Capítulo Seis

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Apesar do que Ava vivia repetindo, eu não me considerava uma pessoa lenta, contudo, naquele momento, estava tendo muita dificuldade em compreender o que Knight dizia.

- Deixa eu ver se entendi direito - falei devagar. - Você quer que eu seja sua secretária?

- Ah, pelo amor de Deus! - bufou. - Você prestou atenção em alguma coisa que eu disse?

- Prestei atenção em tudo - rebati, indignada. - Só não estou entendendo. Você é confuso pra caramba!

Sendo bem honesta, não poderia culpá-lo inteiramente por aquela desordem em que estava. Minha mente só estava parcialmente concentrada no sentido de suas palavras, a outra parte do meu cérebro estava ocupada demais concentrada no fato de que ele estava falando - isto é, estava falando comigo. Havia visto Knight falando mais naqueles poucos minutos do que durante todos os dias desde que nos conhecemos. E como aquela voz era gostosa.

Era rouca, como se ele não a usasse muito, e continha um tom de comando que não era forçado, mas sim quase inconsciente. Ele falava de maneira firme e segura e obviamente esperava ser ouvido e obedecido todas as vezes. Aquela era uma óbvia característica de alguém que passava muito tempo mandando em outras pessoas.

Passei a língua devagar por meus lábios ressecados.

Podia imaginá-lo dando ordens a um bando de pessoas indisciplinadas e todos correndo para obedecê-lo sem hesitar. Acima de tudo, entretanto, podia imaginá-lo me dando algumas ordens.

"Para a cama, Ravenna Reid" ou "Abra as pernas, Rave".

Não, não. Rave má, Rave má!

Sacudi a cabeça.

Era justificável o mau-humor de Knight por minha falta de atenção. Afinal, enquanto ele se concentrava em me explicar as coisas, eu me concentrava em imaginar aquelas mãos grandes e másculas me apalpando. Passando por meus seios, os quais provavelmente não as preencheriam por completo, mas que com certeza sentiriam incríveis.

A maciez contra aquela aspereza gostosa que os calos podiam trazer. Com um olhar rápido pude perceber que DukeKnight tinha a mão calejada - e não por ficar pegando pesos o dia inteiro na academia, como o idiota do meu ex fazia.

Tinha certeza que ele aqueles polegares deslizaria de maneira delici-

- Ravenna Reid! - exclamou, batendo seu copo de whisky sobre o tampo da ilha de sua cozinha. - Se você não vai prestar atenção no que eu digo, então pode ir embora. Francamente. Que grande perda de tempo - resmungou.

Ok. Ok. Talvez eu não estivesse tendo uma disciplina japonesa no quesito concentração, mas quem poderia me culpar? Afinal, aquela não era a reviravolta que pretendia quando resolvi pagar o favor que devia a Knight ou quando aceitei acompanhá-lo para dentro de casa a fim de ouvir sua "proposta". Para ganhar um pouco mais de tempo e de controle para realmente prestar atenção no que ele dizia, resolvi bebericar um pouco da cerveja que ele havia colocado na minha frente.

- Certo - murmurei finalmente. - Calma. Calma - levantei as mãos. - Você quer que seja sua secretária particular fora da empresa em que você agora trabalha?

Ele olhou para o teto por um momento, provavelmente se refreando para não me amaldiçoar. Essa hesitação me mostrava que Knight estava realmente desesperado para encontrar alguém que fizesse seja lá o que for que ele precisava que eu fizesse.

- Pelo décima vez, eu não preciso de uma secretária particular. Não quero que você me traga cafés, não preciso que organize minha agenda e atenda o telefone. Já tenho uma pessoa que faça isso e ela é bem mais eficiente em entender as coisas do que você. Não fica repetindo idiotamente o que eu já disse.

BlackbirdWhere stories live. Discover now