Capítulo Seis

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"Aos domingos, não pense demais."
junie berry;


Estar solteira, para mim, está sendo revigorante

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Estar solteira, para mim, está sendo revigorante.

Os domingos, antes, significavam procurar algum contato para passar a noite e aliviar a carência que sentia. Ainda sinto carência atualmente, mas estou tratando com a minha terapeuta e estamos fazendo progresso, eu diria. 

Agora meus domingos se resumem em cuidados com a pele e comigo mesma. Costumo não pensar no trabalho nesses dias, desligo o telefone e foco apenas em mim. É revigorante se formos pensar que, no geral, quase não tenho tempo para fazer coisas como essa. 

Parei de pensar nos caras por um tempo. Tenho estado bem com o fato de que sou descomprometida, livre, sem quaisquer preocupações. Comecei a investir nas minhas relações sociais, conhecer mais pessoas, sair com os amigos, aproveitar o que a vida de solteira tem a me oferecer. E confesso, adoro isso.

Hoje, o dia está mais úmido do que o comum. Não chega a estar frio, mas também não está calor; é difícil de explicar. 

Frankie e mamãe se juntaram a mim no quesito de cuidados. Eles fizeram máscaras faciais comigo e passamos em nossas peles com uma música baixinha tocando no fundo. Depois, deitei no sofá, ela foi para a cozinha e ele para um dos quartos de hóspedes, eu acho. 

Leio o livro 'O Mágico de Oz' enquanto tomo o chá de frutas frescas - sim, S/N me passou a receita. Nunca fui tão agradecida em toda a vida. 

"Quanto tempo devemos ficar com essa máscara no rosto?" Minha mãe retira-me dos meus devaneios e ouvi uma das bocas do fogão serem ligadas. 

"Vinte minutos." Respondo, virando a página do livro. 

"Não gosto do jeito que essa coisa faz minha face se sentir. Mal consigo mexer a boca sem sentir incômodo." Solto uma risada baixa com sua sentença. 

"Onde está Frankie?" Remexo o quadril no sofá e estico as pernas de uma maneira melhor, que faz meus ombros relaxarem. "Espero que ele não esteja sujando a fronha do meu travesseiro com essa máscara."

"Tenho certeza que ele não irá." Ri enquanto balança a cabeça. "Deve estar falando com o ficante dele, que mais parece namorado, para ser honesta. Estou contando os dias para seu irmão nos apresentar a ele." 

"Frankie tem um ficante?!" Fico boquiaberta e ergo a cabeça um pouco, para olhar diretamente para minha mãe, que concordou com um som nasal. "Ele nem me contou." 

"Você estava ocupada e ele não queria te atrapalhar, deve ser por isso, filha. Na verdade, nem sua avó sabe, ele pediu para guardar segredo, mas..." 

"Você não sabe guardar segredos." Completo com um sorrisinho debochado no canto dos lábios. "Eu sei, mãe." 

"Sabem que posso ouvir tudo, não é?" Arregalamos os olhos ao ouvir a voz do meu irmão mais velho. Lá estava ele, parado na entrada do corredor, de braços cruzados, enquanto Strauss passava pelo meio de suas pernas. 

"Pensei que estivesse no quarto..."

"É, você pensou, cotoquinha." Lhe mando o dedo do meio. "Vocês são fofoqueiras pra caralho. Eu deveria espalhar aquele seu segredo também, Ariana."

"Eu nem fiz nada!" Tento intervir, mexendo as sobrancelhas e sentando-me completamente no sofá. Mamãe analisa nós dois rapidamente, colocando as cebolas cortadas dentro da panela, fazendo um baita barulho. 

"Claro que não, só fofocando sobre mim." Vira-se para nossa mãe. "Sabe, mãe, lembra-se quando Ari deu o primeiro beijo, aos treze anos, e você ficou pistola por ciúmes e a colocou de castigo porque o menino era o nosso vizinho problemático?" Ela assente. "Pois bem, uma vez, ela me pediu para encobri-la enquanto o visitava às escondidas. Ela foi, toda contente, e deu um beijão naquele seboso. Eu vi tudo." 

"Oh, meu Deus! Frankie!" Ele ri maleficamente. Idiota. Observo mamãe, que está de boca entreaberta, encarar-me com uma expressão chocada. 

"Se eu não estivesse tão ocupada com o almoço, te bateria agora mesmo, mocinha!" Aponta o dedo indicador para mim. Engulo em seco. "Você sabia que eu não gostava daquele moleque e ainda foi vê-lo para beijá-lo! Pior ainda, nas minhas costas!" 

"Nós tínhamos um acordo, seu Judas desgraçado." Rosno para meu irmão, que apenas deu de ombros. 

"Mas você o quebrou a partir do momento que contou a mamãe sobre aquele dia." Referia-se ao 'cabeça de cu', de antes. "Na minha opinião, é carma." 

"Estamos desviando o ponto-chave da conversa!" Deixo o livro sob o colo. 

"E qual é o 'ponto-chave'?" 

"Que você tem um ficante e nem me contou! Como ele é? É bonito, é feio, é mediano? Tem barba? Tem boa pinta? Vocês já tiveram o primeiro encontro? Vo..." 

"Se você me perguntar mais alguma coisa, não vou responder porra nenhuma." Disse ele, encostando na parede. "Sim, ele é bonito. Sim, ele tem boa pinta. Sim, já tivemos o primeiro encontro e estamos... Nos resolvendo, eu diria." 

"O que quer dizer?" Franzo as sobrancelhas. 

"Quero dizer que estamos conversando sobre o que queremos ser, maninha." Seu tom é como se ele estivesse falando algo óbvio. "Ele é bonito, fofo e legal, é tudo o que eu poderia desejar, mas primeiro precisamos saber se estamos na mesma página na questão de relacionamentos. Isto é, se eu e ele queremos realmente ter um namoro agora, ou precisamos esperar mais um pouco. Entende?"

"Ah." Olho para o nada por um momento. "Meio complicado, não acha?"

"Não quando você realmente gosta de alguém."

Antes de eu abrir a boca, nossa mãe interrompe. "Muito legal essa conversa aí, agora quero saber quem vai lavar essa louça e me ajudar a cozinhar."

"Ariana." Frankie aponta para mim e faço careta, como se estivesse escrito na minha testa 'por que eu?'. "Você é dona da casa, então é seu dever ajudar na limpeza. Sou apenas um mero visitante. Se me derem licença, eu já vou indo." 

E ele foi embora. 

In the moment - Ariana/YouWhere stories live. Discover now