria até o centro, sentei no fundo, no lado direito, dessa vez fiquei atenta por todo o trajeto, levou em torno de dez minutos, caminhei de direto até a uma loja de brinquedos que sabia que não comeria todo o meu dinheiro, e sabia o brinquedo certo para aquela garotinha.

A loja que ostentava uma janela de vidro com pilares de madeira tinha uma discreta placa dizendo "Loja de penhores" bem simples e discreta, pois o que chamava a atenção eram os artigos dentro da mesma, instrumentos incríveis e decorados eram exibidos em pedestais de madeira vermelha, haviam quadros, vasos e muitos outros utensílios que não sabia sequer o nome. Adentrei o local e por alguns instantes admirei a beleza do lugar, nada ali parecia velho, era incrível e único, não é o melhor, o preço cabia no meu pequeno orçamento.

Ava - VIVER OU MORRERحيث تعيش القصص. اكتشف الآن