— Não muito.

Jisung mentiu, sendo imediatamente castigado pelos céus com um alto ronco em seu estômago.

— Está com fome?

— Não, não é isso, vamos entrar! - Jisung sorriu sem graça.

— Nós temos tempo - mostrou os ingressos - vem, vamos comer algo primeiro.

Lee percebeu cedo que além de teimoso, o garoto bochechudo ao seu lado tinha grande tendência a negligenciar suas próprias vontades, preferiu lidar com o comportamento a sua maneira ao invés de pontua-lo, então rapidamente tomou a mão direita dele e começou a andar.

— O que quer comer?

— Qualquer coisa ‐ Jisung encarava sua mão entrelaçada com a de Minho, envergonhado demais para escolher.

— Hm, acho que não tem isso aqui, vai ter que escolher algo.

— Pode ser algo que você costumava comer lá em New Jersey.

Han tinha a convicção que de alguma forma essa escolha agradaria o outro, imaginava que por estar sozinho, longe 'de casa' e da família, o rapaz poderia querer um gostinho norte americano para satisfazer sua bondade.

Já Lee, não tinha ideia de onde encontrar comida do fatídico 'Garden State' americano, tudo que lembrava tinha queijo demais ou eram pratos típicos de outros países tragos por imigrantes. Ele inclusive, na maior parte do tempo que esteve lá comia comida coreana.
Famílias tradicionais como a dele e de Changbin, mesmo que sem muitas tradições, não abandonaram sua cultura, fazendo questão que os filhos estivessem bem inseridos na comunidade coreana entre os mais de quarenta mil habitantes de Hankensack.

No fim, optou por hambúrguer. Pediu dois grandes hambúrgueres com batata frita e milk-shake, baunilha para ele e chocolate para seu acompanhante.

Jisung estava prestes a comer quando viu Minho abrir o lanche:

— Eu não como cebola - explicou para o garoto que o encarava encostado no sofá temático da hambúrgueria.

— Não confio em quem não come cebola - Han afastou sua comida - Quem é você e quais são suas intenções? - brincou.

— Vai acreditar em mim se eu te contar as minhas intenções?

A expressão travessa no rosto de Minho despertou mais uma vez a estranha inquietação no pé da barriga de Jisung, ele lentamente reaproximou sua comida e deu um longo gole no milk-shake de chocolate. Para o mais velho, isso nada mais foi que uma cena divertida.


Recém passava das seis quando entraram no aquário. Em primeira vista não restava quase nenhuma família, apenas alguns casais apaixonados trocando carícias enquanto subiam as escadas que levam à primeira atração.

O chamado "Átrio do arco-íris" é uma sala cheia de tubos-tanque repletos de peixes coloridos divididos por tipos e espécies, mal tinham pisado no espaço colorido e Jisung não conseguia mais conter a animação, correndo em direção ao primeiro dos enormes tubos de vidro.

Minho o seguia silenciosamente, de tanque em tanque, admirado com o poder do caro ingresso.

— Dory! Será que vendem desses aqui?

— Você não pode tê-lo - Jisung o olhou indignado - os peixes hepatus são frágeis, um aquário doméstico não é suficiente e o mau manuseio pode causar perda de cor e erosão das nadadeiras!

Minho levantou os braços em redenção, surpreso.

— Certo, certo, sem Dory pra mim... Para quem nunca veio aqui você sabe bastante sobre peixes.

— Nem só de anime vive o homem - respondeu caminhando em direção a próxima atração.

Ao adentrarem a zona de peixes nativos, uma jovem usando um hanbok lilás entregou um folheto explicativo, dizendo que a cortesia era devida ao fim do horário das atividades interativas. Lee gentilmente pegou o folheto enquanto Han apenas continuou andando, conhecia os detalhes daquelas espécies de cór.

No "Jardim da Coreia", eles alimentaram as carpas.
No "Espaço Amazônia", Jisung contou a Minho dezenas de fatos sobre os animais encontrados na região.

— Sabia que as lontras podem chegar a quase 2 metros?

— Não me parecem muito grandes.

— Essas são de cativeiro, mas uma lontra-marinha adolescente facilmente te derrubava numa luta.

Ya!! Tá me chamando de baixo?

No "Laboratório marinho", leram silenciosamente as informações sobre as espécies em riscos e observaram juntos os grandes jabutis.

Tudo era incrível. Tinham tantas coisas para ver que Jisung se lamentou por não ter levado seu caderno de bolso para escrever sobre a experiência, ele estava contando com sua memória para guardar cada detalhe dos tubarões do "Reino do Oceano".

Tell me that you're still mine (minsung)Onde histórias criam vida. Descubra agora