Capítulo 16

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Wednesday Addams. Pov

Vivi aqui na mansão desde sempre, claro que me lembro da nossa antiga casa, mas eu não gostava de considerar aquele imóvel já que nele eu vi minha mãe chorar pela primeira vez, chorar de verdade ao ponto de parecer um bebê. As lembranças daquela madrugada não são as melhores, gritos por toda parte, meu irmão caçula sem vida nos braços de mamãe, Mortícia desesperada chorando sem parar e papai olhando toda a situação sem saber o que fazer. Meu pai é tão terrivelmente pegajoso com minha mãe que esqueço-me de sua força emocional, pois o mesmo pegou mamãe pelos braços e disse "Venham crianças.", ele estava triste, todos nós estávamos, mas ele se manteve firme pelo bem da nossa família, já que se continuássemos lá morreríamos em meio ao fogo igual Pubert morreu.

Por que estou me lembrando disso? Bem, eu sempre me mantive forte, nunca me deixei levar por emoções e as achava tolas demais, mas Enid chegou destruindo muros que eu acreditava serem necessários, no começo eu entrei em pânico já que não queria me tornar uma mini versão dos meus pais, agora percebo que eu não precisava ser 100% sem emoções. Essa lembrança do meu pai me fez lembrar de quando achei Enid praticamente morta em seu quarto, eu juro que quis chorar... Nunca me imaginei nessa posição, eu não queria ser forte e sim me agarrar a ela e chorar, mas eu não podia, precisava tira-la em segurança e foi aí que eu entendi meu pai. Forte quando precisa ser e carinhoso com mamãe nas horas restantes, eu poderia ser assim com Enid também.

-Mon coeur, chegamos.- Enid tirou sua cabeça do meu pescoço, havíamos chegado em casa finalmente.

Descemos do carro de mãos dadas e meus familiares estavam na porta esperando, Cariño estava sorridente e eu com minha expressão normal, minha família estava um pouco perplexa ao nos ver.

-Enid calma, fique tranquila querida, mas parece que um unicórnio vomitou em você. Tropeço por favor pegue um pano para limpá-la.- Mamãe disse meio chocada com as roupas da minha companheira, isso me irritou um pouco.

-Essas são as roupas dela mamãe. Apenas descarregue nossas compras Tropeço.

-Eu estou exultante com a chegada de vocês, mas Enid... Você tem um senso bem peculiar de moda.

-Ok, agora chega de falar da roupa dela.- Encerrei o assunto.

-Como estava a cidade? Faz tempo que não a visito, acho que poderia voltar com minhas viagens.- Tio Fester se manifestou e nós respondemos enquanto entramos em casa, foi quando ouvimos um barulho e olhamos para trás.

-Enid? Como pode fazer isso com sua própria família?- Esther Sinclair disse, ela deve ter sentido o cheiro dela e veio verificar e nós não estávamos preocupadas em sermos vistas já que estamos entrelaçadas, infelizmente nem tudo é perfeito e a demônia é minha sogra. -Essa garota está recendendo seu cheiro por toda a alcateia!

-Essa garota é a minha companheira e eu não tolerarei que a desrespeite na minha frente!- A lobisomem mais nova se colocou em minha frente, mas nossas mãos continuavam unidas. Eu sentia sua tensão, não estava sendo fácil para ela enfrentar sua mãe assim.

"Cariño, no se preocupe conmigo."- Ela apertou ainda mais a minha mão.

-Eu não posso desrespeitá-la? Mas ela e essa família de esquisitos podem roubar nossas terras, afrontar nosso estilo de vida com o deles e ainda roubar a alfa verdadeira da alcateia!?- Eu sabia que Enid estava perdendo a paciência, não consigo compreender como ela ainda aprecia a companhia e a aprovação de sua mãe, em respeito a ela eu não matarei a velha chata.

-Eu não entendo como Enid possa ter consideração por alguém tão abaixo do seu nível, mas em respeito a ela peço para que se retire e de preferência não volte mais.- Disse tentando manter a paciência, a velha riu sem humor.

-Nenhum Addams manda em mim! Saibam que eu pedirei uma reunião do concelho!

