Projeto de Treinadora

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Como não tinha nem Kuroo, nem Kenma para me acompanhar na volta, não tinha motivos para ficar aguardando. A chave ficara com um dos assistentes e eles iriam cuidar de abrir o ginásio e a sala do clube na ausência do capitão.

Minha volta foi silenciosa, até demais para meu gosto. Vez ou outra me peguei olhando por cima do ombro apenas para me deparar com a rua vazia. Era uma sensação bem estranha que apenas sumiu quando desci na estação do meu bairro, passos rápidos me levaram direto para a casa logo em seguida.

Quando virei a esquina vi que um carro estava estacionando na garagem, era meu pai, ele retornou da viagem para se encontrar com Fabrício pela manhã e foi direto para a clínica.

Subi os degraus e deixei a porta aberta para que ele entrasse, com a maleta em mãos e o jaleco no ombro. O mais velho agradeceu tirando os sapatos na entrada e fechar a porta logo em seguida. Haviam olheiras embaixo de seus olhos, e sua barba estava mais longa do que costumava estar.

— Está trabalhando bastante — comentei —, pela primeira vez na vida.

Ele tombou a cabeça para o lado e sorriu cansado — Ainda sou seu pai, me respeite.

Sua mão voou para a parte de trás de meu pescoço, apertando de leve, me fazendo levantar os ombros imediatamente em resposta. O mais velho me puxou para trás se apoiando nos meus ombros enquanto andávamos juntos para a cozinha.

Minha mãe via algo no notebook enquanto panelas estavam atrás dela, ela trabalhava como uma consultora de campanhas de marketing, não precisava estar presencialmente nos lugares. Assim como a tive muito presente durante minha infância, sua escolha era sempre estar perto para Nico também.

Assim que entramos, ela ajustou os óculos no rosto, levantando os olhos da tela e sorrindo imediatamente — Veja só se não são duas das minhas pessoas favoritas. Como foi o dia de vocês?

— Cansativo — respondi.

— Estou quebrado — o velho D'Calligari disse —, quem precisa de fisioterapia sou eu.

— Talvez esteja na hora de voltar a fazer algum exercício físico querido — alfinetou a mais velha —, ao invés de só cuidar daqueles que fazem.

A consciência parece que pesou, pois ele colocou a mão na barriga e se virou tentando ver o reflexo na geladeira — Não estou engordando, estou?

Gargalhei alto e cutuquei sua lateral — É para se analisar, que tal medir seu IMS?

— Engraçadinha — me empurrou — vocês duas sempre estão contra mim. Onde está meu filho? O único que me apoia.

— Nico está la em cima fazendo suas atividades — minha mãe respondeu. E rapidamente mudou de assunto antes que ele começasse a ser dramático — Chegou tão rápido de manhã que nem falou de sua viagem, como foi?

O homem abriu um pote de biscoitos e pegou alguns pares antes de se encostar na bancada e discorrer sobre a sua viagem.

— Fechamos contrato com uma escola local, Shiratorizawa o nome. Vamos implementar um projeto de acompanhamento junto do time e do treinador — explicou —, parece que eles são uma potência na região. Passaram para as nacionais por alguns anos seguidos, Fabrício vai cuidar das negociações.

— Mas ele vai atender e cuidar dos projetos? — questionei após pegar uma garrafa de água da geladeira.

Com a boca cheia de bolachas, ele balançou a cabeça mastigando - Não, vai parar de atender.

Minha mãe soltou um riso sarcástico — Até parece, tenho certeza que ele vai passar a abrir consultas na parte da noite.

— Aí é com ele — meu pai respondeu —, disse para ele deixar de lado momentaneamente. A clínica está bem estruturada e andando sozinha, se ele atender clientes será por capricho.

Constantly Flowing - (Kuroo x Leitora)Where stories live. Discover now