064.

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O trajeto de volta à Alfea foi tenso. Ao chegarem lá, Riven carregou Musa, buscando por ajuda e sendo seguido por Ully e Sky. Não demorou ao encontrarem o restante das fadas, esperando preocupadas pelos amigos.

Terra, por mais em choque que estivesse, foi a primeira a se prontificar com alguma ajuda. Correu até Riven e Musa, logo os guiando para a estufa em passos firmes e decididos.

Ully pensou em ir atrás, segui-los e ficar o tempo todo ao lado da irmã. Mas, era como se algo lhe prendesse ali, fazendo-a não conseguir sequer mexer um músculo.

- Lily! - sua atenção foi finalmente fisgada. Mãos frias seguraram nos ombros da de cabelos escuros, que depositou seus olhos acastanhados na figura de Stella, que analisava a feição da amiga. - Ah, meu Deus, eu sinto muito.

Bloom, Aisha e Flora também se aproximaram da garota, assustadas. A fada da luz então passou o dedo indicador suavemente pela bochecha de Ully, enxugando uma lágrima solitária que insistia em cair.

- Ela vai ficar bem - assegurou a fada da mente, tentando convencer todas ali, inclusive - mais uma vez - à si mesma.

Bloom assentiu rapidamente.

- Claro que vai - respondeu. - Todos vocês vão ficar bem - sorriu fraco, tentando se encaixar ao lado da amiga, abraçando-a de forma desajeitada.

O restante das garotas, fizeram o mesmo. Um abraço coletivo se formou, enquanto o coração de Ully se preenchia - finalmente - com algo bom. O sentimento de acolhimento e de estar em casa.

Com os braços cruzados e o corpo encostado em um pilar, Sky observava a cena. Sua mente estava a milhão nesse momento, mas, de alguma forma, o loiro não se permitia sentir nada.

Nada do que tivesse feito naquela noite. Sabia que isso lhe traria consequências, mas... depois ele lidaria com isso.

Ou não.

Curvando os lábios em um sorriso amarelo, Sky viu seu olhar se cruzar com o da namorada, ainda dentro do enorme abraço caloroso.

- Eu te amo - ele sibilou de longe, totalmente inaudível.

- Eu te amo - ela sussurrou de volta, no mesmo tom cuidadoso.

A noite a seguir, seria ainda mais longa. Mas, os adolescentes não sairiam um lado do outro, nem por um segundo sequer.

•••

Alguns dias se passaram desde o incidente. E, nesse mesmo período, muitos planos foram feitos para uma tentativa de captura à Sebastian.

A direção inteira de Alfea estava nessa. Incluindo, obviamente, Rosalind. Ully não escondia o quanto desprezava a mulher - principalmente após descobrir a participação dela nas falhas de seus poderes -, mas, a garota sentia-se focada demais em acabar com o bruxo de sangue, para colocar sua intriga com a diretora em primeira pauta.

Foi difícil os adultos da situação aceitarem um aluno - além de Bloom - metidos em planos tão arriscados. Mas, uma coisa que Ully havia percebido desde que fora convidada para a confraternização dos ex-alunos, era que Rosalind, por algum motivo, "gostava" de tê-la por perto.

Algo puxado para um tipo de aproximação. Algo que, se dependesse da garota, nunca rolaria.

- Ele não vem mais - a voz de Bloom anunciou, o tom de frustração presente do início ao fim.

Não demorou para a magia voar cuidadosamente, revelando os carros, seguranças e outros, que rodeavam o lugar.

Mais um plano falho para a lista.

Ully revirou os olhos ao sair de um dos carros, seguindo Rosalind, que andava calmamente até a fada do fogo.

- O que ele disse? - perguntou a diretora.

- "Resolvemos depois" - respondeu a ruiva. - Acho que ele sabe qual é a nossa.

- Não me surpreenderia - continuou Rosalind, observando enquanto Silva também se aproximava. - Bavani está convencida de que ele tem espiões por toda parte.

- Confio em todos os soldados daqui - o especialista assegurou.

- Mais seis fadas drenadas - retrucou a mais velha. - Em seis regiões diferentes de Solaria.

Ully suspirou.

- Ele provavelmente está ganhando tempo - disse, irritada. Os olhares caíram sobre a fada da mente, que deu de ombros. - Bom, como isso aqui não vai rolar... de novo, podemos ir embora? Tenho coisas a fazer.

Sem esperar por uma resposta, Ully caminhou mais uma vez para o automóvel de onde viera. Porém, antes que pudesse se arrastar para dentro, uma voz soou atrás de si.

- Ully - Silva chamou. A fada se virou de forma lenta, observando o homem mais alto com as mãos na cintura. - Como... como está o Sky?

A garota definitivamente já esperava por isso. O namorado continuava reprimindo tudo que sentia e - como se já não tivesse feito isso vezes o suficiente -, ignorava a existência de Saul Silva.

- Diz ele que está bem - respondeu a de cabelos escuros, rindo nasalado. - Sky é... complicado, senhor Silva - tentou explicar. - Ele ainda está na fase de negação, só que uma hora, ele vai ter que lidar com o que está sentindo de verdade.

- E é isso que me preocupa - o mais velho lamenta. - Só não desiste do garoto, está bem?

- Nunca - assegurou a fada. - Não se preocupe, senhor, quando ele se permitir sentir o que tiver para sentir, estarei ao lado dele - continuou. - Aliás, vai ficar tudo bem! Vocês vão ficar bem.

O homem sorriu de lado, batendo uma das mãos levemente no ombro esquerdo da garota. Mais do que tudo, o especialista queria acreditar naquilo.

- É, eu espero que sim.

••••••

𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde as histórias ganham vida. Descobre agora