O Trono contra o amor

O Baile Com Morte

Sarada não sabia oque esperar, pois afinal nunca fora para uma ocasião como aquela, mas de uma coisa a garota sabia, que não esperava a cena que avistou assim que atravessou os grandes portões escuros de pedras para adentrar o salão de bailes. O lugar era oval e prateado de baixo a cima, sem janelas mas com uma temperatura gelada. Nas paredes haviam tapeçarias totalmente vermelhas, com a exceção da silhueta de uma estrela amarela e uma ferramenta desenhada no canto delas.

Enquanto andou se mantendo próxima de Bolt, Sarada conseguiu ver ainda outras dezenas de tapeçarias mostrando imagens que exibiam diferentes cenários sobre várias histórias nelas, todas contando glórias de Momoshinki. A parte escondida da morena que era apegada em pinturas reparou na maioria delas, até a jovem se recordar de que aquilo era totalmente trivial naquele momento. Ela então desviou os olhos das paredes para olhar oque ocorria pelo salão.

Os olhos da jovem se depararam com muitas figuras exóticas de peles muito claras que estavam dançando, comendo ou gargalhando, além de outras coisas. À esquerda e à direita do salão estavam duas grandes mesas com banquetes já sendo consumidos. Mas oque espantou Sarada foi a falta de civilidade ou moral no local. Enquanto dezenas de casais dançavam pelo salão, outros simplesmente se consumiam em beijos como se pretendessem se devorar.

Alguns soldados com figuras femininas de diversas etnias estavam próximos das paredes e para uma certa surpresa de Sarada davam a impressão de que avançariam para além de beijos ali mesmo no meio da multidão. Os convidados dançando, entretidos em conversas cheias de risos ou comendo dos banquetes próximos das fartas mesas pareciam simplesmente não se importarem com a lascividade ao redor.

Sarada se viu quase confusa por tais cenas que lhe lembravam animais estarem acontecendo no que parecia um salão elegante e todo prateado como se entalhado em uma imensa pedra de gelo brilhante, e desviou a atenção de um soldado beijando o pescoço de uma jovem loira. A visão mais incomum para ela era que, em um palco dourado no final do salão estava um trono, com um homem emanando uma aura totalmente gélida assentado nele, de pele tão branca quanto possível e com uma grande coroa prateada com jóias sobre sua cabeça.

O suposto rei estava com uma expressão de divertimento e presunção enquanto assistia seus soldados e jovens garotas prenderem os corpos ao máximo possível divididos apenas por tecidos. Homens usavam roupas de couro, já as mulheres vestiam túnicas finas semelhantes a lençóis que não se diferenciavam muito como se tivessem vindo de um único lugar, talvez de uma única costureira. De seu trono, o governante assistia à todos, e passeava os olhos pelos convidados, se demorando em algumas cenas totalmente desavergonhadas.

Comidas remexidas, depravação, além de altas risadas que chegavam a incomodar os ouvidos. Sarada não teve certeza de para onde olhar, um resultado de crescer em uma vila simples onde pais decidiam com quem os filhos casariam e os vigiavam de perto em qualquer festa. Talvez devesse olhar para o chão dourado ou para o gigantesco e reluzente lustre luminoso como um sol acima de si ? A morena até cogitou ir se manter atrás da única figura familiar ali, Boruto. Mas seu instinto avisou que se encolher ou se esconder não ajudariam.

Ela precisaria de estômago e mente fortes para lidar com a situação naquele mundo novo, e assim teria. Por fim, a jovem decidiu erguer o queixo e retribuir cada olhar que começaram a direcionar para ela, a única garota intocada ali de muitas formas, e descobriu que não despertava exatamente julgamentos, mas uma certa curiosidade deles. O medo não era difícil de afastar, era como um inseto que por um instante pousou em sua pele para lhe roubar sangue mas logo fora afugentado, mas a confusão estava impregnada na mente de Sarada.

- ...Oque tá acontecendo ? - A morena olhou para o general ao seu lado tentando passar naturalidade na voz.

Bolt não lhe tocava, mas andava tão próximo da morena que deixava obvio que ela estava com ele, que lhe pertencia como um achado que só ele havia encontrado. Sarada não teria se surpreendido caso ele decide colocar algum sinal de posse nela pela expressão do general olhando ao redor até voltar os olhos novamente para ela.