-Mamãe a senhora vai incomodar o alfa atoa, Wandinha e eu somos companheiras a senhora gostando ou não, e eu tenho muito orgulho de dizer isso.- Enid disse sorrindo pra mim, eu sorri de leve o que fez a lobisomem sorrir ainda mais.

-Estão avisados! Quando esse bando de góticos forem expulsos não venha até nossa casa chorando, você não é mais minha filha.

Minha alfa estava visivelmente abalada com as palavras que sua mãe lhe referia, gostaria de poder fazer alguma coisa, mas mamãe encostou no ombro dela e disse:

-Enid não precisa de vocês já que agora ela é nossa filha, apesar das demasiadas cores, ela continua sendo uma Addams.

-Você envergonhou o nome da nossa família, espero que esteja orgulhosa do que fez.- E assim a chata da minha sogra saiu e foi até sua residência, essa mulher é extremamente insuportável. Pensava em mil maneiras de matá-la, já estávamos em nosso quarto quando ouvi um barulho de choro bem baixinho.

-Enid, Cariño?- Me aproximei de nossa cama e encostei em seu ombro, eu não era a melhor pessoa para consolar os outros, mas por ela eu estava disposta a tentar.

-Minha mãe me odeia.- Ela se agarrou em mim como um coala e suspirei tentando aceitar essa nova intimidade que estávamos tendo, tudo acontecia tão rápido em nossas vidas.

-Cariño ela não te odeia, a velha odeia a si mesma.

-E-ele não pode me expulsar da alcateia, minha loba escolheu você e ele não pode me tirar do bando por isso, é contra as regras.- Ela se referia ao alfa.

-Bom, eu sei que a alcateia é importante, mas você ficaria tão mal assim se saísse dela?- Enid me olhou com aqueles belos olhos azuis e por um momento achei que tinha me enfeitiçado.

-Você continuaria comigo se eu fosse expulsa?

-Seria um sonho viver te torturando em paz.- Ela riu, ótimo! Ela parou chorar por conta da velha.

-Ser expulsa da alcateia não é uma coisa bem vista, as ômegas vivem sozinhas e os alfas envergonhados.

-Sorte a sua que não sou uma ômega qualquer, adoraria viver sozinha.- Ela me olhou e eu lhe dei um selinho que a fez corar -Sozinha com você bobona.

-Willa, se mamãe convocar mesmo uma reunião eu quero dizer ao alfa o que ela fez comigo, torturar um membro da alcateia é crime e... Por mais que me doa, não posso deixá-la impune.

-Tudo bem Cariño, posso ser sua testemunha.

-Só lobisomens participam da reunião.

-Agora sou sua mulher, achei que pudesse, não quero perder a oportunidade de ver minha sogra comendo o pão que o diabo amassou, o diabo sou eu inclusive.- Enid gargalhou e sua risada era fofa em níveis enjoativos.

-Bom, todos os companheiros participam da reunião, mas acredito que suas palavras não valerão como testemunho, desculpa Willa.

-Lobisomens e suas leis. Quem sou eu para quebrá-las?- Ela me olhou desconfiada e eu fiz carinho em sua bochecha a desviando dos pensamentos que provavelmente não duvidavam de minhas doces mentiras.

"Saudades de passar a noite inteira amado você."-Ela corou e provavelmente eu também.

"Bom, você não precisa esperar o cio voltar para me tomar para si, é sempre uma honra ser deliciosamente torturada por você."- Enid me colocou na cama e retirou minha camiseta, ela admirou meus seios cobertos pelo sutiã, aquele olhar selvagem dela era sempre um ótimo estimulante.

"Seus pais vão ouvir?"

"Óbvio, todos vão." Ela me olhou com uma cara desconfortável e eu tinha que embriagá-la com o momento para que ela se esquecesse dos meus familiares lá fora. -Cariño, te dejo hacer lo que quieras conmigo.- Seus olhos voltaram a ter o desejo que antes estava se indo, ótimo! A tarde estava apenas começando!

Para os lobisomens estávamos em lua de mel, minha alfa é insaciável, esse tipo de comportamento era o adequado.

Vizinhos |Wenclair + Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora