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Portimão, Portugal

MERLIA

O GP de Portugal era de longe o mais empolgante e animador para mim. Foi aqui que meu pai subiu ao pódio pela primeira vez, não só ele mas também uma grande lenda do esporte, Ayrton Senna.

Eu daria tudo de mim para subir no pódio esse fim de semana, mas primeiro eu tinha que me concentrar e não fazer besteira. Meu corpo estava aqui, mas meus pensamentos estavam longe e isso era péssimo.

Eu não falava com Max desde aquela noite, estava o evitando e ele sabia disso. Foram várias ligações e mensagens deixadas na minha caixa postal e apesar de ouvi-las eu não respondia.

Ainda não estava pronta para encará-lo e admitir para ele e, principalmente para mim mesma, que eu estava apaixonada.

- Lia, tá me ouvindo. - a voz de Antonella me fez sair do meu transe. Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos e foquei nela.

- Não, desculpa. O que você tava dizendo?

- Por quê eu recebi dezenas de mensagens do Max perguntando de você? - ela me encarou desconfiada.

- Eu meio que não tô falando com ele.

- E eu posso perguntar o porquê?

Olhei ao redor e me certifiquei de que não tinha ninguém próximo o suficiente para ouvir o que eu diria em seguida.

- Eu vi ele e a Kelly juntos. - disse quase como sussurro próximo ao seu ouvido e seus olhos se arregalaram com tamanha surpresa.

- O quê!? - ela falou alto. Tão alto que as pessoas ao redor olharam na nossa direção.

- Shiiiuuu. - tampei sua boca. - Fala baixo.

- Desculpa. - a italiana se recompôs e voltou a me encarar. - Nós estamos falando da mesma Kelly? Tipo, a Kelly Piquet? A ex do Daniil?

- Ela mesma. - concordei encostando minha costas na cadeira. - Me sinto péssima.

- Não fica assim. - tocou minha mão. - O Max não é o único cara no mundo e quando você menos esperar vai ter um caidinho aos seus pés.

- Até parece.

- Qual é, você é Merlia Lawrence. Qualquer um mataria pela sua atenção. - um pequeno sorriso surgiu em meu rosto, afinal ela tinha razão. - E o que vai fazer me relação a isso? Não pode fugir pra sempre.

- Eu sei e não faço ideia. - fui sincera e soltei um longo suspiro.

Com a cabeça ainda nas nuvens, minha atenção foi desviada para o piloto da Scudeira Ferrari que andava pelo paddock cercado de câmeras e fãs, como sempre.

Seu olhar se cruzou com o meu por um breve momento e isso me fez lembrar da noite em que ele tentou me ajudar e eu não deixei.

Odiava que as pessoas me vissem na minha forma mais vulnerável e principalmente se essa pessoa fosse Charles.

Eu raramente demonstrava meus sentimentos, a última vez que fiz isso foi no dia em que meu pai morreu, a sete anos atrás, desde então fazer isso se tornou um grande problema pra mim.

- Eu preciso descansar um pouco antes do primeiro treino livre. A gente se mais tarde, tá bom?

- Tudo bem. - Antonella assentiu. - Fica bem.

Me despedi dela e deixei a cafeteria da Red Bull, seguindo em direção ao meu motorhome. Assim que abri a porta do cômodo, dei de cara com Max sentado no pequeno sofá que há ali, mexendo em seu celular.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntei chamando sua atenção. Seu olhar desviou do aparelho, para mim.

- Precisava falar com você. - disse guardando o celular e se levantou. - Por quê não atendeu minhas ligações, ou se quer leu minhas mensagens?

Porque você é a droga de um mentiroso.

- Max, essa não é a melhor hora para conversarmos.

- Não vou sair daqui até que me diga o que está acontecendo.

Eu bufei.
Max era muito persistente quando queria e eu sabia que ele não iria embora até consegui arrancar algo de mim.

- Não tá acontecendo nada. Eu só tava com muita coisa na cabeça e precisava ficar sozinha, só isso.

- Tá mexendo na sua pulseira. - apontou para meu braço e eu nem percebi o que estava fazendo. - Você faz isso quando está nervosa, ou mentindo.

Odeio o fato dele me conhecer tão bem ao ponto de saber quando eu estou mentindo.

Naquele momento, eu me vi sem saída e optei por dizer logo a verdade.

- Eu vi você com a Kelly, naquela noite em Bahrein.

Suas expressão preocupada, agora era de surpresa e talvez até culpa.

- Eu ia contar.

- Quando, Max? Quando estivesse subindo no altar com ela? - ele não respondeu, apenas desviou seu olhar do meu. - Por que mentiu pra mim?

- Porque eu sabia como você ia reagir quando descobrisse. Eu tava tentando evitar essa situação.

- E adiantou de alguma coisa? Nós estamos exatamente onde deveríamos estar se você tivesse me contado a verdade.

Eu não queria brigar, mas eu estava magoada. Não só por saber que eu sentia algo a mais, mas também pelas mentiras.

- A quanto tempo isso tá acontecendo?

Max hesitou em responder.

- A uns dois meses. 

Meu coração, que já estava apertado, agora se despedaçou em mil pedaços. Senti o gosto da bile na minha garganta e tive que engoli a imensa vontade de gritar tudo o que sentia, aqui e agora.

- Eu já ouvi de mais. - passei a mão pelo rosto e dei as costas para o loiro. - É melhor você ir agora.

- Lia... - tentou encostar no meu braço, mas eu me afastei.

- Anda logo. Eu preciso me trocar. - minha voz saiu baixa mas rude.

Ele não disse mais nada, apenas abriu a porta e saiu.

Quando eu finalmente fiquei sozinha, soltei toda a respiração que nem percebi que tinha prendido. Me joguei no sofá e coloquei a almofada sobre o meu rosto, abafando o mini grito que eu dei.

Não podia deixar aquilo me afetar e não iria.

Acho que tá na hora do Charles entrar em cena

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Acho que na hora do Charles entrar em cena.
O que vocês acham?

BAD HABITS || Charles LeclercWhere stories live. Discover now