Transfóbico

7 3 0
                                    

    Após saírem da quadra, Alan e Lucas se dirigem à cantina que é composta apenas por uma cozinha que abriga facilmente as 4 cozinheiras que trabalham ali. Ela tem uma abertura retangular horizontal tipo aquelas que você provavelmente já viu na escola, lá dentro tem uma cozinheira de camiseta laranja e cabelo caído nos ombros, ela está com uma concha na mão pedindo para os alunos se aproximarem para pegar a comida.

    – Você me viu correndo? – Lucas diz para Alan que está à sua esquerda.
    – Vi sim, claro – Alan responde. – Você foi bem.

    – E aí, me fala, ficou apaixonado? – Alan é pego de surpresa com a pergunta repentina de seu crush dos sonhos. Às vezes Lucas brinca com Alan desse jeito para o provocar.

    Lucas sabe que Alan é gay, mas nunca deu importância a isso porquê achou que nunca interferiria na amizade que os dois têm. O que é o aconteceu, embora Alan não gosta nem um pouco do fato de se apaixonar por aquele que conviveu com ele quase o mesmo tanto que os seus próprios pais, eu diria que até mais.

    – Não seja besta – Alan disfarça olhando para o lado oposto ao de Lucas, claramente querendo dizer "BRO, EU SOU APAIXONADO POR VOCÊ DESDE A ÉPOCA QUE TU NEM SABIA FALAR SR. ATLETA QUE ATÉ SUADO CONSEGUE SER ATRAENTE AO MÁXIMO!"

    Lucas dá risada, Alan se pergunta como ele consegue ser perfeito em absolutamente TUDO. Mas a risada é interrompida por um grito que com certeza algum alienígena em Saturno conseguiu ouvir e está se perguntando se é sua barriga roncando.

    – Ué, que gritaria toda foi essa? – Lucas se questiona embora já tenha uma ideia de quem seja.

    – Sério que você ainda tem dúvida? – Alan responde a pergunta de Lucas, tendo a mesma pessoa responsável pela gritaria em mente. Aparentemente, aquela teoria que pessoas que se conviveram por muito tempo têm a mente conectada é verídica.

    Eles olham no corredor e, sem nenhuma surpresa, encontram aquele que ama confusões, é um péssimo conselheiro amoroso, mas é um ótimo amigo: Paulo, um garoto de pele um pouco mais escura que Alan e Lucas, mas que não chega a ser marrom ou preta. É mais parecida com um bronzeado, embora seja natural. Ele também tem um cabelo amarelo cuidadosamente penteado e uma camiseta cinza claro escrito em letras coloridas "I ❤️ BE HAPPY!". As letras estão em sentido vertical.

    Paulo está segurando a gola de um garoto que está com uma expressão de alguém que está vendo a morte ou o Shrek de calcinha, ninguém sabe no que ele está pensando no momento. O garoto tem um cabelo longo cinza quente, mas que não chega a passar dos ombros. Ele também está usando uma camiseta amarela com um símbolo de fogo estampado, segurando os pulsos de Paulo para que não o enforque.

    Lucas e Alan estavam certos, se tem uma gritaria extremamente alta na escola, com certeza é o Paulo. A ironia deles é que também gritaram extremamente alto ao chamarem pelo garoto loiro.

    – VOCÊS VOLTARAM!! – Paulo solta o garoto e corre em direção a seus amigos. acho que não preciso mais comentar que Paulo ama gritar pela escola sem se importar com ninguém.

    Paulo os abraça e quase os esmaga pelo fato de lutar artes marciais.

    – O-Olá Paulo – Lucas diz forçando um sorriso.

    – Todo dia isso :-\ – Alan não fala isso por não gostar de contato físico, ele fala por experiência própria. Toda vez que eles se encontram com Paulo, ele os recebe da mesma forma: Um abraço tão forte que se um dia um dos dois estiverem com dor nas costas, esse vai pro hospital por fratura óssea na coluna.

    – Que bagunça é essa aqui? – Alan questiona Paulo, se referindo a gritaria de mais cedo.

    – Vou contar a vocês... – Paulo diz, respirando fundo pra não perder a cabeça ao se lembrar do motivo da briga.

    O que Paulo diz a Alan e Lucas é o seguinte: Na escola existe uma garota trans ruiva, ela está usando uma camiseta magenta com o símbolo trans estampado. Ela estava sendo cercada por dois garotos, cujo um deles era Eduardo, o tal garoto que Paulo estava discutindo uns 5 minutos depois dessa cena.

    – O quê que tá pegando aqui? – Paulo diz ao chegar e presenciar a cena, a garota trans abre um sorriso ao saber que foi salva do pior - Eduardo, pode me explicar?

    – É simples Paulo – Eduardo diz com uma certa confiança e uma voz que parece que está tirando sarro (ele está) – Esse garoto aqui diz ser trans. Olha que besteira há há!

    Nesse momento, Paulo sente um ódio dentro de si. Ele fica extremamente irritado quando alguém é "fóbico" a qualquer coisa: Homofóbico, Xenofóbico, Transfóbico ou qualquer outro tipo de discriminação que exista.

    Paulo caminha lentamente até Eduardo, fazendo-o encostar na parede. Paulo pode ver que Eduardo está com uma expressão assustada, ele não sabe dizer se é por causa de seus 5 centímetros mais alto ou se é porquê Paulo realmente passa uma vibe assustadora por ser o N° 1 no curso de luta que frequenta toda semana e que dura 6 horas (É pago, mas ele não se importa com isso por viver numa situação até bem acima da média).

    – Escuta aqui, seu idiota – Paulo diz encarando o transfóbico. – Besteira mesmo é você caçoar de uma pessoa apenas por ela ser quem ela é. Você por acaso morre por apenas viver essa sua vidinha estúpida?

    – Resumindo, foi isso – Paulo encerra a história com uma expressão séria.

    – Eu não tenho vergonha de admitir – Eduardo diz ajeitando a gola vermelha – Essas pessoas têm mais é que morrer mesmo, não sabem se contentar com o gênero que nascem.

    Eduardo nunca foi de gostar de pessoas da comunidade LGBTQIAP+, ele sempre achou que elas fossem indecisas ou rebeldes por não quererem seguir o padrão da sociedade.

    – Ora seu... – Mais uma vez Paulo começa a sentir um calor subir até sua cabeça, Alan e Lucas conseguem reparar uma veia saltada perto do maxilar dele. Os dentes cerrados, o punho fechado pronto pra meter um soco bem forte no rosto daquele cabelo de bombril, apelido que Eduardo recebeu há alguns anos quando entrou na escola.

    – CALA ESSA MALDITA BOCA!! – Paulo de repente perde o controle de seu corpo, seu coração está queimando de ódio pela discriminação elevada de Eduardo. Paulo está com o punho fechado, ele levanta o braço e se prepara para fazer aquilo que ele queria há 8 minutos atrás...

You're My Light (Versão Escrita)Where stories live. Discover now