O Enigma

Sensibilidade

- Oi! - Niragi entrou. - Que casa foda, adorei os quadros.

- Foi minha mãe que pintou. Mas, e aí, quer um pouco de água?

- Não, valeu. E teus pais, onde tão?

- Foram trabalhar só, voltam lá pras sete. Bora lá pro quarto, então. Meus livros e o resto das coisas tão lá.

Suguru ficou um pouco nervoso por causa do ambiente: estavam sozinhos e num quarto, é definitivamente algo estranho. Porém, ao ver o quarto do garoto, sua atenção voltou-se para a decoração. Lá, estava um setup gamer foda, um pc quebrado, uma lousa cheia de cálculos e uma porrada de papéis escritos. Tinha umas decorações de anime, mas não eram tão importantes quanto aquela pilha de conhecimento.

- Meu Deus, Chishiya, o que é isso? Tu tá formulando um plano maligno?

- Eu tenho medo da impressão que tu tem de mim. Não é nada maligno, são apenas meus estudos sobre química e neurotransmissores.

- Isso é definitivamente maligno. - Fez o loiro rir.

- Tenho certeza que tuas anotações não ficam pra trás. Deve ser cheio de letra de música melosa.

- Ah, vai falar que tu não curte uma musiquinha emocionada, romântica?

- Nem a pau, só ouço com uma arma na minha cabeça.

- Hm, então tá.

Em pouco tempo, os dois garotos começaram a "estudar": na realidade, Chishiya ficava esbanjando seu conhecimento enquanto Niragi o chamava de nerdola, embora estivesse gostando de vê-lo se amostrar e admirando a sua inteligência. E, o olhava fixamente, deixando Shuntaro levemente tímido.

- Tá prestando atenção, imbecil?

- É claro que tô, ué. Como não prestar atenção num nerd virgem sendo nerd virgem?

- E quem disse que eu sou virgem?

- Eu, né.

Chishiya apenas o ignorou, e continuou falando.

Enquanto isso, Shuntaro não percebia que o corpo de Niragi ficava cada vez mais próximo do seu, o que era péssimo para este último. Sentia que estava criando uma tensão sexual com uma porta, então sorriu sozinho sem querer.

- Qual é a graça?

- Nada, só pensei em uma coisa aqui.

- Preste atenção em mim, por favor. - Fez uma cara um pouco brava.

- Eu estou prestando atenção em você, sim. Não se preocupe, professor. - Tentou.

- Não é em mim, é no conteúdo.

- Sinceramente, não parece ser isso que você quer que eu faça. - Deixou Chishiya confuso.

- O que quer dizer, hein?

- Tu só é amostrado, só isso. E tá se amostrando pra mim - Olhou-o nos olhos. - Mas não se preocupe, sua inteligência é atraente.

Shuntaro corou e não conseguiu esconder; Suguru sentiu-se vitorioso.

- V-você é muito carente, me elogiando dessa forma. Quer chegar aonde com isso? - Por pior que pareça, perguntou genuinamente.

- Não sei, gosto de me divertir. E é engraçado te deixar envergonhado, não vou mentir.

Chishiya riu, com algo em mente. Nessa última frase, percebeu o significado por trás da sutileza de Suguru.

- Então, vamos nos divertir de outro jeito. Tenho uma ideia em mente. - Niragi ficou curioso. - Vou só pegar uma garrafa de vodka e dois copinhos.