Capitulo 8

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PESADELO

"Tiago Sousa",faz uma cota que não me chamam pelo meu nome,que as vezes eu até esqueço que ele é assim. Na realidade,desde que o Pesadelo chegou em mim,o Tiago nunca mais deu as caras e se depender de mim,nunca mais vai aparecer

Tiago é meu lado fraco,cheio de ressentimento,de dor e culpa,ele faz parte do meu passado,um bagulho que eu não quero desenterrar e se pá nem lembrar mais,afinal,passado é passado,morreu ali

Bagulho doido mermo é entrar pra essa vida irmão,o papo foi dado,se entra,não sai mais e eu escolhi isso pra mim,não tenho que culpar ninguém pela vida que eu levo,a decisão foi minha e eu não me arrependo

Pra merecer tá na gestão de um morro,tem que ter feito muita merda,ter acabado com muita vida por aí ou então ser herdeiro de traficante,que era o caminho mais fácil pra subir de patente

A parada é que eu era a primeira opção,eu não era vapor,não era aviãozinho ou gerente de boca,eu sujava minhas mãos parceiro e eu tô falando no sentido mais horrível do bagulho

Metia medo em geral,porque eu era explosivo pra caralho e com o "serviço" que eu tinha aqui,ninguém queria ficar por perto. O papo é que eu tive que melhorar esse meu lado,se não quem ia acabar morto era eu

Antigo dono da Maré era o Pereira,cara parecia ser firmeza pra porra,fazia muita coisa boa pela comunidade,só que nenhum traficante é taxado de bonzinho por aí. Pereira era jurado de morte pela outra gestão,o cara não podia nem respirar fora da comunidade que acabava na vala

Tu acha que os caras iam esperar ele dar bobeira por aí?

Nem eu achava,dito e feito,uma tropa do caralho invadiu o morro na madrugada,papo de muito soldado e contenção entrando aqui,pegou os mano tudo de surpresa e quem teve que ir proteger o covarde do Pereira? Isso mermo,eu!

Admirava muito ele pela forma que comandava a Maré,mas se tem uma coisa que eu não engulo é deixar teus mano se fuder sozinho enquanto tu só pensa no teu rabo. E foi isso que ele fez,mandou todo mundo bater de frente com gente grande e ficou escondido em casa igual um rato

Naquele dia muito homem do nosso lado foi morto,papo triste mermo,foi chacina no bagulho. Eu quase fui pra vala também,eu não fiquei igual um pau mandado escoltando filho da puta não,fui pra linha de frente ajudar meus mano. Era isso que eu acreditava e foi isso que eu fiz,matei pra caralho também,se quer vir brincar,tem que aguentar até o final

O líder da facção ficou puto com a covardia do Pereira,namoral,todo mundo tava puto,muito soldado tinha morrido nessa brincadeira,vacilo da porra. Ele me encarregou de matar o pau no cu e eu fui sem pensar duas vezes,eu que não ia desperdiçar essa chance

O mano me entregou a chefia do morro assim,afinal era lei,matei o comandante,agora o bagulho era meu. Ele disse que me filmava fazia uma cota,só tava esperando um vacilo do Pereira ou a morte dele,aí veio os dois de uma vez

Tô nessa desde então,não tenho vontade de sair e nem posso,é só lembrar a regra da parada,só sai do tráfico morto e eu só vou abandonar essa merda assim

Não tenho nada a perder e isso que é bom,assim não tem chantagem ou ameaça. A única família que eu tinha,eu perdi a muito tempo,posso dizer que a culpa foi minha,mas não quero mexer no que tá quieto

Minha comunidade tava tranquila por enquanto,mas nunca deve descansar no bagulho,a qualquer momento pode vim filho da puta querendo crescer em cima de nós e eu não deixo passar batido,mexeu com quem tá quieto? Tem que tomar muito no cu

-Pega aí -Rei me estendeu um baseado e eu acendi,o levando até a boca e relaxando na cadeira

-Vê se bate um papo com a Clara e desenrola quem facilitou pra mina entrar aqui -só posso tá com pouca moral no bagulho,dei a ordem pra garota meter o pé e os cara colocam ela dentro de novo

Minha perdição Where stories live. Discover now