Capítulo 13

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Ravi

— Irmão, Monique está aqui. Fugiu da Espelho D'água na quinta-feira, foi parar na casa de José Ferro e a safada da Poliana levou a caninana até eles. A velha bateu na minha irmã, Ravi. Apareceu um primo da família estrangeira e ele também ofendeu minha pirralha. Mais uma vez preciso de você aqui. Yuna começou passar mal com minha filha nessa gravidez de risco, mas tenho que ir lá na Espelho D'água. Ninguém bate na minha irmã e respira por mais de 24 horas. Vou foder a vida desses desgraçados.

Acelerei a caminhonete pelo cascalho molhado até a Coração de Pedra, ouvindo os primeiros áudios de Joshua, já sabendo de tudo.

Dona Bruna foi a primeira a me contar o que havia acontecido, na estrada, assim que meu celular entrou no sinal da rede. Só não entendia por que meu irmão ainda não sabia que Monique havia sido atacada em minha casa, que ela estava comigo todos esses dias.

À distância, eu podia ouvir os cachorros de Josh latindo. Quando larguei o veículo ao acaso em frente aos muros verdes ao redor da sede, bati no portão e fui rapidamente atendido pelo padrinho do meu amigo. As coisas estavam realmente mudando naquele lugar reservado.

— Ravi! — o homem pouco conhecido gritou atrás de mim, enquanto eu invadia, incapaz de parar os pensamentos caóticos que estavam enchendo minha cabeça.

— Já sei de tudo, José. Só quero saber dela.

Ele entrou na minha frente enquanto eu puxava a pistola mal ajustada do meu cós frontal.

— Calma aí, Ravi. — Levantou as mãos. — Estou contando com você para manter seu amigo equilibrado.

— A pequena está lá em cima? — Olhei para o primeiro andar, enfiei a pistola curta e dourada firmemente nas costas e caminhei em direção à casa.

— Ela está em uma consulta com um psicanalista.

— Puta que pariu! Quem é esse médico, porra? — Agarrei a camisa do careca barbudo e o joguei contra a caminhonete de Josh que estava pelo caminho.

— É... online... a consulta. — Um suspiro alto e involuntário escapou do homem, então eu o soltei e me afastei com as mãos no ar.

— Desculpa. Minha cabeça está fervendo. Essa garota é minha família agora, eu sei que você entende. — Continuei me movendo na direção da sede.

— Não conheço o psicanalista, só sei que ele é de São Paulo. — O homem limpou a garganta, seguindo ao meu lado. — A esposa de Joshua tinha o contato.

— Conseguiu a medida protetiva? — perguntei.

— Fiz uma petição diretamente ao Ministério Público e espero ser concedida ainda hoje. Também estou aguardando um mandado de busca na fazenda. Há armas ilegais lá. Vou colocar o que puder nas costas da Fernanda... Escute antes de entrar... Espere um minuto.

— Sim?

— Monique viu o irmão transtornado e me fez prometer não contar a Joshua sobre ela estar com você esse tempo todo. E para falar a verdade, acho prudente. Já entendi que, além da esposa, você é a única voz sensata que meu afilhado respeita. É melhor não perdermos isso. Já assumi a culpa e levei a merecida bronca. Eu estava com Monique e escondi dele até hoje. Certo?

— Obrigado por toda a ajuda, José. Você merece um abraço apertado do seu afilhado. — Bati minha mão no ombro dele e não me alonguei na conversa.

Empurrando a porta, invadi a casa e segui pela longa sala de estar, observando a ex-amante de Joshua andando perto do pé da escada. Na testa ela tinha uma ferida recém-tratada, no corpo um vestido simples com uma alça rasgada. Os braços e ombros encolhidos indicavam o quão vulnerável ela também estava.

A herdeira e o viúvo Where stories live. Discover now