BAD HABITS || Charles Leclerc

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Recife, Brasil

MERLIA

Passar um tempo longe das câmeras era tudo o que eu mais precisava naquele momento. Depois da última corrida catastrófica, eu deixei tudo para trás e atravessei o oceano para passar um tempo com meus avós.

Sempre vinha visitá-los pelo menos duas vezes ao ano, mas com toda a loucura que a minha vida se tornou, eu não os vejo desde o último Natal e esperava poder compensar esse tempo perdido.

Alyssa e eu havíamos saído com nosso avô para andar de cavalo, o que eu não fazia desde meus doze anos e era um espécie de tradição na nossa família.

Quando chegamos em casa encontramos minha avó preparando o jantar.

- Que cheiro bom. O que está fazendo? - tentei olhar dentro da panela e recebi um tapa na mão em troca.

- Aí! Que grossa.

- Ainda não está pronto. - ela disse. - Melhor vocês irem se trocar, eu aviso quando estiver.

- Tudo bem. - Alyssa concordou rindo por nós duas então subimos para o nosso quarto.

Depois de tiramos "pedra, papel, tesouro" para ver quem tomaria banho primeiro e eu perder, eu me joguei na cama e esperei pela boa vontade da minha irmã de entrar no banheiro.

Estava quase cochilando quando meu telefone começou a tocar. Busquei pelo mesmo em meio aos lençóis e quando achei, vi o nome de Charles brilhando na tela.

Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes ele havia me ligado desde que cheguei aqui. Esperei para que a chamada caísse na caixa portal e desliguei o telefone.

Charles não era o único que tentava falar comigo. Max também estava sendo ignorado. Não queria falar com nenhum dos dois tão cedo.

Eu odiava brigar com Max e odiava ainda mais brigar com Charles. Mas ambos me magoaram, ambos duvidaram de mim e isso me irritava. Eu só precisava de um momento de paz.

- Você devia atender. - Alyssa acabou me assustando com a sua aparição repentina.

- Ainda não tô pronta para falar com nenhum dos dois.

- Não dizendo pra falar com os dois. Estou dizendo para falar com Charles.

- Ele acha que eu ainda estou apaixonada pelo Max. Eu já não deixei mais do que claro que quero está com ele? O que mais ele quer de mim?

Ela não respondeu.
Pela primeira vez na vida minha irmã não tinha uma resposta na ponta da língua.

- Eu vou tomar banho. - me levantei da cama e fui em direção ao banheiro. Eu precisava relaxar.

Tentava manter minha cabeça longe de tudo e de todos. Queria aproveitar ao máximo o tempo que teria com a minha família, mas infelizmente eu não estava tendo muito sucesso com isso.

🏎

Já eram quase três da manhã e eu ainda estava acordada. Eu rolava de uma lado para o outro na cama, mas o sono havia simplesmente sumido.

Ultimamente, eu estava tendo muita insônia, mesmo estando cansada eu não conseguia dormir e isso me agoniava. Bufei, me sentando na cama.

Passei a mão sobre o meu rosto e decidi ir até a cozinha para tomar um copo de leite. Quando cheguei ao pé da escada vi as luzes da sala estavam acessas e logo estranhei.

- Vovô?

Seu Tobias estava sentando em sua poltrona no canto da sala, bebendo uma xícara de chá. Ele se virou para me encarar e sorriu.

- Venha. Faça companhia para o seu velho avô. - e assim eu fiz, me sentando na outra poltrona. - Está sem sono de novo, querida?

- De novo? - indaguei sem entender.

- Escuto seus passos no corredor, eu tenho um sono leve. E também, sei que que não são ratos que estão acabando com o sorvete de chocolate branco da geladeira.

- Me desculpe por isso. Sei que é o seu sorvete favorito.

- Deixe disso. O importante agora é entender o que está se passando com a minha linda neta. Quer me contar o que está acontecendo? - perguntou com cautela.

Eu suspirei, não conseguia mentir para ele.

- Tem um cara...

- Ah, problemas com o coração. Conte-me mais.

- Eu gosto dele, tipo, muito. Mas ele ainda dúvida disso. Acha que estou apaixonada por outro. Eu abri mão de tanta coisa para está com ele, tô arriscando a minha carreira no automobilismo por isso. E a troco de quê? De quê adianta tudo isso se ele não acredita em mim?

Meu avô suspirou e segurou minha mão.

- Quando eu conheci a sua avó, pode parecer brega, mas eu digo que foi amor a primeira vista. - disse de forma nostálgica. - Tínhamos apenas 19 anos e todo mundo achava uma grande loucura, diziam que nosso relacionamento não duraria. Nos conhecemos em uma semana e na outra eu estava deixando a Inglaterra para vim morar aqui. E veja só, ainda estamos juntos.

- O que quer dizer com isso?

- Eu larguei tudo para ficar com a sua avó e sim, foi muito arriscado, mas no fim tudo valeu a pena. Querida, não devemos começar um relacionamento pensando no que pode dar errado, pensamos sempre no que está dando certo.

- Acha que estou fazendo o certo? Mesmo que tudo acabe em questão de segundos?

- Relacionamentos sem riscos são chatos. - disse me fazendo rir. - Ah, finalmente um sorriso para iluminar esse rosto tristonho.

- Obrigada, vô. Não sabe o quanto isso é importante pra mim.

- Agora, será que eu posso saber o nome do rapaz que está tirando o sono da minha menina? E por favor, não me diga que é aquele seu amigo egocêntrico.

Eu sabia exatamente de quem ele falava.

- Vovô, não fale assim do Max! - o repreendi mas não evitei uma risada baixa. - Ele é meu melhor amigo, não entendo porque não gosta dele.

- Eu tenho uma lista de motivos, se eu começasse agora terminaria quando você já estivesse com filhos.

- Bom, então realmente iria demorar. Felizmente, não é o Max.

- E então...?

- Charles Leclerc.

- Espera, o mesmo Charles com quem você implicava quando criança? - perguntou confuso.

- Pois é. Que ironia, não é mesmo?

- Bem, ele corre pela Ferrari, já tem pontos comigo por isso. Mas se ele machucar minha garotinha, ele vai ser vê comigo.

Eu ri, novamente.

- Você não existe, seu Tobias.

Oi, gente!!!
Me desculpem pelo sumiço.

Eu estou um pouco sobrecarregada com algumas coisas da faculdade então não tenho tido tanto tempo para escrever.

Mas vou tentar compensar vocês com uma maratona de Natal. 3 capítulos novos em um dia, o que acham?

Vai ser meu presente pra vocês.