Caçada

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Mais tarde naquela noite, Neteyam levou o corpo adormecido de Aonung para a praia. Finalmente, a chuva começava a fraquejar.

Segurava-o gentilmente nos braços enquanto voava no Ikran, que, por sorte, avançava sem precisar ser controlado por rédeas.

O Omaticaya percebeu que nos punhos cerrados do Metkayina desmaiado, havia uma pelúcia colorida que ele não soltava por nada. Mesmo sem consciência suas mãos permaneciam fechadas ao redor daquilo.

Por algum motivo, aquilo o fez sorrir.

Quando chegou até a costa e desceu da montaria, foi quase soterrado por uma avalanche de perguntas e elogios. Mal deram espaço para o Ikran atracar com segurança.

"O que você fez foi incrível!" "Como teve tanta coragem?" "Aonung está bem?" "Como o Akula entrou no Recife?"

Neteyam tentava inutilmente responder o que podia, protegendo com cuidado o corpo do jovem inconsciente das pessoas curiosas.

Por sorte, todos se calaram e deram espaço ou ouvir a voz do Olo'eyktan.

— Silêncio! Afastem-se! — Tonowari ordenou. Todos se pararam de falar e deram espaço para o homem que caminhava até eles. Atrás do marido, Ronal e Tsireya vinham apressadas e com o rosto repleto de lágrimas.

— Meu filho! Aonung, meu filho! — A Tsahik o tomou delicadamente dos braços de Neteyam. O Omaticaya sentia tudo mais frio ao ser afastado do corpo do parceiro de treino.

Quando constatou que o coração do seu primogênito batia e ele respirava, apesar dos machucados, Ronal olhou profundamente aquele que promoveu o resgate, fazendo uma reverência simples depois.

— Você salvou a vida do meu filho, e eu tenho um débito com você que não pode ser pago — Suas palavras estavam carregadas de seriedade e gratidão. Ela se virou com outras mulheres da tribo e se retirou para a tenda de cura.

Tsireya correu para abraça-lo. Passou pouco tempo nos seus ombros, quase pendurada graças a diferença de altura entre os dois.

— Você foi incrível. Obrigado por salvar a vida dele — agradeceu brevemente antes de ir com as outras mulheres atrás do irmão.

— Você teve o coração mais forte que qualquer guerreiro deste clã — A mão pesada do Olo'eyktan foi colocada sobre seu ombro. Sua altura enorme o fazia parecer intimidador, mas seu tom era gentil — Todos em Awa'atlu estão orgulhosos do seu feito, e muitos dos que estão aqui irão tecer o seu feito nas próprias redes de história. E eu estou grato, Neteyam dos Omaticaya, você salvou a vida do meu herdeiro.

A situação emocionante foi coroada com uma salva de palmas e gritos animados dos ali presentes.

O menino sentiu um abraço por trás, da sua mãe. Seu pai e irmãos chegaram logo depois, e em um instante estava praticamente sufocando num montinho que era a família Sully.

— Eu vejo você, Meu Grande Guerreiro corajoso! — Neytiri falava com a voz emocionada — Eywa caminha ao seu lado e o protege do abraço da morte!

O resto da noite passou rapidamente, e a chuva diminuiu até desaparecer.

Como era de se esperar, Neteyam não conseguiu dormir. Na verdade, assim que a multidão se dispersou — coisa que demorou algum tempo — ele foi atrás de Aonung, procurando a tenda onde estava sendo tratado.

Dentro do marui em questão, a Tsahik fazia rituais e pedia bençãos de cura, com Tsireya e outras duas mulheres a auxiliando. Velas vermelhas eram a única iluminação presente, e sombras cresciam dos corpos dos presentes, projetadas na parede.

Perdido no seu Azul│Aonung X Neteyam │Where stories live. Discover now