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– Tudo bem – Ela fala relutante, nitidamente usando toda a sua força de vontade e olhando no fundo dos meus olhos. – Vamos ser amigas.

Meu corpo inteiro congela. Olho para Lena como se tivesse acabado de ver um fantasma, sem conseguir acreditar no que está acontecendo. Eu não posso ter escutado isso certo. Com certeza estou alucinando.

– O quê? – Pergunto automaticamente.

Lena solta uma risada pequena, satisfeito com a minha reação. Eu engulo em seco, ainda em choque, e seus olhos pousam em meus lábios por um longo segundo. Tenho a sensação de que o tempo parou e todo o ar do quarto foi completamente sugado.

E, finalmente, ela se afasta.

– Amigas – Lena repete com um sorriso de canto no rosto, saboreando a palavra. Mesmo tentando esconder, eu consigo ver muito bem o brilho de transtorno em seus olhos, como se também não conseguisse acreditar no que acabou de fazer. – Sabe? Você também vai precisar abaixar toda e qualquer barreira para mim, contar todas as coisas que você não conta para mais ninguém e blá, blá, blá.

Certo, eu definitivamente acabei de dar a minha própria sentença de morte. Não achei que ela fosse aceitar, então não pensei na parte da reciprocidade. E Lena acabou de me jogar de cabeça na armadilha que eu mesma criei.

– Você está brincando? – Eu pergunto imóvel, ainda tentando processar a situação.

– Eu pareço estar brincando? – Lena arqueia as sobrancelhas, colocando uma expressão cínica no rosto. – Você gostando ou não, agora nós somos amigos.

Balanço a cabeça para os lados, tentando clarear meus pensamentos.

– Eu não consigo entender você – Falo olhando-a. – Por que está fazendo isso comigo? Parece que foi ontem que você jogou a Nia no lago, me xingou e me humilhou na frente de todo mundo – Lena cerra o maxilar e seu corpo inteiro fica rígido. – E agora você quer sejamos amigas? Como se essas coisas nunca tivessem acontecido?

– Eu já pedi desculpas pelas coisas que eu fiz – Ela diz, fechando sua expressão. – E pensei que você não ligava mais para "porra nenhuma disso".

Eu respiro fundo. Não tenho mais nenhuma ideia do que estou fazendo.

– Eu não deveria ter feito aquilo – Declaro. – E pedir desculpas e me dar um vestido bonito não é o suficiente. Eu só quero poder dançar, me formar em Titanos e depois sair pelo mundo. Eu nunca quis que as coisas fossem mais complicadas do que isso.

Lena me encara e analisa meu rosto seriamente, processando o que eu disse e pensando no que dizer a seguir.

– Certo – Fala ela depois de alguns longos segundos, se levantando e saindo da cama. De pé, Lena se coloca na minha frente e cruza os braços, determinado. – Então é isso que eu vou fazer: vou garantir que você não tenha que se preocupar com mais nada além de dançar.

Eu tendo a cabeça para o lado, confusa. E então, Lena coloca os dois braços definidos na cama e se inclina na minha direção, quase em cima de mim de tão próximas que estamos.

Sinto a sua respiração quente e seu olhar intenso arder sobre mim, levemente iluminado pelos feixes de luz azul escuros da lua que brilham sobre nós.

– Mas vamos ser amigas – Lena preenche o silêncio, sem desviar os olhos de mim. – Dois meses. Até o Titans Dance nós seremos amigas e depois você decide o que achar melhor. Eu não podia tentar novamente? Então vamos fazer isso.

Tranco a respiração, sentindo meu coração pulsar rapidamente.

– A segunda chance que eu dei para você não durou nem cinco minutos da última vez – Provoco, sem conseguir me segurar.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora