Rivalidade

4.6K 505 326
                                    

Quando Aonung percebeu que ficou responsável pela integração e treinamento dos Sully's, imediatamente tentou protestar, entretanto, o Olo'eyktan foi claro ao dizer que já estava decidido:

— Como meu filho e primogênito, é seu dever garantir que o povo fique bem, Aonung. Se os Sully's pediram uturu, fazem parte dos Metkayina agora.

A expressão do filho se fechou imediatamente. Ele cruzou os braços e saiu de lá junto com outros dois amigos, que não perderam a chance de fazer mais piadinhas depreciativas. Lentamente a multidão começou a se desfazer, ainda receosos com aqueles que acabavam de chegar.

Tsireya não demorou a vir até eles. Neteyam reparou que ela também havia encarado Lo'ak enquanto se aproximava da sua família.

— Sejam bem-vindos — A garota falou com um sorriso — venham comigo, eu os levarei até o seu Marui. Vocês podem descansar e conhecer a vila por hoje, devem estar cansados da viagem. Amanhã podemos começar o treinamento.

Enquanto a menina falava, levava-os por estruturas trançadas que serviam como passarelas e ficavam pouco acima dágua. As pequenas tendas, chamadas de marui, variavam de tamanho e serviam de habitação. Além disso, Neteyam viu algumas docas para canoas e para os curiosos animais marinhos (que Tuk já havia amado), bem como áreas sociais para conversar, se reunir e comer.

— Este é o lugar de vocês. Não é muito, mas vai servir — Tsireya falou, mostrando uma das tendas que estava desabitada — tirem o dia livre.

Neteyam olhou ao redor, observando a estrutura. Parecia algo novo, mas não era tão ruim.

Ao contrário dele, sua mãe, Neytiri, parecia insatiafeita com o local. Ela soltou frustrada um dos tapetes que serviria de cama para eles, e deu uma caminhada ao redor.

— Crianças, o que acharam deste local? — ela perguntou, desamarrando as sacolas e com uma certa tensão no rosto.

— Eles parece não terem gostado tanto de nós — Kiri respondeu, meio cabisbaixa — a própria Tsahik deles deixou claro que somos só mestiços com sangue de demônio...

Neteyam não lembrava-se desse acontecimento. Na verdade, depois da chegada deles, a mente dele se nublou com aqueles olhos tão profundos. Isso tudo soava estranho pra ele. O garoto não fazia ideia do que tudo aquilo significava.

— Ei, ei, Sully's, em formação — Jake os chamou, ajoelhando-se no meio do marui e chamando sua família para que fizessem o mesmo — Não há nenhuma aberração aqui, ouçam bem. Lembrem-se que todos aqui são tão Na'vi quanto eles. Eu sei que vai ser difícil, mas esse lugar é a nossa casa agora. Vocês precisam tentar se enturmar, aprender rápido e não arrumar confusão. Se não pudermos ficar aqui, não teremos pra onde ir. Vocês entenderam?

— Sim senhor, pai — Neteyam falou com o semblante sério, segurando a pequena Tuk nos braços. O irmão mais velho percebeu que a caçula tinha os olhos marejados.

— Papai, eu quero ir pra casa — a garotinha disse com a voz embargada de choro.

— Minha pequena, essa é a nossa casa agora, certo? Onde quer que estejamos, ficaremos bem se ficarmos juntos. O que seu pai sempre diz? — Neytiri pergunta, tentando esconder que também estava emotiva com a mudança.

— Os Sully's ficam juntos! — Todos responderam em uníssono.

Depois de se estabelecerem e guardarem suas coisas, Kiri e Tuk foram deitar para descansar um pouco, Jake foi ao centro da vila conversar com Tonowari sobre assuntos mais sérios, enquanto Neytiri ficava em casa preparando alguma refeição que comeriam depois.

— Ei mano, que tal a gente dar uma volta? — Lo'ak perguntou. Apesar da viagem longa, o garoto ainda tinha energia de sobra.

— Não enche Lo'ak, tô cansado da viagem — Neteyam respondeu — você pode ir procurar sua namoradinha sozinho.

Perdido no seu Azul│Aonung X Neteyam │Onde as histórias ganham vida. Descobre agora