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- Acho que finalmente entendi porque nos colocaram para trabalhar juntos.

Bakugou me encarou sério, exigindo a resposta com um simples arquear de sobrancelha. Bom, eu praticamente obriguei ele a me escutar. Preferi não testar a paciência dele e botar tudo para fora, por mais deprimente que soasse. 

- Querem que eu me contente em ficar na sua sombra. Nos completamos porque posso minimizar os danos na sua audição e acrescentar nas suas estratégias. Nada mais. 

Seu semblante vacilou um pouco quando mencionei a questão da surdez, parecia impressionado por eu ter notado.

Achou mesmo que fosse o único prestando atenção?

- E aí, quer que eu sinta pena de você?- Bakugou indagou ríspido, contrariando sua reação anterior- Não preciso de ninguém para alcançar o primeiro lugar. 

Eu devia ter ficado quieta.

- Deixa pra lá.- desviei o olhar, cansada.  

-  Agora é a sua vez de ouvir, garota.- Katsuki gritou e eu assenti devagar, confusa- Se aceitar que decidam seu futuro por você, não vai chegar a lugar nenhum. Para com essa merda de esperar validação dos outros e corre atrás do que você quer. Já devia saber que ninguém vai fazer isso por você.

Pisquei atônita, eu estava realmente recebendo um conselho decente de Katsuki Bakugou. Ele foi bem mais bruto do que Midoriya ou Kirishima seriam comigo, mas acabou sendo exatamente o que eu precisava escutar nesse momento.  

- É isso, eu vou dormir.- declarou repentinamente- Se ainda estiver com raiva, resolva com quem inventou esses treinos.

Bakugou saiu antes que eu pudesse agradecê-lo e eu remanesci ali por mais alguns minutos, admirada com a mudança nas nossas interações. 




Bati no seu escritório, nada preocupada em ser discreta no processo. Aizawa abriu pouco depois, preocupado pelo horário, e eu não perdi tempo com cerimônia. Garanti que ninguém estava morrendo, antes que ele acionasse algum alarme, e entrei sem convite. 

- Está tarde, pode esperar até amanhã?- propôs, ainda enrolado em seu saco de dormir.

Fora de cogitação.

Aizawa decifrou o "não" em minha expressão e logo fechou a porta, tomando o assento atrás da sua mesa. Odeio brigar com ele.  Aguardei que ele se acomodasse e procurei a forma menos agressiva possível para confrontá-lo ao rodar o cômodo em passos contidos.  

- Queria que tivesse sido honesto comigo desde o começo, Aizawa. Agora tudo o que consigo pensar é que, para você, nunca vou ser tão boa quanto os seus outros alunos.

Vulnerável demais, Miranda. 

- Fujiwara, desacelera.- gesticulou para que eu me sentasse e continuei de pé, tristeza cobriu seus traços- Eu sei que o resgate da Eri não saiu como você gostaria, mas tem que parar de se cobrar desse jeito. Foi a sua primeira missão de verdade e você fez o que estava ao seu alcance. 

- Admite logo que me colocou com o Bakugou por pena.- interrompi seu discurso motivacional, mudando completamente o ar da conversa.

ALL I NEED | Bakugou x OcOnde histórias criam vida. Descubra agora