Merlia Lawrence e Charles Leclerc eram o oposto um do outros e talvez por isso tivessem uma péssima relação. Eles não se suportavam e a rivalidade entre os dois era muito conhecida dentro e fora do paddock.
Eles achavam que nunca teriam nada em comu...
- Onde é que você tá com a cabeça!? - Horner perguntou irritado. Sua voz era capaz de ser ouvido fora da sala, mas ele não parecia se importar. - Charles passou a frente do Max e o seu rendimento não ajudou em nada a nossa equipe!
- É, eu sei. - murmurei baixo.
- Então por quê não faz nada para melhorar?! Que droga! - bateu suas mãos na mesa, fazendo um estrondo alto e me assustando.
Eu nunca tinha o visto tão irritado.
- Eu já entendi! Mas gritar comigo não vai mudar nada! - eu também me exaltei e me pus pé.
- Se você não melhorar, eu vou ser obrigado a procurar outro piloto e você vai perder o seu lugar. - disse, agora, mais calmo.
- Eu já posso ir? - indaguei impaciente, não querendo continuar com aquela conversa.
Não esperei que ele respondesse, apenas dei as costas para ele e sai da sua sala, sentindo meu sangue ferver de raiva em minhas veias.
Logo os olhares da equipe se voltaram pra mim, mas eu os ignorei e continuei meu caminho até meu motorhome.
- Merlia! - Antonella me chamou, vindo atrás de mim.
- Não é uma boa hora. - disse sem ao menos olhar para ela.
Ouvi seus passos diminuírem, o que indicava que ela me compreendeu e não insistiu mais. Entrei no quarto e fechei a porta com força, encostando na mesma e deslizando até o chão.
- Eu preciso de férias. - murmurei fechando os olhos.
- Que bom, porque eu também. - uma voz invadiu meus ouvidos, me dando um baita susto.
- Leclerc! - exclamei irritada. - Que mania feia de aparecer sem avisar!
- Pensei que Antonella tivesse avisado. - Charles estendeu as mãos para me ajudar a levantar.
Eu aceitei.
- Ela tentou, mas eu não dei ouvidos. - contei me sentindo culpada por isso.
- Você tá com aquela carinha de novo. - ele tocou meu rosto e analisou minha expressão. - O que aconteceu?
- Discuti com o Horner, de novo. Eu não aguento mais, Charlie.
Apoiei meu rosto no seu peito e ele afagou meu cabelo, me puxando para mais perto.
- Vai ficar tudo bem, Meli. Eu sei que vai.
- Gosto quando você diz essas coisas pra mim. Parecem verdade. - ergui minha cabeça para poder encarar diretamente seus olhos verdes.
- Mas é verdade, princesa. Você devia ser mais positiva, sabia?
- Eu prefiro ser realista. Mas você me dá esperança, então talvez eu tente.
- Já é alguma coisa. - sorriu e segurou meu rosto para juntar seus lábios aos meus.
Era impressionante como ele sempre conseguia me relaxar, mesmo nos meus momentos mais caóticos, que não era poucos. Senti minha costa bater contra a parede a medida que tudo ficava mais intenso.
Minhas mãos agarraram sua cintura quando sua língua invadiu minha boca. Se continuassemos com isso, eu não responderia por minha ações.
Estávamos tão entretidos um com o outro, que esquecemos completamente onde estávamos e quase deixamos tudo ir por água baixo.
As batidas na porta, nos despertaram e nos separamos rapidamente. Ambos sem saber o que fazer, não podíamos ser vistos juntos. Então empurrei Charles para trás, o fazendo entrar no banheiro.
- Lia? - era Max.
Merda.
- Pode entrar! - disse tentando ao máximo parecer natural.
- Marko disse que você tinha brigado com o Horner. Eu só queria ver como você tava.
- Eu vou ficar bem, só preciso de uma boa noite de sono e esquecer que esse dia aconteceu.
- Certeza? - me olhou com dúvida e deu um passo a frente, se aproximando. - Quer que eu fique com você?
- A sua namorada não vai gostar muito disso. - constei. - Na verdade, acho que ela não gosta muito de mim, no geral.
- Você é a minha melhor amiga, Lia. Nem ela, nem ninguém, nem nada nesse mundo vai me separar de você. Não de novo.
Eu sorri com sua declaração. De fato, desde que nos conhecemos, Max e eu nunca mais nos separamos, mas agora as circunstâncias era totalmente diferentes.
- O que você vai fazer no summer break?
- Eu ainda não sei. - dei de ombros. - Por quê?
- Pensei de passar uns dias no chalé da minha família, o que você acha? - sugeriu tocando minha mão. - Como nos velhos tempos.
Eu engoli em seco.
- No chalé.... da sua família?
- Isso. - concordou.
Não, de jeito nenhum. Eu não boto meus pés naquele lugar tão cedo. Foi lá onde tudo aconteceu, onde Max e eu jogamos tudo para o alto e fomos para cama juntos.
- Não acho que seja uma boa ideia. - disse recuando cada vez que ele se aproximava.
Fui até a porta do banheiro para fechar a porta, não querendo correr o risco de Max perceber a presença de Charles aqui.
O monegasco apenas fez gestos para eu me livrar do loiro o mais rápido possível.
- É por causa daquela noite?
- Você disse pra eu esquecer e foi isso o que eu fiz. E agora você quer me levar de volta pra aquele lugar? Não, isso não vai rolar.
- Lia...
- Não vamos ter essa conversa agora, Max. É melhor você ir, eu preciso descansar. Foi um dia cheio. - pedi já dando as costas para ele.
Demorou um pouco, mas quando eu ouvi a porta se fechando atrás de mim, eu suspirei aliviada. Passei a mão pelo meu rosto e tive uma imensa vontade de gritar.
Charles saiu do banheiro e sua expressão não era a das melhores. Eu não o culpava, ele ouviu o que não queria, eu também ficaria chateada se fosse eu.
- Me desculpa por isso. Nós nunca falamos sobre esse assunto, eu não sei o que deu nele.
- Eu sei. - murmurou.
- Como assim?
- Por Deus, Merlia! Tá na cara que ele queria relembrar o que vocês viveram. - disse irritado.
- Não, ele não queria. E mesmo se quisesse, não ia acontecer. Você tá ficando paranoico.
- É claro que você não vê. Ou não quer. - riu sem humor. - Ainda tá apaixonada por ele?
Ele tá de brincadeira comigo?
- Vai embora, Leclerc. - mandei.
Toda a calma que ele poderia ter transmitido pra mim, sumiu de repente. Charles pareceu surpreso com a minha ordem, mas eu não voltaria atrás.
Estava irritada e muito chateada.
Quando me dei conta, já estava sozinha. Me sentei no sofá e abracei meus joelhos. Tudo estava desmoronando bem na minha frente e eu não tinha o controle de nada.
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