Prólogo: Dor e Perda

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O corpo gordo é apenas um corpo, 
quem está nele merece respeito e
respeitá-lo é sua obrigação.

Puxo um pouco a minha blusa para afastá-la da minha barriga avantajada, pois estou muito nervoso

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Puxo um pouco a minha blusa para afastá-la da minha barriga avantajada, pois estou muito nervoso. Corro em direção ao escritório, depois que fui chamado aqui pelo nosso governante Parker, a mando da minha mãe, meus 1,58m e minhas pernas curtas e grossas não ajudam muito em chegar rápido para o advogado da família ler o testamento do meu pai. A dois dias ele morreu e minha mãe já quer a leitura para poder saber o que fazer com a herança da família.

Meu pai chamava-se Walter Luxor, era um alfa com corpo forte e alto de 1,82m, muito carinhoso e trabalhador, de cabelos pretos e olhos verdes em que todos me lembravam como parecia com ele. Desde criança sempre brincava com o papai de desenhar calçados, era nosso momento de alegria. Por ele ser dono das empresas Luxor de calçados, a uns dez anos comecei a acompanhá-lo na criação das coleções, meu pai sempre foi muito habilidoso e depois de mostrar alguns desenhos meu a ele, fui me inserindo mais e mais. Ele sempre dizia que eu tinha dom pra isso, afinal meu primeiro calçado eu desenhei aos seis anos e fui melhorando com o tempo.

Ele e minha mãe tiveram 2 filhos, meu irmão Carlton, que é um alfa de 30 anos, ele tem 1,80m, os cabelos castanhos de nossa mãe e os olhos verdes do nosso pai e uma pele bronzeada. Carlton está de casamento marcado com uma beta filha de um dos acionistas da empresa, ele é o filho mais velho, sempre foi um irmão amoroso e nunca deixou de cuidar de mim, saiu de casa quando foi para a faculdade e depois dela resolveu morar só, assumiu a administração da empresa com papai e tem o dom pra isso. Ele e minha mãe sempre brigavam quando ela falava algo comigo, o que ela fazia todo dia praticamente, principalmente quando papai não estava por perto.

Já eu tenho 26 anos, sou um ômega puro solteiro e provavelmente vou ficar assim por muito tempo, afinal sou um "Ômega gordo e desajeitado" como minha mãe sempre fez questão de falar. Sou formado em moda, pois amo criar calçados e acessórios, cabelos pretos, olhos verdes e pele branca demais, todos dizem que sou uma cópia do meu pai. Trabalho efetivamente na empresa desde que me formei a 3 anos, na parte de criação, com o tempo eu comecei a não ligar tanto para o que minha mãe fala sobre meu corpo, afinal meu pai e meu irmão sempre brigaram por isso e ela nunca mudou, antes eu chorava, me trancava no quarto, fazia os regimes mirabolantes que ela inventava, mas nada ajudava na perda de peso, eu amo comer e resolvi me aceitar como sou, mesmo que as palavras dela doam demais, não custava nada ela me amar assim.

Minha mãe se chama Evangeline é uma ômega pura e temos a mesma altura, cabelos e olhos castanhos, rosto com algumas plásticas que ela faz questão de negar, apesar do nariz dela não ser o mesmo de 5 meses atrás e corpo bem esbelto que ela faz questão de manter com muito exercício e dietas mirabolantes e suas plásticas, uma pena que em mim essas dietas nunca fazia efeito, eu sempre ficava muito mau e quando meu pai sabia o motivo eles brigavam, eu deixava de fazer a dieta da vez, um tempo depois ela inventava outra dieta e lá ía eu sofrer tudo de novo. Ela nunca mudou, sempre dizia que para nós ômegas o que restava era a aparência e nem isso eu tinha.

Deixo os pensamentos de lado, paro em frente à porta, respiro fundo pois tive que vir correndo até aqui, tenho certeza que estou com as bochechas vermelhas pelo esforço e já prevendo o que me espera abro a porta. Vejo minha mãe sentada na cadeira de meu pai em frente a mesa do escritório com a postura impecável, nenhum traço de tristeza, rosto bem maquiado, afinal se ela não chorou no enterro do marido por que iria chorar depois?

Meu irmão se encontra no sofá ao lado, seu rosto está um pouco abatido, seu corpo forte e grande parece pequeno pois seus ombros estão curvados para baixo, seus olhos estão um pouco vermelhos pois deve ter chorado, éramos muito apegados ao papai e eu entendo como está doendo. Nosso advogado na cadeira está em frente a mesa que minha mãe está sentada, todos olham pra mim e entro, vou em direção a Carlton e sento ao lado dele, seguro sua mão e ele me dá um beijo na bochecha, olho em seus olhos e tento passar um pouco de conforto.

— Como você está Carl e onde está Amélia?

Senhor Monterey o advogado da família é um beta, ele olha para mim, depois para minha mãe e parece um pouco apreensivo em me ver, ele já deve saber o conteúdo do testamento e deve estar nervoso, meu pai morreu de um ataque fulminante, o testamento foi algo que ele já tinha feito a uns 4 anos quando descobriu problemas no coração.

Antes de Carl me responder escuto a voz da minha mãe

— Pensava que nunca ia chegar, dava para ouvir seus passos daqui, nem a morte do seu pai ajuda a você perder peso Weyne?

Minha mãe pergunta com uma raiva contida para mim.

Suspirei fundo, os olhos cheios de lágrimas, afinal ainda estava sensível pela morte do meu pai e minha mãe não conseguia segurar a língua nem nesses momentos, sempre tentei entender essa raiva que minha mãe sentia por mim, passei esses dias chorando e só levantei agora por causa desse testamento que ela queria que fosse logo lido.

Carlton olha com raiva para nossa mãe e me abraça forte.

— Mãe, vamos respeitar o papai e deixe o Weyne em paz pelo menos hoje, já não basta como estamos?

— Tudo que eu faço é para o melhor de vocês e vocês nunca reconhecem, se seu irmão sempre faz questão de parecer um elefante desajeitado é meu direito de mãe ajudá-lo.

— Colocá-lo sempre para baixo não é ajudá-lo, Weyne é maravilhoso do jeito que é, ele é lindo, amoroso, um filho exemplar, trabalha na empresa pois é talentoso demais, mas nada disso é suficiente para a senhora pelo jeito.

— Tudo bem Carl, não se preocupe, estou bem. — Olho para nossa mãe — Desculpe a demora mamãe. — Falo tentando evitar mais discussões,

Carlton assim como papai sempre me defendia dessas coisas, agora com a morte do meu pai e Carlton morando em outra casa, não sei como será.

Senhor Monterey levanta e olha para mim com o rosto meio apreensivo, afinal ninguém deve achar normal tratar os filhos assim, somente minha mãe pelo jeito.

— Como todos chegaram, vamos a leitura do testamento.

Ele segura forte os papéis de encontro ao seu peito.

Devoção (Irmãos Newitt - Livro 1) (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora