|CAPÍTULO 3|

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"Vai, Soraya, vai ser muito bom." Soraya rolou os olhos impaciente quando imitou a voz de Rosabela. "Isso é porque ela não está aqui. Ela devia estar aqui." Continuou reclamando. Andando pelo pátio externo do casarão da fazenda dos Tebet, enquanto a festa rolava lá dentro, ela se sentou na borda de uma fonte. A água jorrava para cima, mas não respingava nela onde sentou. "Como poderia ser bom com um bando de gente soberba? Me olhando como se eu fosse uma doença." Ela resmungou e abaixou a cabeça, as duas mãos estavam por cima do colo.

Uma abelha voou na frente do seu rosto, de um lado pro outro. "Ei, para!" Soraya abanava com a mão, desviando da ferroada do bicho, se empertigava toda, mexendo a cabeça rapidamente. O bicho sumiu e ela sentiu seu cabelo soltar do penteado, quando sua única presilha caiu do cabelo, afundando na fonte à certa distância. "Era só o que me faltava!" Ela reclamou e ainda sentada, segurou com uma mão na borda da fonte e se esticou com a outra. Estava tão longe que os dedos de Soraya escorregavam onde seguravam para tentar alcançar.

"Você vai cair assim." Escutou uma voz aveludada e feminina soar atrás de si e no susto que levou, soltou do batente, se espatifando deitada dentro da fonte. Se molhou dos pés a cabeça e quando se ergueu, ouviu o riso da morena que se aproximava. Soraya passou as mãos no rosto, afastando os cabelos molhados na testa e a quantidade de água pesando seus cílios.

"Você me assustou!" Reclamando de novo, Soraya examinou a mulher à sua frente. Suas bochechas ruborizavam no instante em que percebeu que os olhos da morena não paravam quietos; mediam-na de baixo para cima, chegando a inclinar levemente a cabeça para o lado. Um ato discreto mas percebível.

"Eu tentei te alertar, senhorita...?" Ela soou vaga, perguntando o nome da loira.

"Soraya Thronicke." Soraya respondeu sem nem olhar para ela, por isso não viu quando a mulher arqueou as sobrancelhas. Ela tinha saído de dentro da fonte e sem nenhum decoro, juntava e torcia a barra da roupa, fazendo boa quantidade de água escorrer no pátio de concreto.

"Thronicke... Só podia ser."

"Só podia ser?" Soraya remendou e ergueu o rosto. Estava com uma feição irritada, não só pelo mergulho no raso. "O que você quer dizer com isso?" Ela perguntou. Também pudera... Pessoas haviam passado a noite com olhares cumpridos sobre ela, julgando-a deliberadamente.

A mulher de cabelos pretos e vestido na mesma cor, impecável, apontou para a loira, rodando o dedo indicador.

"Os cabelos, os olhos... Você me lembra vagamente os seus pais. É isso." Soraya franziu mais ainda a testa e deu um passo à frente. Por causa daquela cor de vestido, as curvas de Soraya ficaram mais evidentes quando o tecido colou em sua pele. Sua roupa íntima estava molhada por inteiro e além de arrepiada, Soraya Thronicke começava a sentir frio.

"E quem é você?" Ela olhou para cima para manter os olhos fixos do rosto da outra, estavam à um palmo de distância.

"Oh, me desculpe. Sou Simone Tebet. Você é a namoradinha do Rodrigo, certo?" Soraya rolou os olhos e deu as costas para Simone, esfregando os próprios braços para se esquentar. Os dentes começaram a bater e ela tentou disfarçar.

"Se! Se eu fosse namorada dele, não estaria nesse pátio sozinha... Simone." Ela respondeu, como se tivesse se ofendido por estar ali, molhada e abandonada por quem a convidou. "Rodrigo é um dos meus melhores amigos." Essa parte ela disse mais baixo.

Simone deu uma passo à frente, para mais perto da loira. Que gênio difícil ela tinha. Impetuosa, com respostas na ponta da língua, vindo desafiá-la tão de perto e depois dando as costas como se... Simone suspirou, esticou a mão e tocou no ombro dela. Soraya tremeu mas não saiu do lugar, olhou para Simone por cima do ombro e disse:

Correio Aurora [Simone x Soraya]Where stories live. Discover now